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País do Oriente Médio afunda cerca de 30 cm por ano, diz estudo

O Irã está vivendo um processo de subsidência acelerada do solo, consequência direta da extração excessiva de água subterrânea. De acordo com um estudo publicado no Journal of Geophysical Research: Solid Earth, em agosto, mais de 31 mil km² do território já apresentam movimentos descendentes de ao menos 10 mm por ano.

Esgotamento dos aquíferos subterrâneos ameaça milhões de pessoas no Irã, com risco de colapso urbano e agravamento da crise hídrica

Cidades densamente povoadas do Irã, como Teerã, Isfahan e Shiraz enfrentam riscos crescentes | Wikimedia Commons
Cidades densamente povoadas do Irã, como Teerã, Isfahan e Shiraz enfrentam riscos crescentes | Foto: Wikimedia Commons

O Irã está vivendo um processo de subsidência acelerada do solo, consequência direta da extração excessiva de água subterrânea. De acordo com um estudo publicado no Journal of Geophysical Research: Solid Earth, em agosto, mais de 31 mil km² do território já apresentam movimentos descendentes de ao menos 10 mm por ano.

Em algumas regiões, a situação é ainda mais crítica. Na cidade de Rafsanjan, no centro do país, o terreno cede mais de 34 centímetros a cada ano.

 

“Pode não parecer muito a curto prazo, mas, se o processo continuar a esse ritmo, o terreno pode afundar de 3 a 4 metros em uma década. É realmente grave”, explicou Jessica Payne, doutoranda da Universidade de Leeds, no Reino Unido, e autora principal do estudo, em entrevista ao site Live Science.

Agricultura intensiva acelera crise

Cerca de 60% do abastecimento hídrico iraniano depende de aquíferos subterrâneos. O problema é agravado por uma seca persistente e pelo uso intensivo da água na agricultura, especialmente no cultivo de pistache, um dos principais produtos do país.

Os pesquisadores identificaram que 77% das áreas que afundam mais de 10 mm/ano estão ligadas a regiões agrícolas. Em Bardaskan, no norte, a subsidência já atinge 1.110 km², um aumento de 40% em comparação com estudos de 2008.

Payne compara os aquíferos a um “balde de areia e lama”. Quando a água que sustenta essa mistura é retirada, as partículas se comprimem e o solo desce de forma permanente.

Riscos urbanos crescem

As consequências vão além da escassez de água. O declive do terreno abre fissuras, ameaça edifícios, estradas e ferrovias e já obriga moradores a abandonarem prédios em áreas afetadas.

Em Karaj, cidade próxima a Teerã, mais de 23 mil pessoas vivem em zonas classificadas como de alto risco. Outras cidades importantes, como Teerã, Isfahan e Shiraz, também estão sob ameaça.

Impacto social e ambiental

O colapso dos aquíferos representa uma ameaça dupla: compromete a infraestrutura urbana e fragiliza a agricultura, que depende da irrigação feita com a mesma água subterrânea em esgotamento.

Para os cientistas, a maior parte da subsidência é irreversível, já que as camadas subterrâneas não voltam ao nível original mesmo com a reposição de chuvas.

O caso iraniano é um alerta global: a forma como os países lidam com seus recursos hídricos pode definir não apenas sua segurança alimentar e hídrica, mas também a estabilidade física de seus territórios.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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