Ferramenta foi desenvolvida pela Supesp e entregue ao PReVio, que atua na prevenção de crimes principalmente contra pessoas mais vulneráveis

Qual a relação da criminalidade com o ambiente social? Há uma relação entre os homicídios e os roubos com índices de educação, trabalho e saúde? São essas e outras perguntas que o Estado do Ceará quer responder, com o cruzamento de dados criminais e sociais, em um painel dinâmico desenvolvido pela Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) e entregue ao Programa Integrado de Prevenção e Redução da Violência (PReVio).
O Painel, nomeado de Observatório de Prevenção à Violência, começou a ser utilizado de forma experimental, neste mês de abril. O acesso será voltado ao público interno do PReVio – ao contrário de outros painéis desenvolvidos pela Supesp, que são divulgados publicamente no site da Superintendência, como homicídios, violência contra a mulher, apreensão de armas de fogo e drogas, entre outros.
O superintendente da Supesp, Nabupolasar Feitosa, explica que, “antes, a gente fazia análises, o diagnóstico, e entregava para o PReVio. Porém, era algo estático. E daqui a 2 ou 3 meses, o ambiente de crise da segurança pública vai mudando”.
Com o Painel Dinâmico, o PReVio e os seus órgãos parceiros terão atualizações frequentes dos dados criminais, cruzados com dados sociais. “É importante que eles tenham também o dado de uma forma mais dinâmica. Todos os dados são tratados e acompanhados aqui na Supesp, e a gente entrega para o PReVio, que tem a necessidade de acompanhar jovens e outros grupos vulneráveis”, acrescenta Nabupolasar.
Esse Painel tem dados sobre educação, saúde, segurança, números de homicídios e dados que a gente recebe de outras secretarias. O PReVio realiza um trabalho de prevenção da violência, então é importante ter muitos indicadores.”
O coordenador executivo do PReVio, Avilton Júnior, destaca que o Observatório irá mapear as vulnerabilidades sociais do Estado. “Algumas delas têm a ver diretamente com questões de desigualdade, de oportunidades de trabalho para a juventude, de relações parentais frágeis”, indica.
(O Observatório) Contempla uma série de indicadores a nível municipal, muitas vezes até ao nível de bairro, que serve para integrar informações relacionadas aos aspectos da violência com os aspectos que dizem respeito às causas da violência, que vão desde a evasão escolar, abandono e gravidez na adolescência de forma não planejada a Crimes Violentos Letais Intencionais, Crimes contra o Patrimônio e violência de gênero.”
Segundo Avilton Júnior, a tecnologia irá ajudar o PReVio a desenvolver “projetos voltados para a juventude, como Jovens Mediadores, Virando o Jogo, as ações do Núcleo de Ação pela Paz, e projetos voltados para a questão da redução da violência contra as mulheres, como o Empodera e o Emancipa”. “A gente tem muita expectativa de que, com a medida que a gente vai implementando (os projetos), vá criando nos territórios priorizados uma redução significativa nos indicadores (de violência)”, conclui.
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Crimes contra animais
A Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública, órgão vinculado à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) que completa 7 anos no próximo mês de maio, também trabalha com a coleta e a organização de dados sobre crimes contra animais no Ceará. Os dados devem ser integrados ao Painel Dinâmico da Pasta, que são divulgados publicamente.
O superintendente Nabupolasar Feitosa adiantou que a organização dos dados revelou que a maioria dos crimes contra animais, no Ceará, aconteceu em áreas litorâneas. O Painel deve ser finalizado e lançado nos próximos meses.
painéis dinâmicos, com estatísticas criminais de 2015 a 2025, são divulgados no site da Supesp. Os temas são: homicídios, feminicídios, roubos, furtos, crimes sexuais, apreensão de armas de fogo, apreensão de drogas, violência contra a mulher, homofobia e transfobia, crimes de preconceito, crimes contra indígenas, incêndios e buscas e salvamentos.
Além dos painéis dinâmicos, a Supesp faz orientações para a Segurança Pública, a partir de dados. Nos últimos meses, a Superintendência colaborou com a definição dos locais onde deveriam ser instalados um novo Núcleo da Perícia Forense do Ceará (Pefoce), que será sediado no Município de Tianguá; e uma nova Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) em Fortaleza, que já foi instalada no bairro Papicu.
O Órgão também criou tecnologias como o Sistema Tecnológico para Acompanhamento de Unidades de Segurança (Status), que permite batalhões da Polícia Militar e delegacias da Polícia Civil acompanharem dados de crimes em tempo real, com a exata localização no mapa do Ceará, e assim traçarem estratégias de curto a longo prazo. “Não existe nenhuma política pública que se faça sem número, sem dado. Toda a segurança pública hoje atua com base em evidências”, frisa Nabupolasar.
O diretor de Estatísticas da Supesp, Franklin Torres, explica como se dá o trabalho dos estatísticos do Órgão para atualizarem os dados diariamente: “A gente inicia o acompanhamento pelo dado do SIP (Sistemas de Informações Policiais), da Polícia Civil, que é a fonte principal e a autoridade competente para classificação de crimes. A partir dele, a gente vai verificando as outras fontes também, como a Polícia Militar, a Perícia”.
“Diariamente, a gente alimenta os painéis dinâmicos internos, para que todos já tenham automaticamente essa informação. Para uma questão de reação e de atuação nas ruas”, completa Torres.
Questionado sobre o uso de Inteligência Artificial, Franklin Torres revela que a Supesp “já tem de uma maneira um pouco incipiente” e aperfeiçoa a tecnologia, para facilitar o levantamento e a análise de dados: “A gente tem iniciado o uso da Inteligência Artificial para nos ajudar nessas ferramentas, em análises, para mostrar o que o olho humano não consegue ver muitas vezes. Até porque a gente trabalha muito com Big Data (grande base de dados) e, às vezes, não tem tempo de analisar caso a caso”.
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