ONS nega às empresas acesso à rede elétrica e quer mais estudos a respeito. Pressionado, governo federal busca uma solução

Surgiu mais uma dificuldade para a produção de hidrogênio verde (H2V) no Brasil, principalmente no Ceará: o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) negou às empresas com projetos prontos, como a Fortescue e a Casa dos Ventos, acesso à rede elétrica sob o argumento de que são necessários mais estudos.
A questão é uma só: faltam Linhas de Transmissão (LTs) que transportem as energias renováveis – hidráulica, solar e eólica – desde seu local de geração até as áreas onde se instalarão as usinas de H2V. O Ceará é, provavelmente, o estado mais carente dessas LTs.
Esta coluna pode informar que a questão passou a ser de interesse do estado brasileiro. O próprio presidente Lula e seu ministro de Minas e Energias, Alexandre Silveira, por pessoal intermediação do governador do Ceará, Elmano de Freitas, chamaram para si a solução do problema, que não é fácil.
Por exemplo: o ministério de Minas e Energia – segundo revela o site da revista IstoÉ Dinheiro – encomendou estudos a respeito da ampliação das LTs em mais 4 GW, cuja construção só estaria concluída em 2032. Ora, o projeto da Fortescue prevê para 2029 o início da produção do H2V no Hub do Pecém; o da Casa dos Ventos, idem. O desafio que o governo terá de enfrentar e vencer é o de antecipar de 2032 para 2029 a implantação das LTs, como disse o country manager da Fortescue no Brasil, Luís Viga, na entrevista à IstoÉ Dinheiro.
Há uma sinuca de bico: a Fortescue – que considera o seu projeto de produção de H2V no Pecém um dos maiores do mundo, com investimento de US$ 5 bilhões (quase R$ 30 bilhões) – tem um cronograma que prevê, para 2026, a decisão final sobre o empreendimento. Assim, para que o cronograma se cumpra, o governo terá de começar logo a ampliação das LTs. Isto exige a realização de leilões, que demoram a acontecer por causa das providências burocráticas.
Mas o problema é maior para a Casa dos Ventos – que, além do projeto de produção de H2V, tem outro, ainda maior, de construção, também no Pecém, de um gigantesco DataCenter, cujo consumo de energia elétrica é altíssimo.
Neste momento, há novos questionamentos que se erguem, como o relacionado à aparente falta de interesse da maioria das grandes empresas estrangeiras que celebraram Memorandos de Entendimento com o governo do Ceará. Segundo Luís Viga, é preciso que essas empresas demonstrem efetivamente que estão dispostas a investir nos seus projetos. Ele sugeriu que o governo exija dessas empresas garantias bancárias, como já está sendo feito na Europa.
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