A vítima é um ex-funcionário do policial militar, assassinado após colocar o agente na Justiça

A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) afastou preventivamente o 2º sargento da Polícia Militar do Ceará Cícero Jânio Pereira de Sá, acusado de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e investigado pelo crime de violência doméstica no âmbito da Lei Maria da Penha. Cícero também é médico cirurgião e garimpeiro, com atuação em Pernambuco.
Conforme publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) dessa segunda-feira (5), o afastamento é pelo período inicial de 120 dias. A Controladoria considera que os fatos pelos quais o sargento é acusado “se enquadram como transgressão disciplinar” e instaurou conselho de disciplina “com o fim de apurar as transgressões disciplinares”.
Ainda segundo a CGD, também é apurada a “incapacidade moral deste para permanecer no serviço ativo militar”. A defesa de Cícero Jânio não foi localizada pela reportagem para comentar a investigação na seara administrativa.
Em nome do agente já existiam pelo menos dois conselhos de disciplina instaurados nos últimos dois anos pela Controladoria. Um deles é do ano de 2024, quando a CGD acrescentou que o sargento “encontra-se na situação de Agregado por estar há mais de 01 ano de Licença para Tratamento de Saúde (LTS), respondendo a Conselho de Disciplina nesta Controladoria por suposto acúmulo de cargo público com o cargo de Médico Residente no Ministério da Saúde”.
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Em 2023, o PM chegou a ser preso em flagrante por violência doméstica contra a mulher. Agora, de acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, é suspeito do homicídio qualificado e ocultação do cadáver, sendo a vítima um ex-funcionário do PM.
A ‘vida profissional’ do sargento ainda o inclui enquanto sócio em duas empresas, uma de serviços médicos e a outra uma clínica de pronto-atendimento, sendo que ele também atua como garimpeiro. Na rede social Instagram, Cícero diz se diz também geriatra e professor.
CORPO CARBONIZADO NO CEARÁ
Membros do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) detalharam em coletiva de imprensa os crimes que levaram à prisão de Cícero Jânio no último mês de abril. Conforme relatado pela Polícia, enquanto dono de garimpo no sertão de Pernambuco, ele tinha o costume de ameaçar os funcionários e chegou a matar um deles.
Segundo o delegado do GOE, Tenório Neto, a vítima Reginaldo Gomes Barbosa trabalhava dirigindo um caminhão para o garimpo e procurou a Justiça do Trabalho depois de ser demitido. As investigações apontaram que ele buscou os direitos trabalhistas e passou a ser ameaçado pelo patrão.
Reginaldo decidiu seguir com o processo e, no dia 24 de julho de 2024, logo após uma audiência sobre a ação em que pleiteava receber os direitos trabalhistas, foi sequestrado quando saía do fórum.
A esposa da vítima passou a procurar por ele e comunicou para as autoridades que Reginaldo não tinha voltado para casa. O fórum acionou a Polícia Federal, que entrou em contato com o GOE.
Poucos dias depois, o corpo do motorista foi encontrado parcialmente carbonizado na cidade de Jardim, Interior do Ceará. Investigadores concluíram que Cícero foi o único responsável pelo crime.
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