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Meningite: conheça principais riscos, sintomas e como tratar

Com capacidade de evoluir rapidamente para óbito, a meningite é uma doença grave, considerada uma emergência médica. Diante de um paciente confirmado, os profissionais da saúde precisam agir de forma rápida e efetiva para salvar a vida. Segundo o médico Marcos Gonçalves*, as meningites mais comuns são as infecciosas, causadas por vírus ou bactérias.

Doença tem progressão rápida e alta letalidade.

Escrito por
Beatriz Rabelobeatriz.rabelo@svm.com.br
01 de Dezembro de 2025 – 19:30

Meningite meningocócica: conheça os principais riscos, sintomas e como tratar
Legenda: A vacinação é a principal prevenção da meningite meningocócica.
Foto: Shutterstock/PattyPhoto.

Com capacidade de evoluir rapidamente para óbito, a meningite é uma doença grave, considerada uma emergência médica. Diante de um paciente confirmado, os profissionais da saúde precisam agir de forma rápida e efetiva para salvar a vida. Segundo o médico Marcos Gonçalves*, as meningites mais comuns são as infecciosas, causadas por vírus ou bactérias.

No entanto, um dos desafios de tratamento ocorre no momento de identificar a doença. Isso porque os sintomas são inespecíficos, ou seja, a pessoa pode registrar febre, tontura, vômito ou outros sinais presentes em diversos tipos de infecção.

“Não costumam identificar cedo e, quando identificam, nem sempre tratam corretamente”, explicou o Marcos, que realizou uma Masterclass sobre o assunto para evento da biofarmacêutica GSK, em São Paulo. A meningite muitas vezes é confundida com dengue ou virose.

 

Imagem que mostra a presença de manchas no corpo para matéria sobre meningite.
Legenda: A presença de manchas no corpo pode ser um dos indicativos da meningite.
Foto: Shutterstock/justkgoomm.

 

Com atuação na pediatria, Marcos chegou a atender crianças com a doença. Dentre os sinais que chamam sua atenção, estão:

  • Estado geral comprometido;
  • Rigidez de nuca;
  • Sinais em pele;
  • Sinais de doença grave.

Apesar da doença ter registrado queda no número de casos durante a pandemia, sua incidência tem gradualmente retornado, o que acende o alerta para os cuidados que devem ser tomados.

O que é a meningite?

A meningite é uma condição que ocorre quando há um processo inflamatório das meninges que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.

Ela é considerada uma doença de difícil diagnóstico, com evolução rápida e alta letalidade. Conforme Marcos, os sintomas iniciais são inespecíficos, podendo ser confundidos com outras doenças. Ainda assim, um paciente pode morrer em cerca de 24 horas.

 

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Por que é tão grave?

A doença tem algumas características que tornam o quadro tão grave, como:

  • Rápida e imprevisível: possui uma rápida evolução, com os sintomas se agravando a óbito em 24 horas;
  • Alta taxa de letalidade: a doença possui alta taxa de letalidade;
  • Difícil diagnóstico: os sintomas iniciais são inespecíficos e dificultam o diagnóstico clínico nas primeiras horas;
  • Sequelas por toda a vida: a doença pode causar sequelas permanentes nos sobreviventes, como amputação.

Quais os tipos de meningite?

Diversos tipos de bactérias, vírus e protozoários podem causar a meningite. No entanto, as bactérias Neisseria meningitidis e Streptococcus pneumoniae são responsáveis por 80% dos casos, segundo o especialista Marcos Gonçalves.

Os casos de meningites virais costumavam ser os mais comuns, no entanto, depois da pandemia, houve uma queda desse tipo e um aumento de casos das meningites bacterianas.

Vale ressaltar que nem toda meningite é meningite meningocócica.

Diferenças entre os tipos de meningites bacterianas

Apesar de existirem vários tipos, as mais comuns, que representam 80% dos casos, são:

  • Pneumococo (Streptococcus pneumoniae): possui mais de 100 sorotipos, costuma ser associado a pneumonia, meningite e sepse;
  • Meningococo (Neisseria meningitidis): possui 12 sorogrupos, mas os principais são A, B, C, W e Y.

Por muito tempo, o sorogrupo C foi o mais predominante no Brasil, sendo alvo da vacina do SUS. Atualmente, o sorogrupo B se tornou o principal no País, responsável por causar surtos de alta letalidade.

A ocorrência se concentra principalmente em crianças menores de 5 anos, conforme dados do painel de meningite do Ministério da Saúde.

Veja os primeiros sintomas da meningite

Nas oito primeiras horas, os pacientes apresentam sintomas inespecíficos, como:

  • Irritabilidade;
  • Perda de apetite;
  • Febre;
  • Náusea/Vômito,
  • Coriza;
  • Dores em geral;
  • Dor em membros inferiores;
  • Sonolência.

No entanto, logo depois, entre nove e 15 horas da infecção, os pacientes registram rigidez na nuca, fotofobia, presença de manchas pelos corpos.

 

Imagem de uma criança com febre para matéria sobre meningite.
Legenda: A febre pode ser um dos sintomas da meningite.
Foto: Shutterstock/PeopleImages.

 

Por fim, próximo de 24 horas, os pacientes já apresentam sintomas graves, que podem ser letrais, como:

  • Confusão/delírio;
  • Perda de consciência;
  • Convulsão;
  • Choque séptico;
  • Falência multi-sistêmica.

A meningite pega pelo ar?

A transmissão da meningite ocorre de pessoa para pessoa por meio de gotículas ou secreções respiratórias. Ao contrário da gripe, que pode ter um contágio pelo ar, a meningite ocorre através do beijo, tosse, espirro, compartilhamento de objetos ou mesmo de saliva a partir da fala.

Diagnóstico da doença

O diagnóstico é confirmado a partir de exames de sangue, averiguando hemograma, eletrólitos, glicemia, entre outros; exame de imagem e punção lombar. A punção lombar ocorre quando extrai o líquido cefalorraquidiano presente entre as vértebras.

Com o líquido extraído, é preciso realizar o:

  • Isolamento da bactéria no líquor;
  • Isolamento da bactéria no sangue em pacientes com alteração no líquor;
  • Detecção da bactéria no líquor por diagnóstico molecular.

Qual o melhor tratamento?

Para tratar meningite, Marcos explicou que o melhor tratamento consiste em aplicar antibióticos, garantir isolamento respiratório, e dar todo suporte médico de emergência — como o controle de febre e de convulsões, realizar a hidratação venosa e reforçar o oxigênio.

Conter a propagação

Em um caso confirmado da doença, os médicos também recomendam outras ações para além do tratamento no paciente. É preciso conter a propagação da doença.

Assim, um grupo deve receber um antibiótico profilático. Dentre as pessoas que precisam ser alertadas para isso, estão:

  • Contatos familiares e íntimos, como creches, orfanatos ou jardim de infância;
  • Contatos que permaneceram 4 horas por dia por cinco dias;
  • Profissionais da área de saúde que entraram em contato com secreções respiratórias do paciente.

Possíveis sequelas da meningite

Mesmo realizando todo o tratamento, a meningite ainda pode deixar sequelas nos sobreviventes. O especialista afirmou que a doença pode estar relacionada com ansiedade, dificuldade de aprendizado e dificuldades emocionais.

Além disso, os pacientes podem apresentar:

  • Perda auditiva;
  • Convulsões;
  • Deficiência motora;
  • Dificuldade cognitiva;
  • Deficiência visual.

Em casos mais graves, quando a doença demora a ser identificada, os sobreviventes podem ter amputações, cicatrizes cutâneas e deficiências renais.

 

Imagem de uma criança sendo vacinada para matéria sobre meningite.
Legenda: A principal forma de prevenção da meningite é por meio da vacinação.
Foto: Shutterstock/PanuShot.

 

Prevenção da meningite

A principal forma de prevenção da doença é por meio da vacinação. Não existe melhor forma de cuidar do que manter um esquema de vacinação atualizado. No entanto, o esquema vacinal vai depender de cada criança. Os pais precisam respeitar o intervalo entre as doses e não esquecer de aplicar as doses de reforço.

É importante lembrar que um só imunizante não protege contra todas as meningites. Existem vários tipos de meningites e de vacinas, por isso, é preciso estar atento a qual imunizante o médico se refere.

* A repórter participou da Masterclass de Meningite da GSK, biofarmacêutica multinacional, em São Paulo.

**Marcos Gonçalves, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP); alergologista e imunologista pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), presidente da Sociedade Alagoana de Pediatria.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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