Discrição, boa relação com Ednaldo e resistência a Jesus nos bastidores colocam técnico do Palmeiras como favorito em meio à indefinição sobre Ancelotti

A busca por um novo técnico para comandar a Seleção Brasileira continua movimentando os bastidores da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Com a saída de Dorival Júnior e a indefinição sobre Carlo Ancelotti, que ainda não foi completamente descartado, um nome ganhou força nos últimos dias: Abel Ferreira. O técnico do Palmeiras agora é visto com mais simpatia dentro da entidade do que Jorge Jesus, que permanece em stand-by.
Abel vem sendo considerado uma opção viável por apresentar maior aceitação interna, especialmente junto ao presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e aos profissionais do departamento de seleções. Ao contrário de Jorge Jesus, que enfrenta resistência não só dentro da entidade como também por parte de Neymar, com quem teve rusgas durante sua passagem pelo Al-Hilal, Abel transita bem politicamente e mantém uma postura discreta em relação ao possível convite.
Essa discrição, aliás, foi notada pela própria cúpula da CBF. Mesmo ciente de que seu nome ganhou força na entidade, Abel não se ofereceu e preferiu manter o foco no Palmeiras, como deixou claro após a vitória sobre o Ceará na Copa do Brasil, quando afirmou que era uma honra ter seu nome associado a uma das melhores seleções do mundo, mas que tinha contrato com o clube, e que seu foco era total e absoluto com os jogadores e com o Palmeiras, acrescentando que não poderia dizer muito mais do que isso.
Jesus em segundo plano
Jorge Jesus, por outro lado, continua sendo uma opção cogitada, mas cada vez mais distante. Seu contrato com o Al-Hilal termina no meio do ano, mas o português corre risco de ser demitido antes do Mundial de Clubes, devido à temporada irregular. Apesar de já ter indicado que abriria mão do torneio para assumir a Seleção, a falta de movimento da CBF e a rejeição nos bastidores prejudicam sua posição.
O próprio Neymar e seu pai são contrários à escolha de Jesus, e isso pesa. O jogador, inclusive, teria indicado intermediários para colaborar na tentativa de convencer Ancelotti. A relação desgastada com o camisa 10 da Seleção, portanto, é um entrave difícil de superar.
Ancelotti ainda no radar
Apesar de ter sinalizado um recuo nas negociações com Carlo Ancelotti, a CBF ainda mantém o treinador do Real Madrid como sonho de consumo. A estratégia seria se afastar temporariamente para permitir que o italiano defina seu futuro na Espanha, onde seu contrato vai até 2026, mas o ciclo parece próximo do fim. Xabi Alonso já é visto como favorito para assumir o clube merengue após a temporada.
Ednaldo está disposto a esperar até o fim da temporada europeia, no dia 25 de maio, para entender melhor a situação de Ancelotti. No entanto, o calendário pressiona: até o dia 28 de maio, o Brasil precisa divulgar a lista final de convocados para os jogos contra Equador, no dia 5 de junho, e Paraguai, no dia 10. A lista preliminar, a chamada “lista larga”, deve ser enviada à Fifa até 17 de maio.
Palmeiras no caminho
Embora ainda não tenha feito contato formal com o Palmeiras, a CBF sabe que a boa relação entre Ednaldo Rodrigues e a presidente do clube, Leila Pereira, pode facilitar uma eventual negociação. A dirigente, no entanto, deixou claro que o técnico tem contrato até o fim do ano e que seu desejo é renová-lo até 2027.
Segundo Leila, o Abel é técnico do Palmeiras, tem contrato com o clube até o fim do ano, e todos sabem do desejo dela de renovar com ele até o fim de seu mandato. Ela também afirmou que nenhuma pessoa da CBF ou ligada à CBF procurou o Palmeiras para falar sobre Abel, e disse ter certeza de que, se a CBF tiver interesse em fazer futuramente um convite, o presidente Ednaldo vai telefonar antes de qualquer movimentação.
O time paulista viaja aos Estados Unidos no início de junho para disputar o Mundial de Clubes, o que pode complicar ainda mais um possível acerto.
E se ninguém aceitar?
Com a indefinição e a Data Fifa se aproximando, ainda não se descarta que a Seleção seja comandada interinamente. Caso isso ocorra, Ramon Menezes, técnico da equipe sub-20, surge novamente como nome acessível, o mesmo que assumiu interinamente em 2023, enquanto a CBF esperava por Ancelotti sem sucesso.
Por ora, enquanto Rodrigo Caetano e Juan preparam relatórios técnicos para a futura comissão, Ednaldo centraliza as articulações políticas, buscando encontrar o equilíbrio entre sonho, viabilidade e o calendário apertado.
Adcionar comentário