Sistema entra em vigor em 2026 e promete transformar a gestão dos clubes brasileiros com controles de dívidas, custos e equilíbrio operacional.

A CBF apresentou nesta quarta-feira, em São Paulo, o Sistema de Sustentabilidade Financeira do Futebol Brasileiro, mais conhecido como Fair Play Financeiro, que começará a valer para clubes das Séries A e B a partir de 1º de janeiro de 2026. O pacote estabelece regras rígidas de controle econômico com o objetivo de equilibrar as contas dos clubes e tornar o futebol nacional mais saudável e competitivo.
O modelo será monitorado pela recém-criada ANRESF (Agência Nacional de Regulação e Sustentabilidade do Futebol), que acompanhará indicadores com base em quatro pilares: dívidas em atraso, equilíbrio operacional, controle de custos de elenco e endividamento.
Dívidas em atraso e equilíbrio operacional
Um dos eixos centrais do sistema será o controle das dívidas em atraso. Os clubes serão monitorados três vezes por ano, 31 de março, 31 de julho e 30 de novembro, por meio de formulários de autodeclaração. Todas as transações envolvendo jogadores e contratos terão de ser registradas em um sistema próprio da CBF, passo obrigatório para publicação no BID.
Dívidas assumidas a partir de 2026 entram imediatamente nas regras. As antigas passam a ser reguladas após 30 de novembro de 2026.
Outra diretriz importante é o equilíbrio operacional. Os clubes terão de apresentar superávit, podendo cobrir eventuais déficits com aportes de capital. A partir do somatório dos três últimos exercícios, os limites serão:
- Série A: déficit máximo de R$ 30 milhões ou 2,5% da receita;
- Série B: déficit de até R$ 10 milhões ou 2,5% da receita.
As regras valerão plenamente a partir de 2028, mas 2026 e 2027 serão períodos de transição, com apenas advertências.
Limite de gastos com elenco e teto de endividamento
O Fair Play também definirá quanto cada clube pode gastar com seu elenco. A folha salarial, direitos de imagem, encargos e amortizações estarão limitados a 70% das receitas, somando também transferências e aportes. Esse teto será aplicado gradualmente:
- 2028: limite de 80% para as Séries A e B;
- 2029: 70% para a Série A e 80% para a Série B.
Já o endividamento de curto prazo terá de ser menor do que 45% das receitas relevantes até 2030. O percentual começa a ser aplicado progressivamente: 60% em 2028 e 50% em 2029.
Insolvência, balanços e multipropriedade
Casos de insolvência, como clubes em recuperação judicial, terão regras próprias. A folha salarial não poderá ser ampliada, e as despesas em janelas de transferência deverão ser iguais ou menores às receitas de vendas de jogadores.
Além disso, balanços financeiros auditados pela CVM deverão ser entregues até 30 de abril; o orçamento anual, até 15 de dezembro. Também haverá monitoramento simplificado para clubes da Série C e novas diretrizes para multipropriedade, proibindo controle de mais de um clube na mesma competição.
Punições: do transfer ban ao rebaixamento
O sistema prevê punições severas para quem descumprir as regras. Entre as sanções possíveis estão:
- Advertência pública
- Multa
- Retenção de receitas
- Transfer ban
- Dedução de pontos
- Rebaixamento
- Cassação de licença
Pessoas físicas, dirigentes, conselheiros, administradores também poderão ser punidas em casos de fraude ou omissão, incluindo suspensão, proibição de exercer cargos e até banimento do futebol.
Com o novo Fair Play Financeiro, a CBF promete implementar o sistema mais rígido de controle econômico da história do futebol brasileiro. A expectativa é de que, a partir de 2026, os clubes passem a operar com mais responsabilidade e previsibilidade, algo que torcedores e dirigentes cobram há décadas.











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