Meta é implantar o serviço em todas as regiões de saúde do Estado.

Em 2025, o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) do Ceará completou 20 anos como uma das referências nacionais em investigação de causas de morte e vigilância de doenças. O equipamento, vinculado à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), tem papel estratégico para a identificação de óbitos por doenças “misteriosas”, sem causa aparente.
Segundo o secretário executivo de Vigilância em Saúde do Ceará, Antonio Silva Lima Neto (Tanta), em entrevista ao Diário do Nordeste, a abrangência do trabalho é tão importante que deve ser expandida para todas as cinco regiões de Saúde do Estado.
Hoje, o Ceará possui duas unidades do SVO: uma em Fortaleza, vizinha ao Hospital de Messejana, e outra em Barbalha, que funciona em convênio com a Universidade Federal do Cariri (UFCA).
“Muitas capitais não têm SVO. Então, a gente tá querendo regionalizar. É um dos nossos grandes planos expandir, principalmente para a região Norte, de Sobral, e para as demais regiões do Estado”, afirma.

De acordo com o secretário, a rede de SVOs é financiada pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde e tem como uma das principais funções a vigilância pós-morte de doenças com potencial “impacto das coletividades”.
Nos moldes atuais, conforme a diretora-geral Anacélia Gomes de Matos, cada um dos 179 municípios atendidos pelo SVO Fortaleza é responsável por enviar o corpo à unidade. E, na prática, “quanto mais rápido, melhor, por causa da decomposição”.
“O médico da região tem que constatar realmente que aquela pessoa está falecida. Se ele não tiver base de diagnóstico para fechar a declaração de óbito, tem que pedir auxílio ao SVO”, explica.
Para ela, é importante cada área descentralizada de saúde ter um SVO atuante, devido à distância e à extensão territorial do Ceará. Hoje, o Estado está dividido em cinco regiões:
- Fortaleza: 44 cidades
- Norte: 55 cidades
- Cariri: 45 cidades
- Sertão Central: 20 cidades
- Litoral Leste/Jaguaribe: 20 cidades.
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Para que serve o SVO?
Segundo Tanta, o Serviço foi criado com a missão de reduzir os registros de mortes sem causa definida e sem suspeita de violência (esses investigados pela Perícia Forense). Com esse conhecimento, é possível o planejamento, a construção e a implantação de políticas públicas de saúde.
Tanta destaca ainda que o trabalho também tem impacto social, ao oferecer apoio em situações de morte súbita. “A gente instituiu o serviço de remoção de cadáver diurno e noturno. Então, aquela pessoa pode ter apoio naquele momento, porque não sabe o que aconteceu ali”, explica.
O secretário também defende que mortes súbitas em academias, que passaram a ganhar mais repercussão, sejam encaminhadas ao serviço. Não necessariamente eles terão uma causa transmissível, mas é possível prever um possível impacto na sociedade.
“Se você diagnostica eventualmente um óbito como esses, de mal súbito numa academia, e encontra algum mal cardíaco, uma miocardiopatia, alguma coisa do tipo, você pode fazer um alerta se tiver uma série de casos”, ilustra.

Convencimento de familiares
Outro avanço significativo do SVO no Ceará, ressalta o secretário, é o uso da autópsia minimamente invasiva (AMI), procedimento realizado por punção, que permite investigar causas de morte com menor impacto emocional para as famílias.
“Às vezes, elas não autorizam uma necrópsia, mas a AMI – que hoje só quem faz é São Paulo e o SVO daqui”, comemora.
Técnicas como essa têm sido essenciais para esclarecer mortes causadas por doenças emergentes. “Isso tudo é o Serviço de Verificação de Óbito que vai desenvolvendo sua capacidade, inclusive com novos equipamentos, imuno-histoquímicos, com exames mais sofisticados, para ser capaz de elucidar”, ressalta.

Modelo de aprendizagem
O trabalho realizado no Ceará, inclusive, tem servido de modelo para outros Estados, atraindo gestores do Acre, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Bahia, Minas Gerais, Goiás e, mais recentemente, Sergipe, para conhecer as instalações e a própria AMI.
Para Tanta, os patologistas treinados deveriam repassar seus conhecimentos para outros médicos, possibilitando que as autópsias minimamente invasivas sejam realizadas nos próprios hospitais e ajudem na investigação de mais óbitos suspeitos.
Assim, além de colaborarem para o diagnóstico da situação de saúde do País, os SVOs são considerados centros de excelência para o aprendizado no campo do ensino, pesquisa e produção de conhecimento.
Além disso, a unidade pode contribuir com a Central de Transplantes por meio da identificação e notificação oportuna sobre potenciais doadores de córneas e outros órgãos.













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