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Pessoas com HIV e aids terão atendimento grátis em policlínica na Grande Fortaleza

No Ceará, cerca de 1.500 pessoas infectadas com HIV (vírus da imunodeficiência humana), em média, são diagnosticadas todo ano, segundo o Ministério da Saúde. Para ampliar o atendimento, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) inaugurou, nesta sexta-feira (5), um novo Serviço de Atenção Especializada (SAE).

Novo serviço foi inaugurado nesta sexta-feira (5).

Imagem mostra fachada da Policlínica Regional Dr. José Correia Sales, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza.
Legenda: Policlínica terá serviço de atendimento especializado para pessoas que vivem com HIV/aids em dez cidades do Ceará.
Foto: Nícolas Paulino.

No Ceará, cerca de 1.500 pessoas infectadas com HIV (vírus da imunodeficiência humana), em média, são diagnosticadas todo ano, segundo o Ministério da Saúde. Para ampliar o atendimento, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) inaugurou, nesta sexta-feira (5), um novo Serviço de Atenção Especializada (SAE).

O SAE às Pessoas Vivendo com HIV e aids (síndrome da imunodeficiência adquirida), hepatites virais e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) funcionará na Policlínica Regional Dr. José Correia Sales, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza.

Nerilene Nery, diretora geral do equipamento, informa que o serviço atenderá inicialmente cerca de 80 pessoas por mês, todas encaminhadas pela atenção primária dos dez municípios que compõem a área descentralizada de saúde:

  • Caucaia;
  • São Gonçalo do Amarante;
  • Paracuru;
  • Paraipaba;
  • São Luís do Curu;
  • General Sampaio;
  • Pentecoste;
  • Apuiarés;
  • Itapajé;
  • Tejuçuoca.

O novo SAE deve suprir uma demanda histórica de pacientes de oito dessas cidades. “Temos a segunda área com maior população, e só tínhamos um SAE municipal pra Caucaia e outro pra SGA. E os outros oito municípios, os pacientes iam pra onde?”, pondera.

Nerilene destaca que o serviço “será multidisciplinar, desde o acolhimento pelo serviço social e por psicólogos, até o médico infectologista”. Os usuários também terão acesso à PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), à PEP (Profilaxia Pós-Exposição) e à entrega de medicação.

A escolha do local seguiu dados epidemiológicos que comprovam uma maior transmissão na região, segundo Tânia Mara Coelho, secretária de Saúde do Ceará. Ela avalia que a descentralização é importante para que o paciente “se sinta mais bem acolhido e tenha mais adesão ao tratamento”.

 

Temos trabalhado pra levar esse serviço ao paciente, pra que ele não tenha que se deslocar a Fortaleza para o tratamento, já que ele tem que fazer a medicação diariamente, pegar receitas, fazer exames”, destaca.

 

Vando Oliveira, presidente da Rede Nacional das Pessoas que vivem com HIV/aids no Ceará e membro do Conselho Estadual de Saúde (Cesau), frisa que “esse serviço pode e deve ser o primeiro de muitos em outras regiões”, uma vez que a demanda nos outros equipamentos “é alta”.

Lino Alexandre, superintendente da Região de Saúde de Fortaleza, endossa que o novo serviço é fundamental para “desafogar” a rede da capital e ampliar os cuidados à população que necessita de atenção especializada.

 

“Faz com que diminua o tempo de atendimento. Nos hospitais de Fortaleza, pela lotação, os pacientes passam mais de um mês (para ter atendimento)”, estima o gestor.

 

Identificar o HIV de forma precoce é necessário para permitir o início imediato do tratamento antirretroviral, suprimir a carga viral e reduzir a transmissão do vírus, mas “o tabu, o medo de saberem se são soropositivas e a sociedade que discrimina” afastam as pessoas dos serviços.

“Procuramos expandir em palestras educativas, em reuniões com os municípios, com conscientização”, garante Lino.

HIV e aids no Ceará

 

Imagem mostra caixas de testes rápidos para HIV empilhadas sobre uma mesa de um equipamento de saúde.
Legenda: Testes rápidos para detecção do HIV são essenciais para rastreio das infecções.
Foto: Nícolas Paulino.

 

O primeiro caso de aids no Ceará foi diagnosticado em 1983. De lá até aqui, já foram notificados 27.516 casos da síndrome em adultos e 473 em crianças. Além disso, de acordo com a Sesa, foram registrados 25.542 casos de infecção pelo HIV no Estado.

Vale destacar que HIV e aids não são a mesma coisa:

  • HIV: é vírus propriamente dito, que ataca o sistema imunológico. Uma pessoa pode estar infectada pelo HIV, mas não apresentar sintomas ou desenvolver aids;
  • Aids: é a condição de saúde causada pela infecção do HIV em estágio avançado, quando o sistema imunológico está gravemente comprometido. Não é o vírus, é um conjunto de sinais e sintomas que caracterizam a falência das defesas imunológicas.

 

3.419 mortes
tendo como causa básica a aids foram notificadas no Ceará de 2015 a 2024. Só em 2025, foram 231.

 

Em boletim epidemiológico deste mês, a Sesa avalia que “as taxas de detecção de HIV em adultos têm sido superiores às de aids nos últimos dez anos, demonstrando ampliação do acesso ao teste rápido, inclusive com a introdução do autoteste para HIV”.

Assim como para adultos, esse diagnóstico precoce “em recém-nascidos e crianças, particularmente até os 18 meses de idade, constitui etapa essencial para viabilizar o início imediato do tratamento e impedir a evolução da infecção pelo HIV para a aids”, complementa a Sesa.

Homens são os mais afetados

A cada quatro pessoas infectadas pelo HIV no Ceará, nos últimos dez anos, três são homens. Dos 19.799 casos notificados entre 2015 e 7 de novembro de 2025, período disponibilizado em boletim pela Secretaria da Saúde, 15.331 (77,3%) foram em homens.

As mulheres respondem por 22,7% dos registros, com 4.499 casos, de acordo com o informe epidemiológico da Sesa. Tânia Mara, titular da Pasta, reforça: “o HIV existe, convive com a gente, precisamos falar sobre isso”.

“Ainda temos quase 20 mil pessoas no Ceará convivendo com HIV, e tem aumentado o índice de transmissão heterossexual. Precisamos trabalhar o conhecimento e a prevenção”, avalia.

 

32 anos
é a idade média de pacientes infectados por HIV no Ceará, entre 2020 e 2025, de acordo com o Ministério da Saúde.

 

O médico epidemiologista Antonio Silva Lima Neto, dr. Tanta, secretário executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, é categórico ao afirmar que “é momento de recuperar o discurso dos anos 1980 e 1990: falar de prevenção”.

“Temos que voltar a falar sobre camisinha, sobre o cuidado em relações que têm sido mais frequentemente desprevenidas. Não temos só o HIV, mas a sífilis, problema gravíssimo em todas as capitais brasileiras”, alerta o especialista.

Segundo ele, a taxa de mortalidade por aids está caindo, mas a detecção de HIV está aumentando. “Aumenta porque temos mais testes e acesso. Por outro lado, temos que voltar a relembrar que, felizmente, não é mais tão letal, mas como outras ISTs demanda cuidado”, orienta.

Como o HIV é transmitido

Informação correta é uma das ferramentas para a prevenção, como reforçam todos os especialistas. É preciso, então, relembrar as reais formas de transmissão do HIV e combater mitos ligados ao vírus.

O HIV é transmitido principalmente por fluidos corporais específicos. É possível “pegar” o vírus com:

  • Sexo vaginal, anal ou oral sem camisinha;
  • Uso de seringa por mais de uma pessoa;
  • Transfusão de sangue contaminado;
  • Da mãe infectada para o filho durante a gravidez, no parto e na amamentação;
  • Instrumentos que furam ou cortam não esterilizados.

O HIV não é transmitido pelas seguintes formas:

  • Sexo desde que se use corretamente a camisinha;
  • Masturbação a dois;
  • Beijo no rosto ou na boca;
  • Suor e lágrima;
  • Picada de inseto;
  • Aperto de mão ou abraço;
  • Sabonete/toalha/lençóis;
  • Talheres/copos;
  • Assento de ônibus;
  • Piscina;
  • Banheiro;
  • Doação de sangue;
  • Pelo ar.

O Ministério da Saúde adverte que “conhecer o quanto antes a sorologia positiva para o HIV aumenta muito a expectativa de vida de uma pessoa que vive com o vírus”. É recomendado fazer o teste sempre que:

  • Tiver uma relação sexual sem preservativo (respeitar a janela imunológica de 30 dias);
  • Compartilhar seringas ou agulhas;
  • Passar por situações de risco, como acidentes com materiais contaminados;
  • Apresentar sintomas de infecção aguda (febre, mal-estar, dor no corpo) após exposição de risco.

As principais formas de prevenção são o uso de camisinha, a PEP (medicamento usado até 72 horas após uma situação de risco) e a PrEP (medicamento tomado por pessoas com maior risco de exposição para prevenir a infecção antes de ocorrer).

O tratamento é feito por meio dos medicamentos antirretrovirais (ARV), distribuídos gratuitamente pelo SUS a todas as pessoas vivendo com HIV que necessitam de tratamento.

Serviço

Serviço de Atenção Especializada às Pessoas Vivendo com HIV/aids
Local:
 Policlínica Regional Dr. José Correia Sales
Endereço: CE-090, S/N – Parque Soledade, Caucaia – CE, 61600-004
Acesso: por encaminhamento do posto de saúde

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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