Um dente de alho por dia controla a pressão? Veja o que diz a ciência

Pessoas diagnosticadas com pressão alta precisam adotar hábitos mais saudáveis para controlar a doença. Entre as mudanças, uma alimentação equilibrada é essencial. No entanto, é comum que a sabedoria popular se misture às orientações médicas, como no caso do uso do alho.
Ao Diário do Nordeste, o cardiologista Diógenes Ribeiro esclarece que ainda não há comprovação científica sólida de que o alho reduz de forma significativa a pressão arterial.
Se considerarmos o que dizem as diretrizes e recomendações médicas, não há comprovação científica sólida de que o alho reduza a pressão arterial. Há estudos menores que sugerem algum efeito, mas os resultados são limitados e variam conforme a metodologia e a quantidade ingerida”.
Alho como complemento, não substituto
Apesar das evidências restritas, o especialista enfatiza que o alho atua como complemento ao tratamento tradicional, desde que sob acompanhamento médico.
“O alho pode ser incluído na dieta diária de forma orientada, compondo o tratamento já estabelecido. Em alguns casos, ele pode ajudar a potencializar o controle da pressão, mas sempre junto às medicações tradicionais.”
Cru, cozido ou em cápsulas: qual é melhor?
O modo de preparo influencia diretamente o potencial do alho. O alho cru é o mais potente, pois conserva a alicina, composto responsável pelo efeito vasodilatador. “Quando o alho é cozido por muito tempo, fritado ou assado em excesso, parte desses compostos é destruída”, reforça Aline Sobreira Bezerra, professora do Departamento de Tecnologia e Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
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“Pesquisas mostram que substâncias naturais do alho, como a alicina e a S-alil cisteína (SAC), ajudam os vasos sanguíneos a relaxarem e reduzem processos inflamatórios e oxidativos no organismo.”
Esses compostos, chamados organossulfurados, são liberados principalmente quando o alho é amassado ou cortado. Eles atuam na melhora da circulação e ajudam a reduzir a pressão arterial de forma natural.
O que dizem os estudos
Conforme a especialista, o efeito do alho é modesto, mas consistente. “Ensaios clínicos mostram que o alho cru ou envelhecido pode reduzir a pressão sistólica em até 12 mmHg e a diastólica em cerca de 5 a 9 mmHg”, afirma.
Quantidade ideal e cuidados necessários
A dose recomendada para quem busca benefícios cardiovasculares é de 1 a 2 dentes de alho cru por dia, amassados ou picados. O consumo excessivo pode causar azia, gases e desconforto digestivo.
Mitos e verdades sobre o alho
Um dos mitos mais comuns é acreditar que um dente de alho cru por dia “cura” a pressão alta.
O alho tem efeito benéfico, mas não é uma solução milagrosa nem substitui o acompanhamento médico”, afirma a pesquisadora.
No entanto, tanto a professora Aline Sobreira Bezerra, quanto o cardiologista Dr. Diógenes Ribeiro reforçam que seu papel é complementar, e que o alho não deve substituir medicamentos nem o acompanhamento médico.
Veja como cultivar o alho em casa

A agricultora Maria das Graças cultiva alho na comunidade de Barreiras, no município cearense de Aratuba, na Serra de Baturité. A produtora ensina aos leitores do Diário do Nordeste o passo a passo para o plantio do alho em casa.
- Escolha um vaso de tamanho médio ou grande.
- Prepare o solo com quatro camadas: adubo orgânico, esterco, areia e pó de coco.
- Descasque um dente de alho e coloque na parte superior do vaso, sem cobrir totalmente deixe uma pequena parte descoberta para facilitar a germinação.
- Regue diariamente, de uma a duas vezes, ou sempre que perceber que a terra está seca.
- Colher após 90 dias.
Dica da produtora:
Para evitar o surgimento de fungos, Maria das Graças recomenda preparar uma solução natural com detergente, álcool e um dente de alho triturado.
Coloque a mistura em um borrifador e aplique todos os dias nas folhas e no solo.
*Médico graduado pela Universidade Federal do Ceará (2007), Cardiologita, Ecocardiografista e Intensivista. Pós-graduando em Cardiologia do Exercício do Esporte pe Sociedade Brasileira de Cardiologia. Ecocardiografista servidor do Hospital Geral de Fortaleza, Coordenador de UTI Cardiopulmonar do Hospital de Messejana, Dr Carlos Alberto Sturdart Gomes. Cardiologista do Instituto Cardioperformancee da CordisSaúde.
**Professora Associada do Departamento de Tecnologia e Ciência dos Alimentos, Universidade Federal de Santa Maria. Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Nutricionista formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Uni-Rio).Atua principalmente nos seguintes temas: Embalagens para Alimentos, Compostos funcionais e bioativos de Plantas, Cereais, Resíduos agroindustriais e Aproveitamento Integral dos Alimentos. Atuou como docente da UFC em exercício provisório no curso de Engenharia de Alimentos nos anos 2018 e 2019.
*Estagiária sob supervisão do jornalista Felipe Mesquita.













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