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Atenção: a matéria a seguir aborda suicídio. Se você ou alguém que você conhece precisar de ajuda, procure ajuda especializada. O Centro de Valorização da Vida (CVV) funciona 24h por dia pelo telefone 188. Também é possível conversar por chat ou e-mail.
Os pais de um adolescente britânico que tirou a própria vida após ser vítima de extorsão sexual no Instagram entraram com um processo contra a Meta, dona da plataforma. Eles acusam a empresa de responsabilidade direta pela morte do filho e afirmam que falhas conhecidas no funcionamento da rede social contribuíram para o desfecho trágico.
O caso foi revelado numa reportagem do The Guardian e é tratado como inédito no Reino Unido. A seguir, entenda os principais pontos da investigação do jornal, que detalha o processo, as acusações contra a Meta e o contexto mais amplo do avanço desse tipo de extorsão (“sextortion”) entre adolescentes.
O que motivou o processo contra a Meta e por que ele é considerado inédito
O jovem tinha 16 anos e morreu em dezembro de 2023, em casa, na Escócia. Segundo a reportagem, ele foi enganado por um contato no Instagram que se apresentava como uma garota da mesma idade. Após trocar mensagens, acabou enviando imagens íntimas. Isso sem saber que, do outro lado, havia criminosos envolvidos num esquema de extorsão.

Quando percebeu que havia sido enganado, o adolescente passou a sofrer ameaças. Os golpistas exigiam dinheiro e diziam que divulgariam as imagens caso ele não obedecesse. O episódio terminou com o suicídio do jovem, desfecho que os pais relacionam diretamente à forma como a plataforma permitiu que o contato ocorresse.
A ação judicial foi apresentada em Delaware, nos Estados Unidos, onde a Meta é registrada. O processo também envolve a família de outro adolescente, um garoto de 13 anos que morreu em circunstâncias semelhantes após ser alvo de extorsão sexual. Ambos os casos são representados por uma organização especializada em ações contra empresas de redes sociais.
Segundo os pais do jovem britânico, o objetivo do processo vai além de uma compensação financeira. Eles afirmam que buscam responsabilização e querem expor falhas estruturais que, na visão deles, continuam colocando jovens em risco. Para a família, o caso marca um ponto de virada ao levar a extorsão sexual digital ao centro do debate jurídico no Reino Unido.
As acusações e o debate sobre o papel das plataformas
No centro do processo está a acusação de que a morte foi um resultado previsível de decisões de design adotadas pela Meta. A ação afirma que a empresa priorizou crescimento e engajamento, mesmo após saber que certos recursos facilitavam a atuação de criminosos contra adolescentes.

Entre os pontos citados estão a coleta e o uso de dados pessoais e o funcionamento dos sistemas de recomendação (lembra do vídeo do Felca sobre adultização?). Segundo o processo, esses mecanismos teriam ajudado a conectar jovens a perfis já identificados internamente como suspeitos, criando um ambiente propício para golpes de “sextortion”.
A reportagem do Guardian contextualiza o caso dentro de um fenômeno maior. Nos últimos anos, episódios desse tipo de extorsão cresceram de forma acentuada no Reino Unido, nos Estados Unidos e na Austrália. As vítimas mais comuns são jovens do sexo masculino, geralmente abordados por grupos criminosos pouco organizados, mas com atuação internacional.
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A Meta afirma que vem adotando medidas de segurança, como restringir interações com contas suspeitas e limitar o acesso de adultos a perfis de adolescentes. Ainda assim, o processo sustenta que essas ações foram tardias e insuficientes.
A disputa coloca em evidência uma questão central levantada pela reportagem: até que ponto plataformas digitais podem (e devem) ser responsabilizadas quando suas escolhas de funcionamento contribuem para danos reais e irreversíveis.











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