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A onda de feminicídios no Brasil e a luta eterna contra o machismo estrutural

Uma mulher de 31 anos foi atropelada e arrastada pelo ex-namorado por um quilômetro em São Paulo. Foi socorrida com lesões severas que provocaram a amputação de suas duas pernas. Também em São Paulo, uma cearense foi agredida pelo marido antes de supostamente cair do décimo andar de um prédio. Morreu no local. Na Bahia, um homem de 27 anos retirou sua ex-namorada do banho e a matou a tiros. No Ceará, um policial é suspeito de matar a tiros a esposa, também policial, no Eusébio.

É preciso avançar com políticas públicas que movam estruturas e reduzam as desigualdades de gênero, para além de apenas endurecer a legislação contra agressores

Escrito por
Beatriz Jucáproducaodiario@svm.com.br

Legenda: Manifestantes levaram cartazes com dados e denúncias relacionados a feminicídios
Foto: Nick Oliveira/Rede itinerante de mulheres atuantes (RIMA)

Antes de qualquer coisa, devo avisar que esta coluna aborda uma onda absurda de violência contra as mulheres e pode despertar gatilhos.

Uma mulher de 31 anos foi atropelada e arrastada pelo ex-namorado por um quilômetro em São Paulo. Foi socorrida com lesões severas que provocaram a amputação de suas duas pernas. Também em São Paulo, uma cearense foi agredida pelo marido antes de supostamente cair do décimo andar de um prédio. Morreu no local. Na Bahia, um homem de 27 anos retirou sua ex-namorada do banho e a matou a tiros. No Ceará, um policial é suspeito de matar a tiros a esposa, também policial, no Eusébio.

A lista de crimes horrendos contra mulheres é longa. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública dão conta de 1.492 feminicídios registrados apenas em 2024, representando um aumento de 19% em relação a 2023. E sabemos que, em geral, esses dados são difíceis de contabilizar.

Na semana passada, milhares de pessoas foram para as ruas em protesto, pedindo ações para parar com os altos índices de feminicídio. Alguns dias depois, duas deputadas — Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Sâmia Bomfim (PSOL-SP) — pediram ao presidente Lula que envie ao Congresso um pedido de reconhecimento de estado de calamidade pública pelo aumento de feminicídios no Brasil. O texto apresentado fala de uma epidemia de feminicídios no país e argumenta que a medida pode aumentar recursos para combater o problema.

Em geral, como bem acompanha e destrincha a revista AzMina, o Congresso costuma apostar em uma mesma resposta: aumentar as penas aos agressores. Mais de uma dezena de novas leis foram contabilizadas nesta semana, segundo a revista. De fato, dizer que é crime e aprimorar a legislação é importante, mas não é suficiente para baixar as estatísticas e salvar a vida das mulheres.

É preciso mergulhar na raíz do problema. Aprimorar políticas públicas para acolher as vítimas e criar espaços seguros para que consigam sair do ciclo de violência, além de combater diretamente o machismo estrutural que desemboca na cultura da posse e do controle sobre os corpos femininos. Reduzir as inúmeras desigualdades de gênero: econômica, laboral, moral.

Precisamos mover as estruturas sociais contra uma cultura que subjuga as mulheres, especialmente as mulheres pretas. E pensar nos impactos que essa violência causa às novas gerações. Segundo uma pesquisa de violência contra a mulher realizada pelo DataSenado, sete em cada 10 vítimas afirmam que havia crianças presentes durante a agressão. Como mensurar e minimizar os impactos nessas crianças?

O tema da violência contra a mulher é um dos mais debatidos no Congresso, mas não adianta repetir projetos. Já passou da hora de mergulhar na raiz do problema e garantir recursos para programas que de fato possam começar a mover as estruturas sustentadas pelo machismo. O grito é o de sempre: queremos permanecer vivas.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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