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Hospital público do Ceará utiliza ossos impressos em 3D para treino de cirurgias complexas

A medicina cearense tem se aliado à tecnologia para criar condições de formação de novos profissionais. Essencial, o ofício exige muita prática, principalmente quando o assunto é cirurgia. No Ceará, um hospital público tem feito a impressão de ossos em 3D para facilitar a prática cirúrgica.

Processo facilita aprendizado de residentes e anula necessidade de doação de cadáveres para prática

Escrito por
Theyse Vianatheyse.viana@svm.com.br
27 de Abril de 2025 – 10:00

Profissionais de otorrinolaringologia usam ossos impressos em 3D para treinar cirurgias
Legenda: Médicos e residentes do HUWC utilizam partes anatômicas impressas, similares às humanas, para treinar cirurgias
Foto: Victor Hudson/Ebserh

A medicina cearense tem se aliado à tecnologia para criar condições de formação de novos profissionais. Essencial, o ofício exige muita prática, principalmente quando o assunto é cirurgia. No Ceará, um hospital público tem feito a impressão de ossos em 3D para facilitar a prática cirúrgica.

A técnica, já utilizada em países como a Alemanha, tem sido aplicada no Ambulatório de Diagnóstico, Habilitação e Reabilitação Auditiva do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), instituição da Universidade Federal do Ceará (UFC) gerida pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

 

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O osso impresso pelos profissionais do HUWC é o temporal, que guarda o órgão auditivo humano, como explica o médico otorrinolaringologista Marcos Rabelo, coordenador do ambulatório.

Com a criação da peça em resina, então, os residentes podem praticar cirurgias de ouvido sem a necessidade de cadáveres. “Hoje, a legislação ficou mais rigorosa e temos poucos cadáveres disponíveis para universidades. E não tínhamos como treinar esses residentes sem peças anatômicas”, destaca Marcos.

 

Profissional de saúde olha no microscópio durante treino de cirurgia
Legenda: Impressão de peças que simulam ossos torna prática cirúrgica mais barata e precisa
Foto: Victor Hudson/Ebserh

 

A solução, então, foi coletar uma imagem tomográfica com o formato exato do osso desejado, reconstruí-la em 3D e realizar a impressão em resina. “É uma estrutura sintética, mas muito parecida à humana. Precisam posicionar alguns detalhes, como o nervo facial, os vasos, e conseguimos fazer isso”, comemora o médico.

Marcos reforça que o treinamento reforçado é indispensável para que os residentes cheguem às cirurgias reais preparados, uma vez que “não é ético” treinar diretamente nos pacientes que necessitem do procedimento.

Tecnologia mais barata

Os materiais aplicados no HUWC não são os mesmos alemães nem os utilizados pela Universidade Federal de São Paulo (USP), como pontua Marcos. “Conseguimos fazer isso a um custo bem mais barato”, reforça.

“Não estamos comercializando isso, estamos em fase final de produção para patentear e fazer em escala maior, mas já está dando resultado. Em 3 anos, temos feito o treinamento dos residentes com esse material já nosso”, resume.

“Hoje em dia não tem como treinar procedimento cirúrgico complexo direto no paciente, então temos feito isso. Isso tem sido cada vez mais disseminado, junto à realidade virtual. E ele reproduz muito a consistência do osso. Tem sido bem interessante”, acrescenta o coordenador do ambulatório.

 

R$ 2 mil
é o custo médio de um osso temporal impresso na Alemanha, caso fosse necessário importá-lo para prática de residentes em otorrinolaringologia no Ceará.

 

O aprimoramento e a patente da técnica podem permitir, no futuro, a ampliação da impressão de ossos de outras partes do corpo, facilitando práticas cirúrgicas de áreas além da otorrinolaringologia.

“Como conseguimos uma consistência muito parecida à de um osso humano, um procedimento ortopédico, por exemplo, poderia ser feito com o mesmo material”, exemplifica o médico.

Ele reforça, ainda, a importância da pesquisa dentro da universidade pública para fortalecer iniciativas como essa. “Mesmo com a grande quantidade de universidades privadas, a universidade pública continua sendo o celeiro de produção científica e tecnológica”, orgulha-se.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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