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Sinais de AVC em mulheres: como identificar os primeiros sintomas e agir rápido

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como derrame, muitas vezes surge de maneira silenciosa. Essa condição por vezes é associada com declínio cognitivo e perda de memória. Em mulheres, também é comum apresentarem sintomas parecidos com enxaqueca e distúrbios de humor, destacou o médico neurologista Saulo Teixeira*.

Especialistas alertam para presença de distúrbios de humor e enxaqueca.

Escrito por
Beatriz Rabelobeatriz.rabelo@svm.com.br

Imagem de uma mulher apresentando dor de cabeça para matéria sobre AVC em mulheres.
Legenda: Pacientes que sofrem AVC costumam apresentar dificuldade para falar ou entender, assim como perda de visão.
Foto: Shutterstock/Andrey_Popov.

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como derrame, muitas vezes surge de maneira silenciosa. Essa condição por vezes é associada com declínio cognitivo e perda de memória. Em mulheres, também é comum apresentarem sintomas parecidos com enxaqueca e distúrbios de humor, destacou o médico neurologista Saulo Teixeira*.

Sendo uma das principais causas de morte e incapacidade no Brasil, o neurocirurgião Luiz Bevilaqua** explica que é importante identificar de forma precoce e fazer o tratamento o mais rápido possível. Isso pode evitar sequelas e garantir uma melhor recuperação do paciente.

 

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O que é um AVC?

Em entrevista ao Diário do Nordeste, Luiz Bevilaqua explicou que o AVC acontece quando o cérebro deixar de receber o sangue de maneira adequada. “Sem oxigênio e nutrientes, as células cerebrais sofrem e podem morrer em poucos minutos”, afirmou.

Dentre os principais tipos, estão:

  • AVC isquêmico (cerca de 85% dos casos): ocorre quando um vaso é obstruído por um coágulo;
  • AVC hemorrágico: ocorre quando um vaso se rompe e há sangramento cerebral.

O que é um pré-derrame?

O “pré-derrame” é conhecido como Ataque Isquêmico Transitório (AIT), na linguagem médica. Ele possui sintomas similares aos do AVC, como:

  • Fraqueza em um lado do corpo;
  • Dificuldade para falar;
  • Perda visual.

No entanto, eles duram poucos minutos ou horas e desaparecem completamente em menos de 24 horas.

Além disso, Luiz explica que ele serve de alerta, pois o risco de um AVC definitivo nos dias seguintes é alto.

O que são AVCs silenciosos?

Alguns AVCs podem ser “silenciosos”, ou seja, acontecem sem sintomas evidentes. Eles são descobertos apenas a partir de exames de imagem, como a ressonância magnética.

Apesar de não causarem alarde, o médico explica que eles não são inofensivos. Isso porque, ao longo dos anos, estão associados a:

  • Declínio cognitivo;
  • Perda de memória;
  • Dificuldade de marcha;
  • Maior risco de demência e de um AVC maior no futuro.

“O cérebro vai pagando a conta, mesmo sem dor ou sinal amplamente perceptível”, afirmou.

O corpo avisa antes de um AVC?

Na maioria dos casos, o corpo dá alguns sinais de alerta do AVC. Ainda que sejam passageiros, não devem ser ignorados.

Algumas evidências são:

  • Boca torta;
  • Fraqueza ou formigamento em um lado do corpo;
  • Dificuldade para falar ou entender;
  • Perda súbita da visão;
  • Tontura intensa ou desequilíbrio;
  • Dor de cabeça súbita e diferente de tudo que a pessoa já sentiu.

Causas e fatores que podem levar ao derrame

Um estilo de vida saudável pode ajudar a reduzir as chances de ter um AVC. Assim, manter alguns hábitos como beber e fumar excessivamente pode prejudicar a saúde e aumentar as chances de ter um derrame.

Fatores gerais

Alguns fatores que podem levar ao AVC são mais conhecidos, como:

  • Hipertensão arterial;
  • Diabetes;
  • Colesterol elevado;
  • Tabagismo;
  • Sedentarismo;
  • Obesidade;
  • Consumo excessivo de álcool;
  • Arritmias e outras doenças cardíacas.

“A boa notícia no meio desse panorama todo é que muitos desses fatores são controláveis, já a má notícia está que a maioria das pessoas só percebe isso depois do evento”, explicou o especialista.

 

Imagem de uma mulher sentindo dores de cabeça para matéria sobre AVC.
Legenda: Após apresentar os sintomas, é preciso entrar em contato com o serviço de urgência.
Foto: Shutterstock/Kmpzzz.

 

Fatores de risco específicos para mulheres

Dentre alguns fatores de risco que as mulheres precisam ficar atentas, estão:

  • Uso de anticoncepcionais hormonais, especialmente associado ao tabagismo;
  • Gravidez e período pós-gestação (puerpério) são períodos de maior risco de formar trombos;
  • Hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia, que aumentam o risco ao longo da vida;
  • Enxaqueca com aura, associada a maior risco de AVC isquêmico;
  • Menopausa, com queda do estrogênio e impacto na saúde vascular;
  • Maior expectativa de vida, o que aumenta a exposição cumulativa aos fatores de risco.

Além disso, mulheres costumam apresentar sintomas menos clássicos, o que pode dificultar o diagnóstico e o tratamento.

 

“O AVC, na maioria das vezes, é o resultado de anos de descuido silencioso. A tradição da boa medicina sempre ensinou: prevenir é melhor do que operar, trombolisar ou reabilitar”.
Luiz Bevilaqua

Neurocirurgião

 

Sinais de AVC em mulheres

Ao abordar os sinais de AVCs em mulheres, o neurocirurgião Saulo Teixeira afirmou que alguns quadros neurológicos neste grupo podem ser negligenciados por questões culturais ou epidemiológicas.

 

“A mulher tem mais enxaqueca, por exemplo. E uma crise de enxaqueca pode ter vários tipos de aura ou sintomas. Assim, pode ocorrer uma confusão diagnóstica entre um quadro de lentificação psicomotora, dificuldade para falar ou incoordenação motora causado por um AVC e uma crise de enxaqueca, fazendo com que se perca tempo em instituir o tratamento adequado”.
Saulo Teixeira

Neurocirurgião

 

O especialista ainda afirmou que já presenciou quadros de mulheres com trombose venosa cerebral serem confundidos com quadros psiquiátricos, como se a paciente estivesse com agitação psicomotora.

Por isso, ele afirma que se um sintoma neurológico iniciar de repente, pode ser um AVC.

Sinais clássicos

Dentre os sinais clássicos, estão os sintomas já citados pelo neurocirurgião Luiz Bevilaqua, como a paralisia facial central, a dificuldade de falar ou entender, a tortura ou perda de visão.

Sinais comuns em mulheres

No caso das mulheres que sofrem AVC, Saulo alerta que os médicos precisam estar atentos a outras condições mais prevalentes, como:

  • Tontura (que pode ser confundida com problemas de ouvido ou labirintite);
  • Distúrbios de humor ou comportamento;
  • Lentificação;
  • Situações que podem ser confundidas como enxaqueca.

 

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Como identificar o início de um AVC?

AVC pode estar relacionado com qualquer sintoma neurológico que aparece de modo súbito.

Para facilitar a identificação e educar a população geral sobre os alertas, foram criados alguns métodos mais práticos, como o “Método BE-FAST”.

Método BE-FAST

Em países que falam inglês, utilizaram as iniciais “BE-FAST”, que faz um trocadinho com a frase “seja rápido”.

  • Balance (Equilíbrio do corpo): Perda de equilíbrio do corpo;
  • Eyes (Olhos): Perda de visão;
  • Face (Rosto): Alterações na movimentação da face;
  • Arms (Braços): Alterações na movimentação dos braços;
  • Speech (Fala): Dificuldade para falar;
  • Time (Tempo): Alerta de que há um curto tempo até o atendimento.

No Brasil, as campanhas utilizam o termo SAMU. “Ou seja: sorria, abrace, cante uma música e (se houver déficit súbito), ligue para o serviço de urgência. Tudo isso para fazer os possíveis casos de AVC em fase aguda chegarem mais rápido nos centros de referência”, detalhou Saulo.

 

Imagem de mulher com dor de cabeça intensa para matéria sobre AVC de mulheres.
Legenda: O consumo excessivo de álcool pode estar relacionado com AVC.
Foto: Shutterstock/Yurii_Yarema.

 

O que fazer ao identificar os primeiros sintomas

Após identificar os primeiros sintomas, é preciso entrar em contato com algum serviço médico de emergência. O paciente pode ligar para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou ir a uma emergência em unidades hospitalares.

O que fazer para evitar AVC?

No caso do AVC isquêmico, Saulo Teixeira considera dois cenários, tanto de quem nunca teve um AVC, quanto quem já apresentou.

  • Para quem nunca teve AVC (profilaxia primária): Manter um estilo de vida saudável, evitando fumar, praticando atividades físicas e controlando questões de saúde, como pressão arterial, glicemia, colesterol e qualidade de sono;
  • Para quem já teve AVC (profilaxia secundária): Usualmente, as pessoas que já tiveram um derrame costumam incluir tratamentos com remédios. Os medicamentos dificultam a formação de trombos e estabilizam a formação de placas de gordura nos vasos.

No entanto, o remédio a ser indicado vai depender de cada caso. Não existe um “remédio preventivo universal”, mas os neurologistas avaliam os sintomas dos pacientes.

*Saulo Teixeira, neurocirurgião e médico legista no Ceará, com residência médica em neurocirurgia no Hospital Geral de Fortaleza.

**Luiz Bevilaqua, médico neurocirurgião pelo Instituto Dr. José Frota.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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