Água jorrando de cano gigante forma atração turística na região do açude, que voltou a sangrar após 14 anos

O gigante Orós, segundo maior açude do Ceará, voltou a sangrar no último fim de semana após 14 anos. O espetáculo atraiu centenas de visitantes para a região a fim de ver a água escoando e renovar a esperança em bons anos de abastecimento. Outra atração à parte é o “véu de noiva”, uma flor de água que jorra de uma grande válvula lateral.
Esse dispositivo foi construído na década de 1980 para transportar a água do Orós para agricultores e produções que estão mais distantes de suas margens. A válvula dispersora também mantém o rio Jaguaribe permanente, já que ele é temporário e ficaria seco por vários meses caso o Orós não existisse.
Porém, principalmente pelo tamanho e beleza da vazão, a válvula se tornou um dos grandes pontos de visitação turística da cidade, oferecendo banho e lazer aos visitantes.
Além disso, por conta da alimentação do canal, formou-se um trajeto de paisagens naturais que foi apelidado de “Tuninho”. Apesar da beleza, moradores afirmam que ele só deve ser acessado por pessoas treinadas e com equipamentos de segurança.
Welliton de Souza Ferreira, titular da Gerência Regional da Bacia do Alto Jaguaribe, destaca que a liberação pela válvula do Orós com destino ao rio Jaguaribe visa atender, principalmente, demandas de abastecimento humano de sedes municipais, distritos e comunidades ribeirinhas.
“O véu de noiva é um chamativo turístico e tem dois papéis: liberar água para perenizar o Rio, e outra ecológica, porque essa água é do fundo do rio. Ele ajuda a oxigenar a água e a evitar que ela fique muito tempo parada juntando resíduos”, explica.
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História do Orós
A barragem do Orós, que demorou 40 anos para ficar pronta e foi inaugurada em 1961, ocupou o posto de maior reservatório do Ceará até 2002, ano em que o Castanhão foi construído.
Dada a grave seca no Ceará em 1877, o imperador Dom Pedro II reuniu uma comissão de estudiosos para discutir consequências e soluções para o problema. Foram sugeridas barragens e projetos de canalização das águas, mas até 1911, não houve avanços sobre o Orós.
O engenheiro Miguel Arrojado Lisboa organizou trabalhos de observações geológicas das diferentes bacias hidrográficas e, naquele ano, a região do Boqueirão do Orós passou a ser estudada de perto.
Só em 1919, o presidente Epitácio Pessoa sancionou uma lei com planos para a construção de grandes barragens no Nordeste. Ainda demoraria dois anos até o início do projeto executivo de construção.
Nas quatro décadas seguintes, a obra enfrentou problemas por causa de chuvas intensas e suspensões de obras públicas. O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) retomou os trabalhos no fim dos anos 1950. Finalmente, em 5 de janeiro de 1961, o reservatório foi concluído.
Para que serve a água do Orós?
O Orós tem como finalidades a perenização do Rio Jaguaribe, irrigação do Médio e Baixo Jaguaribe, piscicultura, culturas agrícolas de áreas de montante e turismo.
O reservatório é responsável por atender às sedes dos municípios de Orós, Icó, Pereiro, Jaguaretama e Jaguaribe, além de diversos distritos, pequenos cultivos da agricultura familiar e outras fontes de geração de renda para os produtores locais.
Segundo a Cogerh, o Orós tem capacidade para 1,9 bilhão de metros cúbicos de água. A sangria beneficia aproximadamente 70 mil pessoas.
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