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Negócios ilegais na fronteira e joias em Hilux: o que está por trás de mortes de turistas no Ceará

O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou quatro homens pelas mortes de dois empresários turistas assassinados enquanto trafegavam em uma Hilux, na Praia do Futuro, em Fortaleza. Na denúncia, o MP diz que "possivelmente as vítimas desempenhavam atividades ilegais, de âmbito transnacional, na fronteira do Brasil com o Paraguai, o que atraíam riscos e inimigos".

A Polícia apontou que as vítimas também eram envolvidas no ramo das ‘casas de apostas’ e ‘rinhas de galo’.

Escrito por
Emanoela Campelo de Meloemanoela.campelo@svm.com.br
28 de Abril de 2025 – 14:00

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Legenda: Os empresários investiam na criação de galos, nos seus estados de origem, o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro, e, segundo a Polícia, também atuava em rinhas de galos – o que é proibido e pode ser configurado como crime ambiental no Brasil.
Foto: Reprodução/Redes Sociais

O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou quatro homens pelas mortes de dois empresários turistas assassinados enquanto trafegavam em uma Hilux, na Praia do Futuro, em Fortaleza. Na denúncia, o MP diz que “possivelmente as vítimas desempenhavam atividades ilegais, de âmbito transnacional, na fronteira do Brasil com o Paraguai, o que atraíam riscos e inimigos“.

No carro estavam o gaúcho André Luís Guellen e o carioca Renato Faria de Azeredo. Eles também eram envolvidos com atividades do ramo das ‘casas de apostas’ e ‘rinhas de galo’.

A acusação diz que no local dos crimes foi encontrada expressiva quantidade de joias em ouro e uma quantia de dois mil guaranis (moeda do Paraguai) com as vítimas.

No último dia 19 de abril, quatro homens foram denunciados pelo duplo homicídio. Já nessa quarta-feira (23), o MP aditou a denúncia, acrescentando que os acusados ainda usaram arma de fogo de uso restrito para praticar a ação criminosa.

 

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O PAPEL DE CADA UM DOS ACUSADOS NO CRIME

São apontados como autores do crime: Ítalo Rafael Silva Santos, executor dos disparos; Júlio César do Nascimento e Gabriel Carlos do Nascimento Silva, que teriam dado apoio material; e Pablo Lucas Simões Soares, com o apoio logístico.

Júlio e Gabriel são primos e foram presos em Pernambuco, horas após as mortes. Já Ítalo Rafael foi preso nesta semana, em Sergipe. Pablo continua na condição de foragido da Justiça.

 

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Legenda: As vítimas estavam em uma barraca de praia e foram seguidas

 

O atirador teria vindo de Recife e chegado em Fortaleza no dia 1º de abril de 2025, data do crime. Foi recebido pelos seus comparsas, que utilizaram um carro alugado por Gabriel.

 

” O réu Ítalo Rafael obteve todo o apoio de Júlio César, Gabriel Carlos e Pablo Lucas para pegar a motocicleta utilizado no crime, adquirida no dia anterior. O réu Ítalo Rafael deslocou-se até a Praia do Futuro e interceptou o veículo das vítimas no cruzamento da Avenida Santos Dumont com Avenida Dioguinho, oportunidade em que desferiu disparos a curta e média distância (contra o motorista e o passageiro, respectivamente), gerando o óbito das vítimas”
MPCE

 

Em seguida, foi resgatado pelos demais acusados, que estavam em um Fiat Cronos. Foi deixado no aeroporto para retornar à Recife, no primeiro voo disponível. Logo em seguida, os primos seguiram para acidade de Petrolândia, também em Pernambuco, “com o intuito de se livrar da prisão em flagrante e dificultar a investigação dos crimes de homicídio”.

HOMICÍDIO ANTERIOR

O duplo homicídio que vitimou os empresários André e Renato pode estar relacionado ao assassinato do ex-sócio da dupla, o cearense Victor Gutemberg Bezerra Ramos, morto aos 29 anos, em um resort de luxo em Salvador, na Bahia, em 2022. A Polícia Civil do Ceará (PCCE) investiga se há relação entre os dois crimes.

Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, os três homens eram sócios de uma casa de apostas online (conhecida como ‘bet’). Entretanto, segundo familiares de André e Renato, o negócio foi encerrado no ano passado, quando o Governo Federal começou a regulamentar o mercado. 

A dupla investia na criação de galos, nos seus estados de origem, o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro, e, segundo a Polícia, também atuava em rinhas de galos – o que é proibido e pode ser configurado como crime ambiental no Brasil.

A viúva de Renato de Azeredo, que é cearense, confirmou ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da PCCE, que ela e o marido estavam hospedados no mesmo resort em que Victor Gutemberg foi assassinado, mas não soube informar qual foi a motivação do crime ocorrido na Bahia.

Questionada se André também estava no local, a mulher disse que “não tem certeza, mas acredita que ele também estava hospedado no resort”.

Já a viúva de André Guellen, que é catarinense, disse que ela não estava no resort em Salvador quando ocorreu o crime e que soube do homicídio pelo que Renato e a esposa falaram para ela e o marido.

Os policiais civis e peritos forenses que atenderam a ocorrência de duplo homicídio encontraram, na central de multimídia do veículo – pertencente a Renato -, uma chamada com um contato salvo como Facção Guerra Pura.

Questionada pelo DHPP sobre o contato, a viúva de Renato informou à Polícia que era “um amigo de Renato, e que todos o chamam por este apelido, mas a depoente não sabe seu nome”, segundo o Termo de Depoimento. As duas mulheres negaram que os maridos integravam organização criminosa e disseram desconhecerem ameaças aos mesmos.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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