Geraldo e Luís namoraram por mais de dois anos, conforme a família da vítima. No entanto, o relacionamento era conturbado, conforme testemunhas. No dia da morte, uma câmera de segurança flagrou Luís pulando o muro para entrar na casa de Geraldo.
O policial militar Geraldo Ferreira da Silva Júnior virou réu no caso em que é suspeito de matar o ex-namorado, Luís Bezerra de Oliveira. O crime aconteceu em dezembro do ano passado, em Iguatu, no interior do Ceará. A vítima tinha 29 anos e trabalhava como designer de sobrancelhas.
Geraldo e Luís namoraram por mais de dois anos, conforme a família da vítima. No entanto, o relacionamento era conturbado, conforme testemunhas. No dia da morte, uma câmera de segurança flagrou Luís pulando o muro para entrar na casa de Geraldo.
O Tribunal de Justiça do Ceará disse que o policial não teve prisão em flagrante decretada, pois se apresentou espontaneamente após os disparos. Geraldo Júnior, em entrevista ao g1, reforçou a versão de legítima defesa (veja mais abaixo).
O policial militar alegou que a morte foi em legítima defesa, pois teria sido atacado e ameaçado por Luís com uma faca, na tentativa de matá-lo. No entanto, a denúncia do Ministério Público alegou que os laudos periciais enfraquecem essa tese.
A vítima foi atingida com nove disparos, sendo cinco pelas costas — fato que, para o Ministério Público, enfraquece a versão do acusado, de legítima defesa.
“A localização das lesões, especialmente os disparos pelas costas, sugere que alguns tiros podem ter sido realizados após a vítima já estar incapacitada ou caída. Essa circunstância contraria a alegação de que os disparos cessaram assim que a agressão foi neutralizada. Além disso, a dinâmica apresentada pelo declarante não explica de forma convincente a necessidade de tantos disparos em diferentes regiões do corpo”, declarou o MP.
“As contradições entre o laudo cadavérico e a narrativa apresentada pelo declarante sugerem inconsistências significativas na versão dos fatos. Enquanto o declarante sustenta a tese de legítima defesa, as evidências técnicas apontam para possível excesso na utilização da força letal, com disparos realizados além do estritamente necessário para neutralizar a suposta agressão”, complementou.
A Polícia Militar do Ceará informou que o agente encontra-se na 1ª Companhia do 10º Batalhão, em Iguatu, onde presta serviços administrativos, sem o porte de arma; e que o processo relacionado segue em trâmite pela justiça.
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) disse que instaurou processo disciplinar na seara administrativa, estando este em trâmite.
Policial reforça legítima defesa
Ao g1, Geraldo confirmou que o relacionamento com Luis já havia terminado na data do crime. No entanto, na madrugada entre os dias 25 e 26 de dezembro, eles tiveram mais uma discussão.
“Foi uma questão de desentendimento, por ele achar que me tinha na mão. Ele dizia ‘se eu fizer qualquer coisa, tu vai ser transferido, vai ser prejudicado’. Ele estava transtornado”, relatou o policial.
O policial falou também que já havia sofrido outros momentos de ameaça e agressão física. Geraldo revelou que, quando Luís chegava na casa dele, ele escondia a arma pois tinha medo que o ex-namorado atirasse nele. Ele negou negou que ameaçava Luis de morte.
No dia da morte, o policial falou que havia acabado de acordar e estava se arrumando para ir ao trabalho quando foi surpreendido pelo ex-namorado.
“Lá, na hora, é uma situação muito rápida. Eu já estava em uma situaçaõ de total estresse. Ele havia saído de madrugada da minha casa, já tinha me ameaçado com faca”, declarou.
Questionado sobre a quantidade de tiros disparados, Geraldo disse que agiu por “instinto”. “Foi muito rápido. Coisa de dez segundos. Ele veio pra cima de mim, dizendo que ia me matar. Foi totalmente instintivo. Eu não tinha noção”, alegou o militar.
Ele falou ainda que, após o caso, começou tratamento psicológico, psiquiátrico e começou a tomar remédios.
O g1 conversou com uma irmã de Luís. Ela disse que a vítima e o suspeito, identificado como Geraldo Júnior, mantinham um relacionamento há dois anos. À época do crime, O g1 tentou contato com Geraldo Júnior por meio das redes sociais, mas não obteve resposta.
“Ele vivia ameaçando meu irmão. Eu quero justiça porque meu irmão não era bandido, era trabalhador, tinha a profissão dele”, declarou Marciana Oliveira.
Sobre o fato de Luís ter pulado o muro da casa de Geraldo, a irmã alegou não entender o porquê. “Não sei qual foi o motivo para ele pular esse muro. Ele vivia na casa do Júnior [suspeito]. O Júnior vivia na casa da minha mãe. Ele tinha passe livre lá”, disse Marciana.
A irmã disse, inclusive, que o casal havia brigado fisicamente na casa da mãe de Luís dias antes do crime. Ela disse que o casal estava separado, pois Luís teria descoberto uma traição. O policial tentou reatar o relacionamento, mas o designer de sobrancelhas não quis.
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