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Ludopatia: vício em jogos de azar já atinge milhões de brasileiros

A ludopatia, também chamada de transtorno do jogo patológico, é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um vício. Ela se caracteriza pela compulsão incontrolável em jogos de azar, mesmo quando há consequências graves na vida social, financeira e emocional do indivíduo.

Jogo passa a ocupar o centro da rotina, resultando em dívidas, rompimento de relacionamentos, ansiedade, depressão e, em casos extremos, tentativas de suicídio

A ludopatia, também chamada de transtorno do jogo patológico, é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um vício. Ela se caracteriza pela compulsão incontrolável em jogos de azar, mesmo quando há consequências graves na vida social, financeira e emocional do indivíduo.

O jogo passa a ocupar o centro da rotina, resultando em dívidas, rompimento de relacionamentos, ansiedade, depressão e, em casos extremos, tentativas de suicídio. Assim como ocorre com a dependência química, esse transtorno está ligado à ativação do sistema de recompensa do cérebro, que exige apostas cada vez maiores para proporcionar a mesma sensação de prazer. Por isso, o acompanhamento profissional e o apoio familiar são fundamentais no processo de recuperação.

A popularização dos aplicativos de apostas esportivas e jogos azar transformou o celular em um “cassino de bolso” para milhões de brasileiros. A situação acendeu um alerta para a saúde pública devido ao avanço do número de pessoas viciadas nesse tipo de atividade. Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelou que quase 11 milhões de brasileiros têm sintomas de dependência em jogos e apostas.

Cuidados
A psicóloga do Instituto de Educação Médica (Idomed), Ana Beatriz de Oliveira, explica que é preciso compreender que a ludopatia se trata de uma patologia e que exige cuidados. Entre os sinais de alerta estão: aumento progressivo das apostas; irritabilidade e ansiedade quando não joga; pensamentos obsessivos sobre estratégias para próximas rodadas; insistência em jogar mesmo com prejuízos financeiros; tentativas de recuperar perdas a qualquer custo; e mentiras para familiares ou amigos para sustentar o vício. “Todos esses são indicativos claros de que há algo errado e de que é hora de procurar ajuda profissional”, reforça.

A especialista destaca que o vício em bets compartilha características semelhantes com os transtornos por uso de substâncias químicas. “Ela envolve perda de controle, necessidade de repetição, sintomas de abstinência como irritabilidade e baixa tolerância. Além da vergonha, muitos ainda têm dificuldade em compreender que é uma doença, e isso atrapalha a busca por ajuda”.

O tratamento passa por acompanhamento psicológico estruturado, em especial com terapias como a cognitivo-comportamental, além de grupos de apoio específicos para jogadores. “Encontros coletivos criam uma rede de troca e suporte muito rica. Aliado a mudanças de rotina e hábitos, o paciente encontra recursos para reduzir gatilhos e prevenir recaídas”, afirma a psicóloga, que destaca que “informação, acolhimento e acesso a serviços especializados são fundamentais para que essas pessoas possam retomar sua vida, antes que o vício destrua vínculos familiares e acumule ainda mais prejuízos financeiros, emocionais e sociais”.

Políticas públicas
O Ministério do Esporte, por meio da Secretaria Nacional de Apostas Esportivas e Desenvolvimento Econômico, realiza eventos pontuais pelo país com o objetivo de alertar sobre a importância da integridade e o impacto da ludopatia, o vício em jogos.

Com a recente regulação do mercado de apostas no Brasil, profissionais da indústria do futebol se reúnem para debater, entre outros temas, os desafios da integridade esportiva diante da crescente influência das plataformas de apostas.

O Secretário Nacional de Apostas Esportivas e de Desenvolvimento Econômico do Esporte, Giovanni Rocco, destaca o objetivo da pasta é mostrar que o papel do Ministério vai além da fiscalização e da punição. “Nosso objetivo maior é informar, é educar, principalmente os atletas, a qual são os principais envolvidos nesse processo. Sem eles, não existiriam as ‘bets’ no futebol. Queremos ampliar esse debate e abordar questões sensíveis, como a manipulação de resultados e o vício em jogos”, afirmou.

O Governo Federal mantém um grupo de trabalho interministerial voltado à prevenção, saúde mental e redução dos impactos sociais causados por esse comportamento.

“Nossa grande preocupação é preservar a integridade das famílias, proteger as crianças e adolescentes e conscientizar as pessoas de que as apostas esportivas são uma forma de recreação, mas que é um lazer perigoso, pois envolve o risco de perder dinheiro. A saúde mental dos brasileiros é uma preocupação nossa, e o papel do Ministério do Esporte será colaborar na construção de medidas para o enfrentamento do problema”, conclui Rocco.

Por Ismael Azevedo

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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