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Ibiapina: o futuro beato que virou padre aos 46 anos Cearense de Sobral já foi reconhecido como venerável pelo Papa Francisco

O Padre Ibiapina tinha 46 anos quando decidiu trocar a carreira no Direito para virar sacerdote católico. Isso aconteceu no século XIX. E Ibiapina não mudou apenas a vida dele, mas também as de milhares de pessoas que o conheceram. Mudou para melhor.

Escrito por
Paulo Henrique Rodrigues (o Ph)ceara@svm.com.br
09 de Abril de 2025 – 07:00

Legenda: Padre José Antônio Maria Ibiapina nasceu em Sobral, no dia 5 de agosto de 1806, e foi declarado como venerável pelo papa Francisco
Foto: Reprodução/Vaticano News

Você já pensou em mudar de carreira? Fazer outra coisa da vida: aquilo que sempre sonhou e nunca teve coragem e oportunidade? Faria isso depois dos 40? Ou acha tarde demais, mesmo com a expectativa de vida superando os 70 e o avanço da medicina? Pois foi o que fez um cearense de Sobral que pode virar beato.

Padre Ibiapina tinha 46 anos quando decidiu trocar a carreira no Direito para virar sacerdote católico. Isso aconteceu no século XIX. E Ibiapina não mudou apenas a vida dele, mas também as de milhares de pessoas que o conheceram. Mudou para melhor.

Depois de ter sido professor, político, juiz e advogado, José Antônio de Maria Ibiapina tornou-se padre e decidiu andar pelo Nordeste organizando mutirões. Ele acreditava que religião e fé precisavam de caridade. Era necessário fazer algo pelo povo pobre.

 

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Com esse ideal e muito poder de convencimento, em cada vilarejo por onde passava, ele organizava o povo para construir uma capela, um açude e um espaço para acolher os que mais precisavam, ambiente que era chamado de Casa de Caridade.

Em Jamacaru, zona rural de Missão Velha, por exemplo, ainda há o açude construído em meados de 1800 em mutirão organizado pelo Padre Ibiapina. E nunca secou. É o que garantem o padre Vileci Basílio Vidal e a agricultora Antônia Oliveira Ismael, presidente da associação de pequenos produtores rurais do distrito.

 

Paisagem de açude, com árvores ao redor do espelho d'agua, construído em um mutirão organizado pelo Padre Ibiapina
Legenda: Açude em Jamacaru, zona rural de Missão Velha, construído em mutirão organizado pelo Padre Ibiapina
Foto: Patrícia Silva

 

“Foi modelo de professor e de juiz, porque não se curvou ao poder, depois atuou como deputado, sempre discreto, porém firme. Depois foi advogar para os pobres. Até que resolveu então se dedicar ao sacerdócio”, conta o juiz de Direito Flávio Morais, que trabalha no fórum do Crato e tornou-se magistrado inspirado no padre.

Ele escreveu dois livros sobre o agora venerável, título dado pelo Vaticano semana passada: “A Sombra do Laço” e “Padre Ibiapina: histórias maravilhosas”.

 

“Como eu gostaria de ter conhecido o Padre Ibiapina”, diz a aposentada Maria Silva, moradora de Jamacaru.

 

Em quem não gostaria, dona Maria?

Padre Ibiapina é capaz de fazer falta até para quem nem sabia da existência dele. A gente logo percebe como ele fez diferença quando conhece esse exemplo de fé na prática: a caridade.

Lembrando que foi também modelo de coragem. Isso ele teve de sobra para deixar a vida nos escritórios e andar pelo Sertão enfrentando o desconhecido. Além de tudo isso, é uma inspiração para todos que se acham velhos demais para começar a ser protagonista da própria aventura.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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