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Yane Marques, vice-presidente do COB, celebra 100 dias de gestão, cita CFO e projeta LA 2028

Yane Marques é a primeira mulher a chegar a um dos maiores cargos do esporte nacional: vice-presidência do Comitê Olímpico Brasileiro. Medalhista em Londres 2012, a pernambucana dedicou 13 anos da vida como atleta do pentatlo moderno. Dessa vez, do outro lado do pódio, a ex-atleta vive o desafio de trabalhar ainda mais para o crescimento desportivo do país. Ao lado de Marco La Porta, ela celebra os 100 anos da gestão “Juntos por uma nação esportiva”, completados no último dia 25 de abril. 

Um dos avanços é o apoio às Confederações e maior aproximação dos atletas

Escrito por
Crisneive Silveiracrisneive.silveira@svm.com.br
28 de Abril de 2025 – 15:33

(Atualizado às 17:54)
Legenda: Yane Marques, vice-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Foto: Rafael Bello/COB

Yane Marques é a primeira mulher a chegar a um dos maiores cargos do esporte nacional: vice-presidência do Comitê Olímpico Brasileiro. Medalhista em Londres 2012, a pernambucana dedicou 13 anos da vida como atleta do pentatlo moderno. Dessa vez, do outro lado do pódio, a ex-atleta vive o desafio de trabalhar ainda mais para o crescimento desportivo do país. Ao lado de Marco La Porta, ela celebra os 100 anos da gestão “Juntos por uma nação esportiva”, completados no último dia 25 de abril.

Entre as conquistas, a descentralização administrativa da entidade, com representações em outras regiões do Brasil, o Programa de Suporte às Confederações, a maior aproximação dos atletas. Além disso, a revisão orçamentária e a candidatura do Rio de Janeiro para o Pan-Americano de 2031 e planos para o Centro de Formação Olímpica, em Fortaleza.

 

A gente está plantando várias sementinhas. Temos uma proposta de tornar o COB muito mais Brasil, presente em todas as regiões. Hoje isso não é uma realidade. Vamos abrir um pequeno escritório em Recife, vai ser uma base para o COB, para as confederações, para os atletas e jogar luz aí no Nordeste. Inclusive, a própria permanência da vice-presidente no Nordeste, em  Recife.
Yane Marques

Vice-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB)

 

“Estamos abrindo escritório em São Paulo, com uma pegada mais comercial e um em Brasília. Entendemos que esse componente da política pública precisa estar perto. Há uma representação nossa lá também e isso já é uma mudança que tem impacto gigantesco. A gente está colocando nos trilhos, encaixando, e daqui a pouco o trem sobe e segue o caminho com fluidez. Estamos nesse momento, mas muita coisa boa já aconteceu”, completa.

CFO

Em março, a dirigente conheceu o CFO para formalizar uma parceria que foca em aprimorar o uso do equipamento para desenvolver o esporte de alto rendimento em outras regiões. A entidade também trabalha num projeto de certificação dos Centros de Treinamento.

“O CFO é nosso novo queridinho. Estamos entendendo qual seria a melhor forma de operarmos em parceria com o Governo do Estado do Ceará e com o Comitê Paralímpico. Vamos encontrar um caminho para dar vida a esse equipamento gigantesco e dar oportunidade para um monte de gente se encantar por esporte e, enfim, praticar”, afirmou.

 

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Legenda: Yane Marques ao lado de Rogério Pinheiro, secretário do Esporte do Estado, em visita ao CFO, no mês de março.
Foto: Yane Marques/Arquivo Pessoal

 

ORÇAMENTO

Em dezembro de 2024, a Assembleia Geral da entidade aprovou o valor de R$ 594 milhões para este ano. A vice-presidente ressalta que a questão orçamentária tem sido trabalhada com seriedade.

“Ano passado, na gestão anterior, o orçamento 2025 foi aprovado com déficit de 70 milhões. Isso nos preocupa demais. Então, nós colocamos todas as áreas do COB para ver o que a gente pode fazer pra trazer essa saúde financeira ao Comitê. Estamos conseguindo. Já temos um impacto grande nisso. Trazendo sempre tudo para o Conselho de Administração, que aconselha e nos aponta riscos, potenciais e possibilidades. E todo mundo tem a liberdade de falar, de sugerir. A gente tem feito reuniões de trabalho com as Confederações, com a comissão de atletas…”, destacou.

PROGRAMA DE SUPORTE ÀS CONFEDERAÇÕES

“É para que as confederações se mantenham vivas, realizando eventos, apoiando a carreira dos atletas, fomentando suas modalidades. Isso vai acontecer de forma transparente e objetiva, dentro do sistema financeiro do COB, de modo que todo mundo seja beneficiado. E assim a gente impacta muito positivamente no desenvolvimento das modalidades olímpicas no país. Estamos numa aproximação intensa com as confederações, Eu e La Porta estamos nos dividindo para estar em tudo ao mesmo tempo.”, afirmou.

“Estamos absorvendo as novas Confederações, que precisam de ajuda para se estruturar, e vão começar a receber recurso do repasse das loterias. Estamos criando um recurso direcionado às confederações que, por má gestão anterior, não conseguiram receber esse repasse oriundo desta fonte, recurso público, porque não estão ok com documentação, prestação de contas. A gente quer devolver para eles essa autonomia, esse poder de fazer eles mesmos utilizarem o recurso da forma que eles acharem interessante, aprovado junto ao COB, como todos os projetos”, completou.

 

Legenda: Yane Marques e Marco La Porta, vice e presidente do COB.
Foto: Alexandre Loureiro/COB

 

PAN-AMERICANO 2031

“La Porta vai à Lima para começar essas aproximações com os comitês olímpicos pan-americanos, se apresentar como Brasil, com potencial de fazer um baita evento. Apresentamos a candidatura, aí tem a eleição… Temos valorizado muito a representação brasileira em entidades internacionais. É importante para a gente e dá espaço para oportunidades de trazer grandes eventos, que alimentem uma demanda nossa de inspiração, de  motivação, de fomento de modalidades”, afirmou Yane.

PARTICIPAÇÃO DE MULHERES

Yane é formada em Educação Física, tem pós-graduação em Gestão Pública, curso avançado em Gestão Esportiva. Também foi secretária de Esporte de Recife por oito anos. Além disso, presidiu o CACOB (Conselho dos Atletas do COB) por quatro anos e vice por mais quatro.

 

É a primeira vez que o COB tem nesse nível de presidência, de vice-presidência, no meu caso vice-presidente, uma mulher. Esse voto de confiança merece um destaque, uma luz. Mas no sentido de que a comunidade esportiva do Brasil acredita numa medalhista olímpica, numa mulher, numa mãe, numa nordestina, e super dedicada ao que faz.
Yane Marques

Vice-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB)

 

“É uma conjuntura de: acreditamos nela, a gente acha que ela tem potencial, ela se preparou pra isso. E a gente vive esse momento histórico. Carrego nos meus ombros essa responsabilidade, que é coletiva. Quero que as mulheres se sintam representadas, mas não apenas. Mas encorajadas. Sinto muita saudade da minha família, estou viajando muito, tenho uma filha de cinco anos, um marido maravilhoso, uma mãe sempre muito perto, que me fazem muita falta por conta da minha entrega a essa missão. Eu me dispus a viver”, afirma.

 

imagem mostra mae ao lado da filha
Legenda: Yane Marques ao lado da filha e da mãe.
Foto: André Durão/COB

 

O COB tem uma área dedicada a pensar especificamente a participação da mulher em várias frentes: seja atleta, treinadora, fisioterapeuta, gestora e outras perspectivas. Um dos programas é o MIRA (Mentoria Individualizada Reflexão e Ação), que capacita as treinadoras tecnicamente e para que exerçam a função com maior autonomia.

Também há um trabalho de descentralização de recursos das confederações para que direcionem para ações de fomento à participação da mulher na referida modalidade e nas funções que envolvam ela. Outra conquista foi o resgate do Fórum da Mulher no Esporte, realizado no Rio de Janeiro, com grande engajamento.

“É, de verdade, uma vida de abnegação de novo. Abri mão da minha vida para ser atleta, para ganhar a tão sonhada medalha olímpica, e agora estou abrindo mão da minha vida de novo para fazer a minha história se reproduzir na vida de tantos atletas. Agora o sonho deles virou o meu também.  Virou COB também. Tem sido intenso e prazeroso”, completa.

 

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Legenda: Yane Marques durante a festa da posse da gestão “Juntos Por Uma Nação Esportiva”, do COB.
Foto: André Durão/COB

 

LOS ANGELES 2028

O Brasil segue a preparação para os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028. Yane Marques será chefe da delegação pela primeira vez. A vice-presidente do COB destaca o trabalho nesse período e revela que a gestão já pensa em Brisbane 2032.

“O nosso lema é “Juntos por uma nação esportiva”. Juntos. O COB sozinho não vai conseguir. Estamos liderando esse movimento para termos várias mãos envolvidas e que possamos ser, de verdade, uma nação esportiva competindo em alto nível. Estamos trabalhando para chegar em LA com um timaço que foi bem cuidado, revelado , oportunizado, com condições de treino, acesso. Lógico que queremos medalhas. Mas  entendemos, hoje, que a medalha do futuro precisa ser trabalhada agora. No COB, já falamos de Brisbane 2032”, afirma.

“Uma atleta olímpico não se faz em três anos, mas em oito a gente consegue alguma coisa. E estamos nessa de encontrar, de garimpar talentos, fazer o melhor que a gente puder para chegar bem em Los Angeles. Já temos atletas bons, maduros, que vão ter toda atenção do mundo que precisam para chegar bem lá, mas a gente quer fazer crescer esse número de atletas que podem representar bem o Brasil. É uma gestão pé no chão, sem imediatismo, mas pensando que o trabalho de agora terá um reflexo bom para frente. Vai ser em Los Angeles já? Deus queira que sim. Vou estar de chefe de missão lá, quero ouvir muito grito de medalha, me emociona, que tudo dê certo. Vou me preparar bastante para ser uma chefe de missão na altura que o Brasil e os atletas merecem”, completou.

 

Legenda: Yane Marques no pódio das Olimpíadas de Londres 2012, quando conquistou a medalha de bronze no pentatlo.
Foto: Vaterci Santos/AGIF/COB

 

O Comitê também está atento às modalidades menos populares. Dois bons exemplos são o tiro com arco e o tênis de mesa, que ganharam maior projeção em Paris 2024, com Marcus D’Almeida e Hugo Calderano. A própria Yane é bronze no pentatlo, esporte pouco conhecido.

“Além de esportes pouco tradicionais, são esportes com grandes possibilidades de medalha. Temos algumas modalidades com muitas disciplinas. Tiro esportivo tem: pistola de ar, carabina, carabina de ar… Mais de 20 possibilidades de medalha. Temos que tentar chegar na competição com atletas o máximo possível dessas disciplinas, porque aumentam as chances de medalha. Então, temos sim um olhar atento a essas possibilidades. Obviamente, as modalidades que já são confirmadas, que carecem da manutenção desse apoio, dessa atenção, vão ter”, afirma.

FUTURO

Dona da única medalha do pentatlo moderno na América Latina, além de dois ouros e uma prata em Pan-Americanos e de uma prata e um bronze em Campeonatos Mundiais, a vice-presidente busca ser espelho para outros atletas não só nos resultados, mas no engajamento pela melhoria do esporte olímpico e dos atletas no Brasil.

 

Quero deixar um legado de uma gestão muito humana, muito sensível. Que as pessoas reconheçam que essa minha entrega agora independe de um projeto…. É pelo esporte. É minha paixão. Faço isso porque estou realmente me entregando e querendo realizar junto com os atletas os sonhos das medalhas, das conquistas pessoais, dos índices individuais, e olhar para trás e dizer: que entrega massa! Quanta coisa boa a gente está colhendo, porque conseguimos trabalhar e ajudar, de confederações que amadureceram, de atletas que se engajaram. Foi honesto, foi justo. Uma coisa dessa só tem que dá certo.
Yane Marques

Vice-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB)

 

 

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Legenda: Yane Marques durante a festa da posse da gestão “Juntos Por Uma Nação Esportiva”, do COB.
Foto: André Durão/COB

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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