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Empresário e político Tasso Jereissati é homenageado com o Troféu Sereia de Ouro 2025

Há serenidade nos passos de Tasso Jereissati. Um pisar firme, mas muito tranquilo. Aos 76 anos, diz que esta tem sido a dinâmica atual da rotina – motivo pelo qual está cada vez mais propenso a manter o estado de calmaria e sossego. “Desde muito novo, minha vida foi um agito sem parar – tanto na esfera privada quanto na pública. Posso dizer que esta é minha fase mais serena”, avalia, olhos em viagem pela lembrança.

Redação07:00 – 25 de Setembro de 2025

Há serenidade nos passos de Tasso Jereissati. Um pisar firme, mas muito tranquilo. Aos 76 anos, diz que esta tem sido a dinâmica atual da rotina – motivo pelo qual está cada vez mais propenso a manter o estado de calmaria e sossego. “Desde muito novo, minha vida foi um agito sem parar – tanto na esfera privada quanto na pública. Posso dizer que esta é minha fase mais serena”, avalia, olhos em viagem pela lembrança.

Se todo cearense conhece, por nome e atuação, a estrada de um dos maiores empresários e políticos do Brasil, é porque, de fato, as conquistas acumuladas por ele refletem um célebre trajeto de comprometimento, esforço e paixão construído por décadas.

Tasso assumiu três mandatos de governador do Ceará e foi eleito duas vezes senador. A título de comparação, ninguém soma tanto tempo em postos dessa magnitude na história do Estado.

A médica e pesquisadora Adriana Costa e Forti, a artista da tapeçaria Guiomar Marinho e o empresário Oto de Sá Cavalcante também recebem a comenda do Grupo Edson Queiroz (GEQ), na sexta-feira (26), no Ideal Clube

Percurso iniciado muito antes de qualquer atributo ou qualificação. Descendente de libaneses e nascido em Fortaleza no dia 15 de dezembro de 1948, Tasso Ribeiro Jereissati é filho do senador Carlos Jereissati e de Maria de Lourdes Ribeiro Jereissati.

Criança, acompanhou as intensas movimentações do pai – de quem depois, saberia, herdou o espírito político e de ressonância pública. A figura do patriarca também provocou um abalo logo cedo. Foi quando o perdeu, aos 14 anos de idade.

“Era uma das minhas referências”, recorda. De fato, Carlos Jereissati foi presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) – pelo qual se elegeu deputado federal em 1954, e depois senador em 1962 – e exerceu grande influência na vida política do Ceará. Após o falecimento dele, em 1963, o jovem Tasso foi orientado pela mãe a se dedicar às atividades na corporação da família. Nascia o tino para o empresariado.

Seguiu carreira em Administração de empresas, com graduação pela Fundação Getúlio Vargas. A veia política do pai aflorou na sequência, no fim da década de 1970, diante dos rumos impostos pela ditadura militar no Brasil. À época, ajudou na fundação e passou a integrar o Centro Industrial do Ceará (CIC) – organização que, pouco a pouco, se tornou um influente fórum de debates das questões econômicas, sociais e políticas da região e do País.


Legenda: Conquistas de Tasso Jereissati refletem trajeto de comprometimento e paixão construído por décadas
Foto: Thiago Gadelha

“Éramos muito críticos sobre o que estava acontecendo no Ceará. Promovíamos diálogos com diferentes pessoas para arejar nossa cabeça sobre a realidade daquele momento. Isso chamou a atenção da sociedade de uma maneira geral, e até fora do Estado, porque queriam saber que história era aquela”. Segundo ele, essa curiosidade devia-se ao fato de o CIC lutar pela abertura política, com participação ativa do movimento pelas eleições diretas.

Contudo, derrotado o movimento, Tasso assumiu a organização do primeiro comitê eleitoral de apoio à candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República. Era 1984. A crescente liderança do cearense nos meios empresariais o levou a ser convidado a compor organizações importantes: o Conselho da Fundação IBGE, o Conselho de Política Econômica e Social da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos.


Legenda: Tasso arrebatou multidões e fortaleceu a esperança do povo durante campanhas para Governador do Ceará
Foto: Arquivo/SVM

Dois detalhes a mais reforçaram o que viria depois: o enfrentamento de uma cirurgia cardíaca aos 35 anos após sofrer infarto e ter previsão de vida de mais seis meses – “depois que você faz e começa a se sentir melhor, tem a sensação de que venceu a morte; para ser um Super-Homem, é um passo”; e a percepção em si de um crescente inconformismo com as condições de miséria e atraso do Ceará, alinhado com os próprios anseios da população.

Em face de resoluções internas e da autoconsciência de que poderia encarar um passo de maior envergadura, o empresário resolveu abraçar o desafio de liderar um projeto de mudanças no Estado.

A presença de Tasso arrebatou multidões e fortaleceu a esperança do povo. Resultado: candidatou-se e foi eleito governador do Ceará em 1986. O pleito, histórico, derrotou oligarquias e cravou o começo de um memorável itinerário profissional.
O ‘galeguim dos zói azul’

Embora protagonista desse trajeto de construção paulatina, Tasso credita ao acaso o ingresso na política. “Não foi planejado. Eu não pensava em entrar para esse meio”. A própria campanha para governador foi cercada de surpresas. Quem, afinal, suspeitaria que um jovem candidato de 36 anos, desconhecido do meio político, mas conhecido no mundo empresarial, colocasse um ponto final no ciclo dos coronéis no Ceará?

Quem também imaginaria que o trecho de uma música de Genival Lacerda alavancasse não apenas o nome, mas um dos epítetos mais conhecidos de um político cearense até hoje, o “galeguim dos zói azul”?

“É um apelido que gosto muito, e até hoje ouço por onde ando – principalmente no interior, mas em Fortaleza também”Tasso Jereissati
Empresário e político


Legenda: Tasso Jereissati colocou ponto final no ciclo dos coronéis no Ceará a partir da eleição para Governador
Foto: Arquivo pessoal

“Engraçado porque, naquela época, contratamos compositores de jingles do Rio de Janeiro, de São Paulo… Mas não pegou. É um apelido, então, que veio do povo. A música estava na moda no interior e, quando eu ia pra lá, as pessoas diziam: ‘Olha o galeguim dos zói azul”. Foi pegando e se espalhou de uma maneira impressionante. Tanto é que os grandes jinglistas não conseguiram, mas algo muito forte nasceu assim, de forma espontânea”, lembra com humor.

Passado o período de conquista do eleitorado e já à frente do Governo, Tasso apostou em uma reforma geral, vencendo resistências de toda parte – sobretudo diante do assistencialismo e do clientelismo então reinantes. A intenção foi lançar bases para a consolidação de um projeto político realmente sólido e profissional. Nesse sentido, a implementação de um governo com assinatura própria levou em conta uma profunda reforma administrativa. Mas foi a questão humana que se sobressaiu.

“Entramos, na verdade, para marcar uma posição. O Ceará realmente estava numa fase muito ruim, tínhamos uma imagem de ‘terra dos três coronéis’, éramos motivo de gozação nacional. E estávamos falidos, sem nenhum crédito nos bancos, com greves, enfim, uma situação péssima. Era preciso ajeitar a casa”Tasso Jereissati
Empresário e político

A revolução na ótica de lidar com as questões do Estado – no intento de colocá-lo no mapa político do Brasil – angariou resultados surpreendentes. Entre eles, a atração de investimentos nacionais e estrangeiros, inclusive com o apoio de entidades internacionais de desenvolvimento. E, claro, aquele que considera o maior legado deixado em todas as gestões nas quais esteve à frente. Um feito distinto e sem precedentes.
Reduzir a mortalidade infantil, fazer o Ceará crescer

Tasso Jereissati não elege nenhuma obra física como a principal herança dele para o Estado. Mas, sim, a redução da mortalidade infantil em um instante no qual os índices do Ceará nessa seara eram comparados aos dos países mais pobres do mundo. “Era um dos indicadores que mais nos envergonhava. Uma mancha em nossa história e um peso na consciência de quem vivia e participava dessa sociedade”.

Sempre unido à qualificada equipe técnica – gosta de falar mais em “nós” do que em “eu” – criou, em 1987, o programa Agentes Comunitários de Saúde. Funcionava assim: mediante visitas, famílias eram ensinadas sobre a importância da amamentação, da higiene e da vacinação, fatores-chave para reduzir o óbito de crianças por doenças como pneumonia, diarreia, desnutrição, sarampo e outras enfermidades evitáveis.




Legenda: Da inauguração do açude Castanhão aos detalhes da campanha, governos de Tasso foram exitosos
Foto: Arquivo SVM/Arquivo pessoal

Somente a aplicação do soro caseiro salvou a vida de milhares de crianças. Os frutos do programa impressionam até hoje: se, no Ceará, a cada mil crianças nascidas vivas, 130 morriam antes de completar um ano, o número foi reduzido para 25 a cada mil nascidas vivas no Estado, segundo dados de 2002. Um marco. Em virtude de todo esse êxito, o Ceará recebeu, em 1991, o prêmio Maurice Pate, do Unicef.

A boa notícia é que, a partir desse capítulo, outros indicadores de qualidade de vida alavancaram estatísticas animadoras. Houve queda na taxa de analfabetismo, aumento na expectativa média de vida e a disseminação de serviços básicos e bens duráveis – a exemplo de energia elétrica, esgoto, água encanada e eletrodomésticos.


Legenda: Reconhecimento do Unicef foi um dos vários já recebidos por Tasso Jereissati
Foto: Arquivo/SVM

Não sem motivo, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou pesquisa comentada em todo o Brasil reconhecendo o Ceará como o Estado brasileiro que registrou o maior crescimento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no período de 1995 a 2002. Tudo devido à visão e ao árduo trabalho de Tasso Jereissati. “Eram as principais metas do Governo naquele momento”, situa o político.

Em um panorama geral, outras das mais relevantes contribuições de Tasso durante os três mandatos à frente do Governo do Estado promoveram e continuam a promover enorme impacto: açude Castanhão, novo aeroporto, Complexo Portuário do Pecém, modernização do estádio CastelãoCentro Dragão do Mar de Arte e Cultura, construção e recuperação de centenas de quilômetros em rodovias, além do início das obras do Metrofor.

Era o Ceará na rota dourada do cenário geopolítico e econômico do Brasil – feito que se refletiu no próprio orgulho de ser cearense.
Presença no Senado

A credibilidade de homem público frente ao Ceará norteou horizontes mais vastos. Foi quando, em 6 de outubro de 2002, com quase dois milhões de votos, Tasso Jereissati foi eleito pelo PSDB para uma vaga no Senado Federal. Na ocasião, assumiu a mesma cadeira ocupada pelo pai, Carlos Jereissati – honra incalculável. Esse primeiro mandato foi de 2003 a 2011. O segundo, iniciado em 2015, durou até 2022.

“Tal qual meu ingresso na política, isso também foi um acaso porque eu me identificava muito com as lideranças que tinham fundado o PSDB – Mário Covas, Franco Montoro, Fernando Henrique Cardoso, José Serra… Não tenho a menor dúvida de que eram os melhores nomes da política brasileira”, situa ao explicar o porquê do interesse pelo Senado e da filiação ao PSDB. Anos mais tarde, o próprio Tasso assumiria por duas vezes a presidência da legenda, sempre com positivo destaque e olhar empenhado no avanço.


Legenda: No Senado, Tasso Jereissati buscou garantir uma ação pública competente, atenta e efetiva
Foto: Marcos Oliveira/Arquivo SVM

Quanto à atuação parlamentar, buscou garantir uma ação pública competente, atenta e efetiva, fundamental para que as funções estatais de regulação e prestação de serviço se alinhassem com os objetivos da República. Hoje, quando avalia o que aprendeu tanto à frente do Governo do Ceará quanto no Senado, transparece dois saberes notáveis.

“No Governo do Ceará, foi não deixar de se indignar com a miséria, com a pobreza. Era o grande impulso de todos nós que estávamos trabalhando naquele momento. Já no Senado foi diferente. Eu sempre tinha sido, tanto nos negócios quanto nas três gestões como Governador, o chefe. Mas lá precisei cultivar a tolerância. Todos somos pares, precisei aprender a conviver e aceitar cada um deles”Tasso Jereissati
Empresário e político

Todo esse sólido panorama de trabalho converteu-se em inúmeros reconhecimentos. Entre as mais prestigiosas condecorações já recebidas por Tasso Jereissati estão Medalha da Ordem do Congresso Nacional, Medalha do Mérito Industrial pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará, Medalha da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho e Medalha da Ordem Nacional do Mérito da República da França.
Família, fé e altruísmo

Tantos acontecimentos teriam menor força e peso, não fosse a presença da família no caminhar de Tasso. É com Renata Queiroz Jereissati que o cearense mantém uma união de 51 anos, da qual quatro filhos e “oito netos e meio”, conforme brinca – em alusão ao bebê a caminho – são frutos queridos do amor. Os netinhos, por sinal, estão sempre presentes na fala do avô, bem como em porta-retratos repletos de aconchego.

“Meu lazer são meus netos. Adoro eles. E, quanto mais criança, melhor. Agora está chegando um novo, então já estou me preparando para me animar mais”, celebra. Nas palavras da esposa, alguns dos grandes ensinamentos repassados pelo marido à prole estão ligados a valores como justiça, igualdade e honestidade.




Legenda: A esposa Renata Queiroz Jereissati e os netos Gabriel, Carlos e Lara; ao lado, fragmentos de devoção
Foto: Thiago Gadelha/Jocilene J./Arquivo SVM

“Ele gosta de interagir com todos, cada um com uma personalidade diferente – não importa se um é mais calado ou outro gosta de outra coisa. É um momento de mais calmaria dele”, festeja Renata. “O maior exemplo que ele dá, tanto para filhos quanto para netos, é o grande amor pelo Ceará e o desejo de ser muito correto e justo”.

Conexão com o divino é outro atributo importante nessa jornada de saberes: Tasso é devoto de São Francisco de Assis. A herança espiritual do pai – “lembro de ele ir à missa todo domingo, onde debulhava o terço em pé” – fez com que percorresse a estrada até Canindé muito cedo, entoando músicas de Luiz Gonzaga. Foi como, já na gestão pública, criou políticas para sobreviventes da seca, além de consolidar a Praça do Romeiro, no município.

“A fé foi fundamental para a minha trajetória de vida e política. Todos os nossos comícios terminavam com a oração de São Francisco”Tasso Jereissati
Empresário e político

A entrega ao espiritual de forma tão profunda fez com que o trato humano se tornasse ainda mais altruísta. É o que sustentou a criação do Instituto Queiroz Jereissati, entidade sem fins lucrativos e apartidária cuja missão é contribuir para o desenvolvimento educacional, cultural, científico e social do Ceará.

Criado em 2005, o equipamento mantém duas ações principais: o Centro de Referência e da Memória da História Contemporânea do Ceará e o Projeto Caminhos. O primeiro identifica, coleta, trata, preserva e disponibiliza ao público documentos e registros gerados por personalidades que participaram da história contemporânea do Ceará, a partir de 1930.

O segundo cria oportunidades para talentos oriundos de famílias de baixa renda que demonstrem capacidade criativa e compromisso com a formação escolar, acompanhando-os nos três anos do Ensino Médio até o ingresso na universidade.
Sereia de Ouro

Ser agraciado com o Troféu Sereia de Ouro, sobretudo neste ano de 2025, ganha ainda maior importância diante do que Tasso Jereissati demarca como fato incontornável: é o ano em que também se celebra o centenário de nascimento de Edson Queiroz.

“Tive duas referências na vida: meu pai e Edson Queiroz. Sendo que, como meu pai morreu muito cedo, a convivência com meu sogro foi maior. Ele era uma luz, uma referência. Aprendi muito”, celebra.

Por sua vez, referencia a outorga criada por Edson e Yolanda Queiroz como uma das mais relevantes do Ceará. “É talvez o prêmio mais importante do Estado, motivo de orgulho para quem o recebe. E vou repetir: sendo no ano do centenário de nascimento de Edson Queiroz – praticamente o vi criar esse prêmio, quando fazia um coquetel nos fundos da televisão – me deixa muito feliz. Até emociona”.
A comenda

Criado em 1971 pelo chanceler Edson Queiroz e por dona Yolanda Queiroz, o Troféu Sereia de Ouro é uma das mais tradicionais comendas do Ceará. Procura homenagear personalidades que se destacaram em diferentes setores de atuação, contribuindo para o desenvolvimento do Estado.

É concedido bienalmente pelo Grupo Edson Queiroz, em solenidade realizada realizada na próxima sexta-feira (26), no Ideal Clube, com transmissão ao vivo pela TV Diário a partir das 20h.

A honraria já foi entregue a centenas de nomes, brilhantes em atividades públicas e privadas, e que seguem inspirando gerações.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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