Papa Francisco faleceu na madrugada desta segunda-feira (21); Vaticano inicia uma série de ritos que incluem luto oficial, funeral solene e o conclave

Após realizar uma última aparição no domingo de Páscoa, o papa Francisco morreu aos 88 anos, na madrugada desta segunda-feira (21), conforme anúncio da Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano.
Na véspera, mesmo estando em processo de recuperação de uma pneumonia, o papa fez sua última aparição pública na sacada da Basílica de São Pedro, durante a tradicional bênção de Páscoa Urbi et Orbi.
Com a morte do pontífice, uma série de cerimônias e protocolos começam a ser realizados no Vaticano. Entre eles, estão o luto oficial de nove dias, o funeral conduzido pelo Colégio de Cardeais, e o conclave, que ocorre em absoluto sigilo na Capela Sistina para a escolha de um novo papa.
Há ainda gestos simbólicos, conforme o portal Terra, como a destruição do “Anel do Pescador”, e medidas rigorosas de segurança para preservar a eleição.
A seguir, confira os principais rituais que marcam a transição de liderança na Igreja Católica.
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Luto e início do período de transição
A morte de um papa desencadeia oficialmente a “sede vacante”, período em que o trono de São Pedro é declarado vazio. Um luto de nove dias é observado por toda a Igreja, e o funeral ocorre geralmente entre o quarto e o sexto dia após o falecimento.
Durante esta fase, todas as funções papais ficam suspensas, e a administração do Vaticano é assumida temporariamente pelo camerlengo, figura responsável pelos preparativos do funeral e pela organização do conclave. O posto é atualmente ocupado pelo cardeal irlandês Kevin Farrell.
Entre os primeiros atos simbólicos, está a destruição do “Anel do Pescador”, selo oficial do papa, que simboliza o fim de seu pontificado.
Cerimônia de despedida
O funeral de Francisco deve ocorrer na Praça de São Pedro, momento em que haverá a presença de fiéis de todo o mundo, além de autoridades civis e religiosas. A cerimônia será conduzida pelo decano do Colégio dos Cardeais, Giovanni Battista Re, de 91 anos.
Embora a tradição indique o sepultamento nas Grutas do Vaticano, o papa Francisco expressou o desejo de ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, local com o qual sempre teve forte vínculo.
Se isso for confirmado, ele será o primeiro pontífice em mais de 100 anos a não ser sepultado no Vaticano.
Outro pedido feito por Francisco foi por uma cerimônia mais simples: ao invés dos três caixões tradicionais (de cipreste, chumbo e carvalho), o papa será sepultado em apenas dois – madeira e zinco.
A reunião dos cardeais
Entre o 15º e o 20º dia após a morte do papa, os cardeais se reúnem no Vaticano para dar início ao processo eleitoral. Cerca de 120 cardeais com menos de 80 anos têm direito a voto, embora o total de cardeais ativos e eméritos no mundo atualmente ultrapasse 250.
Nas reuniões preliminares, eles debatem possíveis nomes, alianças são formadas nos bastidores, e o clima de confidencialidade domina os corredores do Vaticano. Embora campanhas formais sejam proibidas, a escolha de um novo papa envolve intensas negociações e articulações políticas.
O conclave
A eleição ocorre na Capela Sistina, em um processo envolto em sigilo absoluto. Os cardeais são trancados dentro do Vaticano, no processo conhecido como “conclave”, e ficam privados de qualquer contato com o mundo exterior, inclusive jornais, celulares e televisões.
Toda a área é inspecionada por especialistas para eliminar dispositivos de gravação ou escuta. Os participantes dormem e votam em locais separados e isolados. Dois médicos, padres confessores e funcionários de apoio são autorizados a permanecer, desde que façam juramento de sigilo eterno.
A votação exige maioria de dois terços dos votos e pode durar dias. Nos casos em que o consenso demora a ser alcançado, os cardeais suspendem as votações para momentos de oração e reflexão antes de retomar o processo.
Como acontece a votação do conclave?
No primeiro dia do conclave, os cardeais celebram uma missa e caminham em procissão até a Capela Sistina. Já no segundo dia, iniciam-se quatro rodadas diárias de votação – duas pela manhã e duas à tarde.
As cédulas são padronizadas, com espaço para que os cardeais escrevam o nome de seu escolhido. Os votos são então recolhidos, perfurados com agulha e reunidos em um fio, antes de serem queimados.
A fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina indica o resultado ao público. Fumaça preta significa que nenhum nome atingiu a maioria necessária; branca, que um novo papa foi eleito. Para evitar confusões com a coloração, um corante específico passou a ser usado nas votações mais recentes.
Anúncio do novo papa
Após eleito, o novo pontífice é questionado se aceita a missão e qual nome adotará. Em seguida, os demais cardeais prestam homenagem ao escolhido.
Vestes sob medida são entregues ao novo papa, e ajustes podem ser feitos na hora. Depois disso, ele segue até a sacada da Basílica de São Pedro, onde é apresentado oficialmente ao mundo.
O anúncio tradicional é feito com a frase: “Annuntio vobis gaudium magnum… habemus papam!”, que significa: “Anuncio a vocês uma grande alegria… temos um papa!”. O novo líder da Igreja Católica então faz sua primeira bênção à cidade e ao mundo: Urbi et Orbi.
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