Homem passa por reconstrução peniana após complicações de aplicações de PMMA para aumento peniano. Entenda os riscos e a recuperação do paciente.

Jorge precisou passar por duas cirurgias para reconstrução peniana após sofrer complicações graves causadas por procedimentos estéticos malsucedidos na região pélvica — complicações que, segundo ele, poderiam ter sido fatais.
“Por volta de 2005, fui influenciado por anúncios em jornais e revistas que prometiam o aumento peniano. Resolvi ir a São Paulo e me submeti a uma aplicação de PMMA em uma clínica bastante discreta. Nem sabia ao certo se o profissional que me atendeu era realmente médico”, conta ele, que pediu anonimato nesta reportagem, já que amigos e familiares mais próximos desconhecem essa parte de sua história.
O PMMA, ou polimetilmetacrilato, é um tipo de acrílico utilizado em alguns procedimentos de preenchimento. Trata-se de uma substância permanente no organismo, o que pode representar riscos quando mal aplicada.
Jorge relata que, inicialmente, ficou satisfeito com o resultado. Por isso, dez anos depois, decidiu repetir o procedimento. Dessa vez, buscou atendimento no Distrito Federal, onde reside, e realizou uma nova aplicação da substância no pênis.
“Três anos depois, em 2018, achei que precisava de mais uma aplicação. Foi quando procurei um urologista”, lembra.
Segundo Jorge, na terceira intervenção, foi atendido por dois médicos — e um deles sugeriu aplicar PMMA também na bolsa escrotal. O que mais o surpreendeu, no entanto, foi o comportamento desse profissional: para convencê-lo a realizar um procedimento mais amplo, o médico chegou a mostrar a própria região genital durante a consulta.
“Eu aceitei a sugestão. E foi aí que começou o meu grande drama”, lembra ele.
Cerca de dois anos depois dessa terceira intervenção, Jorge passou a sofrer com inflamações recorrentes na pelve. Nos momentos de crise, a bolsa escrotal dele chegava a dobrar de tamanho — o que gerava muito incômodo e dor.
“Os médicos precisavam fazer aplicações de corticoides [remédios anti-inflamatórios] direto na minha bolsa escrotal”, relata ele.
Depois de um tempo, começaram a surgir feridas.
“Era como se meu corpo quisesse expulsar aquele PMMA de algum jeito”, diz Jorge, que correu o risco de perder o órgão sexual, caso o problema continuasse a evoluir.
Para piorar, embora os remédios ajudassem a controlar a inflamação, os efeitos colaterais deles já preocupavam: os exames de sangue mostraram que os rins de Jorge demonstravam sinais de desgaste pela sobrecarga de trabalho.
Como o caso ficava cada vez mais grave, Jorge foi orientado a apelar para uma solução drástica: ele precisaria ser submetido a cirurgias, onde o PMMA seria removido e os trechos do pênis acometidos pelas feridas passariam por uma reconstrução.
O urologista Ubirajara Barroso Jr., professor da Universidade Federal da Bahia e especialista em casos do tipo, ficou responsável por conduzir os procedimentos.
O primeiro deles aconteceu no ano passado e focou apenas na remoção do acrílico acumulado na bolsa escrotal. A segunda operação ocorreu em abril de 2025 e Jorge ainda estava se recuperando quando conversou com a BBC News Brasil, exatamente um mês depois da cirurgia.
“Foi possível cicatrizar as feridas e remover boa parte do PMMA”, relata ele.
“Agora estou me sentindo bem e consegui recuperar parte da autoestima.”











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