Com foco total na região Centro-Sul do Estado, empresa mira ainda posição entre as 100 maiores supermercadistas do País

Quem mora em Fortaleza talvez não tenha a dimensão do tamanho do Diniz Supermercados. A rede, com sede em Juazeiro do Norte, é a maior supermercadista do interior do Ceará e tem planos ambiciosos, como chegar em 2030 faturando R$ 1 bilhão por ano.
Atualmente, o Diniz já deixou para trás em faturamento empresas de grande porte do setor com sede na Capital, a exemplo do Super do Povo e do Nidobox, e se aproxima da parte de cima da tabela, conforme informações do ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Em 2024, o faturamento da rede de Juazeiro do Norte superou os R$ 547 milhões, colocando o Diniz em 7º como maior supermercadista do Ceará e o 129º do País. A empresa superou o Supermercado Moranguinho, de Pacajus, e que, junto com os juazeirenses, mantém sede fora de Fortaleza.
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A gente fala que R$ 1 bilhão é logo ali. Pretendemos faturar entre 2025 e 2030 R$ 1 bilhão anuais, sendo a primeira rede do interior do Ceará a fazer isso. Nesse período, vamos abrir mais quatro lojas aqui na região.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, David Luiz, diretor comercial do Diniz Supermercados, explica como a rede surgiu e como ela se posiciona no atual mercado do setor. Ele ainda conta como se deu o breve período em que a empresa manteve uma unidade em Fortaleza.
Do Econômico ao Diniz: rede vive ‘boom’ em cinco anos
A empresa foi fundada em 1999 por José Jusifran Diniz, natural do Cedro, no Centro-Sul cearense. Após um período em São Paulo atuando no comércio supermercadista, ele retorna para o Cariri, onde inaugura o primeiro supermercado, ainda sob o nome de Econômico.
“Ele abriu uma loja que fica situada na avenida Castelo Branco, próximo à Arena Romeirão. É a loja onde surgiu tudo, hoje ela tem 26 anos. É uma loja pequena, mas que está nos nossos padrões”, conta David.
Ao longo de 20 anos, a rede existiu com o nome de Econômico Supermercados, atuando em municípios vizinhos, como Barbalha e Crato. Em 2019, porém, houve uma virada de chave na empresa.
Até então, eles ostentavam a bandeira, mas não tinham marca registrada. O dono do nome reivindicou os direitos, e foi necessário alterar para Diniz Supermercados, utilizando o sobrenome do fundador.

A partir daí, começa o planejamento estratégico pensando nos anos seguintes. Quando completou 20 anos, em 2019, tinha cinco lojas. Elas faturaram R$ 147 milhões.
“Crescemos em três anos o que o Econômico levou 20 anos, chegando em 2022 a R$ 394 milhões em faturamento”, destaca David.
“Em 2019, fizemos o projetos de estar entre os 100 maiores faturamentos do Brasil no ranking da Abras até 2025. Tivemos uma projeção de que, para chegar nesse grupo, precisaríamos chegar a um faturamento de R$ 400 milhões em 2025”, relembra o diretor comercial.
A meta foi mais do que ultrapassada: o faturamento aumentou mais de 272% em 2024 na comparação com 2019. Atualmente, o Diniz emprega 1.240 funcionários e mantém 11 lojas, todas no interior do Estado, sendo sete em Juazeiro do Norte, duas no Crato, uma em Barbalha e uma em Missão Velha.
Chegar ao bilhão em cinco anos
O ranking de 2025 da Abras tem 84 empresas com faturamento acima de R$ 1 bilhão, incluindo as cearenses São Luiz, Cometa Supermercados e Âncora Distribuidora (dona do Frangolândia), as três maiores redes do Estado.
A ambição do Diniz é um crescimento progressivo e constante no faturamento, saindo dos atuais R$ 547 milhões para a casa do bilhão já em 2030, além de estar entre as 100 maiores empresas do País do setor supermercadista.
Nessa conta, estão inclusas cinco inaugurações, sendo duas já para 2025. O grupo vai fechar o ano com 13 lojas, sendo um fechamento e duas inaugurações. Uma das aberturas será na Vila Três Marias, bairro de Juazeiro do Norte. A outra ainda está em negociação, em cidade a ser definida.
Barbalha, Crato e Caririaçu, que ainda não tem lojas do Diniz, devem ganhar as demais unidades até 2028.
“Em 2029, queremos faturar R$ 940 milhões com 16 lojas. Em 2030, nossa projeção é de chegarmos a um R$ 1 bilhão com 700 mil cupons finalizados (clientes comprando mensalmente)”, declara David Luiz.
Diniz encerra loja em Fortaleza para focar no interior do Estado
Em 2020, a empresa deu mais um passo na expansão, passando a atuar fora da região Centro-Sul cearense. A rede abre a primeira – e até então única – loja em Fortaleza, no bairro Bom Jardim.
Ela foi inaugurada com o intuito de ser uma espécie de showroom: mostrar para os fornecedores instalados na Capital e na Região Metropolitana como é a atuação da rede no Interior, foco de atuação da empresa.
“Essa loja foi criada para nos aproximarmos das grandes indústrias. Através dela, a gente conseguiu trazer novos fornecedores, foi muito forte pra gente. Hoje, nosso negócio é focar e expandir no Interior. Nossa operação na Capital é muito onerosa, o perfil de consumo é diferente. Por isso, decidimos migrar esse faturamento para o interior”, ressalta David. Assim, a unidade em Fortaleza foi fechada no mês passado.

A estratégia se revelou acertada, segundo os planos da empresa. Em abril deste ano, a empresa descontinuou a unidade, mas no local, continuará funcionando um supermercado. A loja foi alugada pelo Grupo Carnaúba, que vai operar no espaço com a bandeira Da Terra.
Proximidade com a indústria e com o cliente: Diniz mostra diferenciais
Com o crescimento de Juazeiro do Norte, tornando-se um dos principais centros comerciais do interior do Nordeste brasileiro, a cidade viu a chegada de grandes empreendimentos supermercadistas, como Assaí, Mix Mateus e Mercadão São Luiz.
Essa nova realidade, no entanto, não acanhou os planos do Diniz, que cresceu mesmo em meio à concorrência de empresas nacionais. David Luiz avalia que o relacionamento com os fornecedores e a confiança dos clientes em uma empresa fundada e administrada no Cariri são trunfos importantes.
“A gente se aproximou mais da indústria, conseguimos comprar produtos direto com eles sem passar por distribuidores. Isso nos dá competitividade perante os grandes players, de forma que conseguimos em alguns momentos ter um preço compatível, que nem sempre é possível”, diz.
A gente entende a necessidade do nosso cliente. Ainda entregamos o folheto de ofertas na porta da casa do cliente, entregamos a feira do cliente na casa dele, atendemos o cliente de perto tendo aquele bom relacionamento que precisa para que a gente o fidelize.
A base de clientes mensais do Diniz ultrapassa os 500 mil cupons. Desse total, 70 mil são definidos pelo diretor comercial como aqueles que a rede “mantêm relacionamento diário”, e são essenciais para o crescimento da empresa.

“Entendo a necessidade deles, fazendo promoções específicas, e trazendo situações do dia a dia que sei que ele precisa ter em seu momento de compras para que tenha um diferencial no clube de compras do grupo”, define.
Focado na região do Cariri, David Luiz reforça que o Diniz vai continuar atuando na região, e afirma que “não pode perder clientes” para os grandes concorrentes nacionais que têm lojas nas cidades do Centro-Sul.
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