Notícias

Ansiedade é o termômetro da ‘febre da mente’ e começa com alertas sutis

A ansiedade, tal qual um termômetro invisível, assinala os níveis de tensão e estresse que atingem cada pessoa ao longo da vida. Assim como a febre, que surge como um sinal claro de que o corpo precisa de cuidados sob o risco de complicações sérias, a ansiedade manifesta-se como a febre da mente, um alerta que não deve ser ignorado. Quando a temperatura corporal se eleva descontroladamente, há o risco de convulsão, um episódio capaz de comprometer a saúde física.

O aumento excessivo desse “calor mental” pode levar a um colapso emocional, tal como a febre extrema pode desencadear convulsões.

Escrito por

Adalberto Barretoproducaodiario@svm.com.br

02 de Outubro de 2025 – 06:00

Adalberto Barreto

Legenda: Nos momentos de crise, ajuda muito recorrer ao apoio de alguém de confiança, seja um familiar, amigo ou profissional de saúde, para compartilhar o que está sentindo.

Foto: Pexels

A ansiedade, tal qual um termômetro invisível, assinala os níveis de tensão e estresse que atingem cada pessoa ao longo da vida. Assim como a febre, que surge como um sinal claro de que o corpo precisa de cuidados sob o risco de complicações sérias, a ansiedade manifesta-se como a febre da mente, um alerta que não deve ser ignorado. Quando a temperatura corporal se eleva descontroladamente, há o risco de convulsão, um episódio capaz de comprometer a saúde física.

Do mesmo modo, a mente sob o fogo intenso da ansiedade pode ultrapassar limites críticos, provocando consequências graves. A febre alta que convulsiona e ameaça o corpo pode ser comparada à síndrome do pânico, um estado que paralisa o indivíduo diante do medo — medo de morrer, medo de enlouquecer, sensação de perigo iminente que parece invadir cada pensamento. É fundamental entender que a ansiedade, apesar de ser uma resposta natural diante de desafios e situações inesperadas, deve ser observada com cuidado.

O aumento excessivo desse “calor mental” pode levar a um colapso emocional, tal como a febre extrema pode desencadear convulsões. O organismo, seja físico ou psíquico, exige atenção e equilíbrio, e reconhecer os sinais de alerta é essencial para não ultrapassar os limites saudáveis. Tal como antes de uma tempestade, as nuvens pesadas e os vendavais anunciam os perigos que se aproximam, nos alertando para nos prepararmos e evitar os impactos das enxurradas e alagamentos. Os primeiros sinais da chegada da crise de ansiedade nos avisam inicialmente, da tempestade mental que se aproxima.

Veja também

Adalberto Barreto

Manter-se saudável em um mundo enlouquecido: reflexões e lições do Setembro Amarelo

Adalberto Barreto

O sucesso do mentiroso e da mentira dura pouco: a dinâmica da mentira.

Os primeiros avisos são sutis e precisamos estar atentos às manifestações de alerta, tanto físicas quanto mentais. Entre os principais sinais, destacam-se: inquietação constante, levando à necessidade de se movimentar, andando de um lado para o outro, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular, como ombros enrijecidos, maxilar travado, mãos frias, fadiga sem causa aparente, dificuldade para adormecer com alterações no sono, como insônia ou sono agitado.

De fato, é estranho: estamos exaustos de tanto trabalhar e, na hora de recuperar as forças por um sono recuperador, não se consegue dormir ou se dorme mal. A mente vagueia, dispersando-se entre pensamentos aleatórios, tornando tarefas simples repentinamente mais difíceis de concluir. Pequenas contrariedades ganham peso desproporcional, nos irritamos com facilidade, e o humor oscila sem razão clara, como se um ruído de fundo emocional se intensificasse. Questões simples tornam-se fontes de inquietação exagerada, e o pensamento se fixa em cenários de “e se…” improváveis.

É a mente tentando fugir das ameaças do presente e se refugiar em um futuro incerto. Ao notar que esses sintomas se repetem, aumentam de intensidade ou impedem a realização das atividades diárias, é importante considerar que a ansiedade pode estar alcançando níveis críticos, exigindo cuidado e intervenção adequada. Esses sinais de alerta sutis, muitas vezes negligenciados, são como os primeiros sinais de alerta para uma tempestade mental que se anuncia no horizonte da vida.

Reconhecê-las antes que saiam do controle é um gesto de autocuidado que permite pausar, respirar e buscar estratégias para evitar que a ansiedade evolua para estados mais intensos, preservando a harmonia interna e fortalecendo a resiliência no dia a dia. Ao negligenciar esses sintomas, arrisca-se a mergulhar em estados de sofrimento profundo, onde o medo se torna o centro da existência e a liberdade de agir é bloqueada por fantasmas internos.

O pico da ansiedade é caracterizado por uma intensificação abrupta e intensa dos sintomas ansiosos, onde o organismo entra em estado de alerta máximo. Surge como um vulcão que explode, derramando lavas incandescentes que destroem o que encontra em seu caminho. Nesse momento, podem surgir sensações físicas como palpitações, transpiração excessiva, tremores, falta de ar, sensação de sufocamento, tontura, formigamentos e dores no peito.

No plano emocional, predominam o medo intenso, sensação de perda de controle, pensamentos catastróficos e a iminência de algo ruim prestes a acontecer. É como se a mente fosse tomada por uma onda, um tsunami avassalador de preocupação, e o corpo respondesse com sinais alarmantes, preparando-se para “lutar ou fugir”. Assim como existem antitérmicos para controlar a febre, há também recursos para amenizar a ansiedade e recuperar o equilíbrio emocional.

Muitas vezes é necessário recorrer a ansiolíticos para aliviar os sintomas. Quando necessário, deve ser prescrito e acompanhado por um psiquiatra. Essa fase crítica, geralmente, em 2 ou 3 meses, se atenua e, gradualmente, sob orientação do psiquiatra, deve-se ir substituindo a medicação por atividades físicas. É verdade que a química tem um efeito imediato, mas usada indiscriminadamente pode gerar dependência. Mas também usar a física por meio de caminhadas regulares, participar de atividades físicas onde se transpira ajuda consideravelmente na cura, recuperação e prevenção.

Ao dar início a um tratamento medicamentoso, pense em livrar-se dele. Esse é um ponto crítico que merece nossa atenção. Livrar-se de um outro problema que é a dependência medicamentosa durante anos a fim. Aproveite esse momento crítico para dar uma parada e voltar a atenção para o momento presente: técnicas simples de respiração profunda podem interromper o ciclo de ansiedade, ajudando a acalmar o corpo e a mente.

Inspirar lenta e profundamente, sentindo o ar preencher os pulmões, e expirar devagar, pode reduzir consideravelmente a intensidade dos sintomas. Aconselho sempre aos meus pacientes, para nesse momento de crise, movimentar-se, enquanto repete mentalmente com convicção: não tenho nenhum perigo de morrer nem de enlouquecer e sim somente sofrer, maltrata, mas não mata. Ela vai passar. Evitar correr para as emergências de hospitais onde geralmente os exames não revelam nada de preocupante.

Quando você compreender o processo, vai poder controlar bem e superar tranquilamente. Além da respiração, reservar um momento para escutar uma música relaxante, caminhar ao ar livre ou tomar um banho frio podem ajudar a sair da crise. São verdadeiros “antitérmicos da mente”. Práticas como meditação e mindfulness ajudam a estar presente e consciente no momento presente, observando pensamentos, emoções e sensações sem julgamento.  Essa abordagem favorece o equilíbrio emocional e pode ajudar no manejo da ansiedade, promovendo maior autocuidado e bem-estar.

Cuidar do sono, manter uma alimentação equilibrada, organizar a rotina e buscar momentos de lazer e prazer são estratégias que diminuem a vulnerabilidade ao estresse e à ansiedade. Nos momentos de crise, ajuda muito recorrer ao apoio de alguém de confiança, seja um familiar, amigo ou profissional de saúde, para compartilhar o que está sentindo. É muito importante que essa pessoa procure acalmá-la, solicitando que respire e fique tranquila, e lembrando que é uma crise que vai passar.

O apoio e a escuta empática ajudam a desfazer a sensação de isolamento e perigo iminente, trazendo acolhimento e compreensão. Em alguns casos, a orientação psicológica é fundamental para ensinar novas formas de lidar com as crises e desenvolver ferramentas para a prevenção de recaídas. Assim, criar um “kit de primeiros socorros emocionais” — feito de técnicas, hábitos e redes de apoio — permite não só sair das crises de ansiedade, mas também fortalecer a resiliência e construir uma base sólida para o bem-estar cotidiano.

Cultivar práticas de autocuidado, buscar apoio profissional quando necessário e compreender o funcionamento da própria mente são passos indispensáveis para manter a saúde mental em equilíbrio. Portanto, a ansiedade não deve ser encarada somente como inimiga, mas sim como uma mensageira que indica a necessidade de mudança e ajuste em sua vida familiar e profissional. Respeitar os avisos do corpo e da mente é o caminho para evitar o pânico e preservar o bem-estar. Afinal, para cada temperatura elevada, há sempre a possibilidade de buscar o alívio e restaurar a harmonia interna.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor. 

Avatar

Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

Adcionar comentário

Clique aqui para postar um comentário