Encontro de chefes de Estado antecede, pela 1ª vez, o início formal das tratativas e tenta dar o “termo de referência” político para os negociadores.

A Cúpula dos Líderes da COP30 começa oficialmente nesta quinta-feira (6), em Belém (PA), reunindo mais de 50 chefes de Estado e de governo. O encontro marca a abertura política da Conferência do Clima da ONU, cujas negociações formais ocorrerão entre 10 e 21 de novembro.
Pela primeira vez, os líderes mundiais se encontram antes do início da COP para definir o tom e as prioridades das discussões que irão dominar as duas semanas seguintes. Organizado pela Presidência brasileira, o evento reúne governantes, vice-presidentes e ministros de cerca de 140 países.
De acordo com o Itamaraty, a cúpula tem o objetivo de oferecer “direção política” às negociações, sem caráter deliberativo. Nem todos os países, porém, serão representados por seus chefes de Estado. Os Estados Unidos, por exemplo, não enviaram representantes de alto escalão, e Donald Trump não participará.
Após diversas reuniões bilaterais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará a abertura oficial da Cúpula. Ele também deve aproveitar o evento para lançar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund – TFFF) e defender compromissos internacionais voltados à erradicação da fome, redução da pobreza e ampliação do uso de biocombustíveis.

Brasil anuncia 143 delegações na Cúpula dos Líderes da COP30 • Marco Santos / Ag. Pará
O que é e como vai funcionar?
A Cúpula foi convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e organizada pela Presidência brasileira da COP30.
Em dois dias, haverá pronunciamentos na plenária e três mesas de alto nível.
Na primeira sessão, dedicada a florestas e oceanos, Lula deve apresentar oficialmente o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF):
- Estrutura: O TFFF adota um modelo de fundo de investimento com gestão de carteira de renda fixa voltado ao financiamento climático.
- Captação: Pretende mobilizar cerca de R$ 625 bilhões (US$ 125 bilhões) em recursos, combinando aportes de países e fundações com emissões de títulos no mercado financeiro.
- Alavancagem: A operação utiliza uma lógica de alavancagem financeira, multiplicando o capital inicial por meio da emissão de dívida de baixo risco.
- Aplicação: O dinheiro será aplicado em ativos globais de renda fixa, com foco em investimentos seguros e sustentáveis que gerem retorno acima do custo do fundo.
- Distribuição: A diferença entre o rendimento obtido e o valor pago aos investidores (spread) será usada para remunerar países que preservam florestas tropicais, proporcionalmente à área conservada.
- Critérios: Pagamento anual por hectare de floresta preservado; destinação mínima de 20% dos recursos a povos indígenas e comunidades locais; proibição de investimentos em combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás).
- Prioridade: Foco em países com grandes áreas tropicais, como Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo, além de outras nações em desenvolvimento com florestas úmidas.
Metas da transição energética e balanço do Acordo de Paris
A segunda sessão da COP30 focará na transição energética, discutindo metas como triplicar as energias renováveis até 2030, dobrar a eficiência energética e consolidar o Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis (Belém 4x), que busca quadruplicar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035. O grupo abrange tecnologias como hidrogênio verde, biogás, biocombustíveis e combustíveis sintéticos.
A terceira mesa fará um balanço dos 10 anos do Acordo de Paris, avaliando metas e futuras NDCs para 2035. Também discutirá o financiamento climático, com destaque para o Roteiro Baku–Belém, que prevê mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 para reconfigurar o sistema financeiro climático global.











Adcionar comentário