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Mais da metade das cidades do Ceará têm situação fiscal crítica ou difícil; veja ranking

Cerca de 58% dos municípios cearenses analisados no Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) tiveram as gestões fiscais classificadas como insatisfatórias em 2024. 

Baixa autonomia e planejamento financeiro marcam cenário cearense, diz estudo

Escrito por
Letícia do Valeleticia.dovale@svm.com.br
23 de Outubro de 2025 – 06:00

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição com estátua de Maria e o Menino Jesus em Capistrano, no interior do Ceará, sob céu nublado.
Legenda: Capistrano é o município cearense com o pior índice de gestão fiscal.
Foto: Prefeitura de Capistrano

Cerca de 58% dos municípios cearenses analisados no Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) tiveram as gestões fiscais classificadas como insatisfatórias em 2024.

A pesquisa foi realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e busca analisar a situação das contas públicas municipais, mostrando como as prefeituras administram os recursos.

 

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No estudo, o valor do IFGF atribuído a cada cidade varia entre 0 e 1 e pode ser classificado da seguinte forma:

  • Crítico: resultados inferiores a 0,4 ponto;
  • Difícil: resultados entre 0,4 e 0,6 ponto;
  • Bom: resultados entre 0,6 e 0,8 ponto;
  • Excelente: resultados superiores a 0,8 ponto.

 

Assim, 104 das 181 cidades cearenses listadas na pesquisa apresentaram taxas de IFGF críticas ou difíceis.

 

Em comparação com o cenário brasileiro, a realidade do Ceará continua desfavorável. O IFGF médio do Estado alcançou 0,5491 ponto, 15,9% abaixo da média nacional (0,6531 pontos).

Para calcular o IFGF de cada cidade, o estudo levou em consideração quatro indicadores: autonomia, gastos com pessoal, liquidez e investimentos.

Os dados foram coletados com base em resultados fiscais oficiais, declarados pelas próprias prefeituras à Secretaria do Tesouro Nacional (STN).

As cidades de Graça, Meruoca e Penaforte não foram analisadas no estudo pois apresentaram informações inconsistentes ou indisponíveis.

Mesmo com esse panorama desvantajoso, 69 (38%) prefeituras terminaram o ano com boa situação fiscal, enquanto oito (4%) municípios apresentaram uma excelente gestão fiscal.

Apenas uma cidade atingiu nota máxima no índice: São Gonçalo do Amarante. 

As 10 cidades cearenses com as piores gestões fiscais segundo o IFGF 

Posição Cidade IFGF 
1 Capistrano 0,097
2 Tarrafas 0,1235
3 Poranga 0,1363
4 Iracema 0,1879
5 Carnaubal 0,217
6 Potengi 0,2334
7 Bela Cruz 0,2354
8 Campos Sales 0,2745
9 Barro 0,2844
10 Palhano 0,2878

Por que esse resultado?

A falta de uma gestão fiscal eficiente impossibilita a aplicação de recursos para o desenvolvimento econômico do município. Assim, além de dificultar o investimento em iniciativas como escolas e unidades de saúde, o cenário torna as cidades vulneráveis frente à eventualidades negativas, limitando os recursos para lidar com adversidades.

Segundo o professor de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), Rafael Barros Barbosa, essa realidade é comum no Nordeste.

O especialista explica que as baixas taxas no IFGF são resultado da dificuldade de arrecadação e alta dependência de recursos federais ou estaduais apresentados pelos municípios.

 

“Regiões que têm baixa atividade econômica, em geral tem uma atividade informal muito grande. E aí os mecanismos que fazem a economia funcionar não passam por canais legais que permitem a arrecadação dos municípios”
Rafael Barros Barbosa

Professor de Economia da UFC e pesquisador do FGV IBRE

 

Além disso, Rafael acredita que a elevada dependência de recursos transferidos externamente desestimula gestores a incrementarem a arrecadação municipal.

O combate desse contexto não é simples e passa pelo enfrentamento de elementos estruturais, alerta.

No entanto, o professor cita algumas estratégias que podem auxiliar as gestões municipais, como formalizar propriedades de imóveis para obter tributos via Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e incentivar a formalização profissional.

“Mas veja, o problema é de desenvolvimento econômico estrutural da própria região. Então teria que ter um avanço de longo prazo e mais persistente para que essa realidade conseguisse se modificar”, ressalta.

Fortaleza é somente a 17ª capital brasileira com melhor gestão fiscal

Paralelamente, Fortaleza apresentou uma boa gestão fiscal na pesquisa, registrando nota 0,7532 no IFGF.

 

Apesar disso, a cidade ficou somente na 17ª colocação no ranking das capitais brasileiras com melhores índices de gestão fiscal.

 

Na visão de Rafael, a Capital acabou na segunda metade da lista devido aos baixos índices nos critérios de gastos com pessoal e liquidez.

Nesse sentido, a melhor estratégia para o município avançar no ranking, na visão do especialista, seria diminuir os gastos da cidade.

“Fortaleza arrecada e tem uma boa autonomia. Se for possível controlar melhor os gastos, ela consegue manter um caixa melhor”, pondera.

IFGF – Ceará

 

181
cidades cearenses analisadas

 

 

34 (19%)
cidades cearenses classificadas como crítico

 

 

70 (39%)
cidades cearenses classificadas como difícil

 

 

69 (38%)
cidades cearenses classificadas bom

 

 

8 (4%)
cidades cearenses classificadas como excelente

 

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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