Veja quais são os critérios para obter boa nota em cada competência avaliada na prova.
Escrito por
Gabriela Custódiogabriela.custodio@svm.com.br
01 de Novembro de 2025 – 07:00
Legenda: Lançado no dia 10 de outubro, o aplicativo MEC Enem permite que os candidatos que estão se preparando para as provas testem seus conhecimentos, inclusive da redação.
Todos os anos, milhões de participantes se debruçam sobre temas de relevância social, cultural, científica ou política ao escrever a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em até 30 linhas, os candidatos devem defender um ponto de vista sobre o assunto proposto, construir uma argumentação consistente, manter a coesão e a coerência do texto e propor uma intervenção social para o problema.
Mas o que os corretores esperam dos participantes para avaliar se o texto está de acordo com essas exigências? Segundo a Cartilha do Participante, publicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Enem adota cinco competências que orientam a correção das redações e tornam o processo mais objetivo.
A redação de cada candidato é avaliada por pelo menos dois corretores, que atribuem de 0 a 200 pontos em cada uma das cinco competências, totalizando até mil pontos. A nota final corresponde à média das avaliações — e, caso haja grande diferença entre elas, novas etapas de análise são acionadas.
Para entender melhor como a redação é avaliada, o Diário do Nordeste explica, a seguir, os critérios para cada uma das cinco competências e o que é preciso fazer para conquistar uma boa nota.
Competência 1: Demonstrar domínio da norma-padrão da língua portuguesa
Nesta competência, o corretor avalia se o participante domina a modalidade escrita formal do português, incluindo ortografia, acentuação gráfica e regras gramaticais previstas no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Entre os desvios avaliados estão:
- Convenções da escrita: acentuação, ortografia, uso de hífen, emprego de letras maiúsculas e minúsculas e separação silábica;
- Gramaticais: regência verbal e nominal, concordância verbal e nominal, tempos e modos verbais, pontuação, paralelismos sintático, morfológico e semântico, emprego de pronomes e crase;
- Escolha de registro: evitar o uso de linguagem informal ou marcas de oralidade;
- Escolha vocabular: empregar vocabulário preciso, utilizando as palavras em seu sentido correto e adequado ao contexto.
Também é observada a estrutura sintática do texto, que pressupõe a existência de elementos oracionais organizados na frase, garantindo fluidez e períodos bem estruturados.
Para atingir a nota máxima, espera-se que os períodos sejam complexos, com orações subordinadas e intercaladas.
Textos com falhas sintáticas geralmente apresentam períodos truncados ou o uso inadequado de vírgulas no lugar de pontos finais, comprometendo a clareza da argumentação.
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Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento
Essa competência avalia se o participante compreende a proposta da redação e consegue desenvolver o tema em um texto dissertativo-argumentativo. O objetivo é que o autor assuma claramente um ponto de vista, indo além de uma simples exposição de ideias.
É preciso atenção ao recorte temático para não tangenciar o assunto principal ou desenvolver um tema diferente do proposto. Além disso, o texto deve apresentar repertório sociocultural — ou seja, informações, fatos, citações ou experiência relacionadas ao tema que contribuam como argumentos para a discussão.
Veja algumas recomendações para atender às expectativas em relação à competência 2:
- Leia com atenção a proposta e os textos motivadores para compreender o que foi solicitado;
- Reflita sobre o tema para definir seu ponto de vista e como defendê-lo;
- Não copie trechos dos textos motivadores, pois a recorrência de cópia pode levar à anulação da prova;
- Use os textos motivadores somente como referência e construa argumentos com informações que extrapolem a prova, aplicando repertório sociocultural;
- Articule as referências de forma que fique claro que eles ajudam a validar o ponto de vista, pois informações e citações soltas no texto perdem relevância;
- Não se afaste do tema, evitando fuga total ou ao tangenciamento da proposta — esse é um dos principais problemas identificados nas redações;
- Evite o chamado “repertório de bolso”, as referências prontas, genéricas ou pouco aprofundadas que não se conectam genuinamente ao tema.
Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos
Esta competência avalia a coerência e a estrutura lógica da argumentação do participante em defesa do ponto de vista escolhido. É preciso elaborar um texto que apresente, claramente, uma ideia a ser defendida e os argumentos que justifiquem a posição assumida em relação à temática da proposta de redação.
A inteligibilidade do texto depende, por exemplo, de uma boa seleção de argumentos, da relação de sentido entre as partes do texto; de um bom planejamento do texto, levando a uma progressão adequada ao desenvolvimento do tema; e do desenvolvimento adequado dos argumentos.
Veja algumas dicas para cumprir os requisitos da competência 3:
- Defina o ponto de vista que será defendido;
- Reúna todas as ideias que lhe ocorrerem sobre o tema e depois selecione as que forem pertinentes para a defesa do ponto de vista, organizando uma estrutura coerente para usá-las no desenvolvimento;
- Estabeleça uma ordem que possibilite que o leitor acompanhe o seu raciocínio;
- Examine com atenção a introdução e a conclusão, para garantir que a coerência foi mantida entre o início e o final da redação;
- Observe se os argumentos apresentados convergem para a defesa do ponto de vista e verifique se todos eles estão bem desenvolvidos e não deixam lacunas de sentido.
Legenda: A redação é avaliada por pelo menos dois corretores, que atribuem de 0 a 200 pontos em cada uma das cinco competências, totalizando até mil pontos.
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação
A competência 4 avalia o uso de mecanismos linguísticos que promovem o encadeamento textual, criando uma estrutura lógica e formal entre as partes da redação. O objetivo é garantir a sequenciação coerente das ideias e a interdependência entre os parágrafos, permitindo que o texto seja compreendido de forma clara e contínua.
Embora as competências 3 e 4 tratem da construção da argumentação, há uma diferença entre elas:
- A Competência 3 avalia a estrutura do texto, a inteligibilidade e a organização das ideias;
- A Competência 4 observa a coesão textual, avaliando as marcas linguísticas que ajudam o leitor a chegar à compreensão profunda do texto.
Veja algumas estratégias de coesão para construir o texto de forma coesa:
- Substitua termos ou expressões por pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos, ou por advérbios e artigos que indiquem localização ou retomem ideias já apresentadas;
- Troque palavras por sinônimos, hipônimos, hiperônimos ou expressões resumitivas para evitar repetições;
- Use conectivos (como “portanto”, “entretanto”, “além disso”, “por conseguinte”) para relacionar orações, períodos e parágrafos;
- Empregue a elipse ou a omissão de termos quando o contexto permitir que o leitor identifique facilmente o elemento ausente.
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Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos
O quinto aspecto avaliado no texto é a apresentação de uma proposta de intervenção para o problema abordado. É o momento para o participante demonstrar o seu preparo para exercitar a cidadania e atuar na realidade em consonância com os direitos humanos.
Essa proposta de intervenção precisa estar relacionada ao tema e ser coerente com ponto de vista desenvolvido e com os argumentos utilizados. Assim, é necessário que a intervenção apontada responda aos problemas abordados pelo autor, mostrando-se articulada ao seu projeto de texto.
Ao elaborar a proposta, procure responder às seguintes perguntas:
- O que é possível apresentar como solução para o problema?
- Que ação deve ser tomada para que a solução seja alcançada?
- Quem deve executá-la?
- Como viabilizar essa solução?
- Qual efeito ela pode alcançar?
- Que outra informação pode ser acrescentada para detalhar a proposta?
Lembre-se de que as redações que apresentarem propostas de intervenção que desrespeitem os direitos humanos serão penalizadas com nota zero nesta competência.
Na redação do Enem, são avaliadas como contrárias aos direitos humanos ideias como:
- Defesa de tortura, mutilação, execução sumária e qualquer forma de “justiça com as próprias mãos”;
- Incitação a qualquer tipo de violência motivada por questões de raça, etnia, gênero, credo, opinião política, condição física, origem geográfica ou socioeconômica;
- Explicitação de qualquer forma de discurso de ódio (voltado contra grupos sociais específicos).
Os avaliadores consideram os seguintes princípios norteadores dos direitos humanos, pautados no artigo 3.º da Resolução n.º 1 de 30 de maio de 2012, que estabelece as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos:
- Dignidade humana;
- Igualdade de direitos;
- Reconhecimento e valorização das diferenças e diversidades;
- laicidade do Estado;
- Democracia na educação;
- Transversalidade, vivência e globalidade;
- Sustentabilidade socioambiental.
Treine a redação com o aplicativo MEC Enem
Lançado pelo Ministério da Educação (MEC) no dia 10 de outubro, o aplicativo MEC Enem — o Simuladão do Enem permite que os candidatos que estão se preparando para as provas testem seus conhecimentos, inclusive da redação.
A ferramenta permite que o usuário encontre temas baseados em provas antigas, escreva a redação a próprio punho e envie o texto para correção. O aplicativo conta com uma ferramenta que transcreve automaticamente a redação e permite que o usuário faça as edições que achar necessárias.
Em seguida, a inteligência artificial do MEC Enem corrige a redação e devolve um gabarito com sugestões de melhoria. Ela também fornece uma pontuação estimada para a prova.
O MEC Enem está disponível na Apple Store e na Google Play, mas também pode ser acessado via navegador, por meio do endereço app.mecenem.mec.gov.br.











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