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Açude Orós, que sangrou após 14 anos, também envia água ao Castanhão; veja como ocorre

O maior e mais importante rio do Ceará, o Rio Jaguaribe, tem em seu caminho dois reservatórios gigantes: o Castanhão e o Orós. Este último, segundo maior do Estado, voltou a sangrar após 14 anos no dia 26 de abril e contribui diretamente para o abastecimento do maior.

Mais de 100 km separam os dois principais responsáveis pelo abastecimento do Ceará

Escrito por
Nícolas Paulinonicolas.paulino@svm.com.br
29 de Abril de 2025 – 14:00

(Atualizado às 14:07)
Vista lateral do sangradouro do açude Orós, cheio em abril de 2025
Legenda: Orós acumula 1,9 bilhões de metros cúbicos de água e é o segundo maior açude do Ceará
Foto: Ismael Soares

O maior e mais importante rio do Ceará, o Rio Jaguaribe, tem em seu caminho dois reservatórios gigantes: o Castanhão e o Orós. Este último, segundo maior do Estado, voltou a sangrar após 14 anos no dia 26 de abril e contribui diretamente para o abastecimento do maior.

A água do Orós é levada ao Jaguaribe por meio de um sistema construído e, a partir dele, também chega ao maior açude do Estado, o Castanhão. Os dois reservatórios também são o primeiro e terceiro maiores do Brasil, respectivamente. Essa transferência de água ocorre constantemente, desde que o Orós não chegue ao volume morto, mas quando ele está com alto volume, transbordando, há um incremento na quantidade desse envio.

Atualmente, o Orós envia 793 litros por segundo para perenizar o rio (tornar permanente), de acordo com o Portal Hidrológico da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).

 

 

O Jaguaribe é um rio temporário e costuma secar em períodos de estiagem. Portanto, depende de obras hidráulicas para permanecer correndo ao longo de todo o ano. O curso d’água nasce numa região entre os municípios de Tauá e Parambu e recebe recarga de diversos afluentes, como o Trici, o Jucás, o Bastiões e o Trussu.

“Alguns deles têm açudes, que quando sangram desaguam para o Jaguaribe até chegar ao Orós. Eles vão se unindo”, explica Welliton de Souza Ferreira, gerente regional da Bacia do Alto Jaguaribe da Cogerh.

No entanto, a água não fica represada no Orós (cuja capacidade é de 1,9 bilhão de metros cúbicos). Durante o ano todo, desde a década de 1980, uma válvula dispersora direciona a água do reservatório para o leito do Jaguaribe.

 

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“Soltamos a água pela válvula até para perenizar a cidade de Jaguaribe, que depende do abastecimento do Orós pelo fluxo natural do rio. Ele passa por lá para então chegar ao Castanhão, em Jaguaribara”, diz Welliton.

 

Assim, a válvula do Orós pereniza o rio Jaguaribe em mais de 100 quilômetros, até chegar ao gigante cearense, o Açude Castanhão, capaz de armazenar 6,7 bilhões de metros cúbicos de água. Atualmente, ele está com 30% do volume total (cerca de 2 bilhões de m³).

 

Mapa de açudes do Ceará destacando tamanho do Orós e do Castanhão
Legenda: Mapa detalha ligação entre o Orós (abaixo) e o Castanhão (acima) por meio do Rio Jaguaribe
Foto: Portal Hidrológico do Ceará

 

Segundo Welliton, o Orós foi o sexto açude da bacia do Alto Jaguaribe a verter em 2025, comprovando boas chuvas na região. “É bem gratificante ter todo esse volume para garantir o abastecimento não só para o pessoal que mora em torno do açude, mas também para a perenização natural do rio, que serve para o açude Castanhão”, destaca.

 

70 mil
pessoas são beneficiadas pela sangria do Orós, conforme a Cogerh.

 

 

Foto do açude Castanhão em fevereiro de 2025, com água, áreas verdes e as comportas fechadas
Legenda: Castanhão está atualmente com 30% da capacidade total
Foto: Ismael Soares

 

Véu de noiva

A válvula dispersora que destina a água para o Jaguaribe é também conhecida como “véu de noiva”, pelo formato dos jatos que se assemelha a uma grinalda. Além de liberar o recurso para o rio, as bombas têm função ecológica porque retiram águas profundas do açude, impedindo o acúmulo de resíduos e favorecendo a oxigenação.

Welliton explica que a retirada de água fica a 30 metros de profundidade. A interrupção do bombeamento só ocorreria se o nível do açude baixasse para o volume morto.

 

 

Além de utilizar o véu de noiva, o açude desempenha um papel estratégico no abastecimento de três hidrossistemas da região: Orós–Feiticeiro, Orós–Lima Campos e Orós–Jaguaribe, essenciais para o fornecimento de água para consumo humano e irrigação, geralmente por adutoras e canais.

Orós vai sangrar mais?

O Orós começou a sangrar na noite do último sábado (26), com uma pequena lâmina de água escorrendo pelo vertedouro. Na última segunda (28), a Cogerh registrava uma altura de 2 cm. O gerente regional detalha as expectativas de um aumento no volume.

“Como está escorrendo pouco, acredito que chegue no máximo a 5 cm, se não tiver novas chuvas. É uma estimativa bem otimista, porque depende de muita água para expandir esse volume. Se der uma chuva de 100 mm na região, dá para passar um dia com 10 cm, 15 cm, mas é uma coisa bem rápida. No momento, ele está cheio, mas a sangria é discreta”, projeta.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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