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O que pensa novo papa sobre abusos, participação de mulheres e a relação da Igreja com redes sociais

Antes de se tornar Santo Padre, Robert Francis Prevost, o papa Leão XIV, foi prefeito do Dicastério — similar a um Ministério — responsável por escolher os bispos da Igreja Católica. O cargo foi dado ao norte-americano em 2023 pelo próprio papa Francisco, seu antecessor, com quem mantinha relacionamento próximo e pensamento alinhado.

O norte-americano Robert Francis Prevost, que passou a se chamar Leão XIV, foi nomeado cardeal por Francisco em 2023

Escrito por
Luana Severoluana.severo@svm.com.br
08 de Maio de 2025 – 16:50

O papa Leão XIV acena para o público. Para matéria sobre o que pensa o papa sobre abusos, mulheres em cargos altos e a relação da Igreja com redes sociais
Legenda: Robert Prevost foi escolhido como o novo papa nesta quinta-feira (8)
Foto: ALBERTO PIZZOLI/AFP

Antes de se tornar Santo Padre, Robert Francis Prevost, papa Leão XIV, foi prefeito do Dicastério — similar a um Ministério — responsável por escolher os bispos da Igreja Católica. O cargo foi dado ao norte-americano em 2023 pelo próprio papa Francisco, seu antecessor, com quem mantinha relacionamento próximo e pensamento alinhado.

À época, em entrevista às mídias do Vaticano, o recém-nomeado cardeal disse que estava agradecido por  iniciar um novo capítulo de sua vida em Roma. “Uma missão muito diferente da anterior [o como missionário no Peru], mas, também, uma nova oportunidade de viver uma dimensão da minha vida que sempre foi simplesmente responder ‘sim’ quando me pedem um serviço”, descreveu.

Na entrevista, o religioso foi questionado sobre diversos assuntos, incluindo alguns polêmicos, como as denúncias de abuso na Igreja e o uso de redes sociais por integrantes da instituição. Ele também defendeu mudanças no processo de escolha de bispos e o aumento do número de mulheres entre os membros do Dicastério.

“É importante que o processo [da escolha dos bispos] seja um pouco mais aberto à escuta dos diferentes membros da comunidade. Isso não significa que seja a Igreja local a ter de escolher o seu pastor, como se ser chamado a ser bispo fosse resultado de um voto democrático, de um processo quase ‘político’. É preciso um olhar muito mais amplo, e as nunciaturas apostólicas ajudam muito nisso. Creio que, pouco a pouco, devemos nos abrir mais, ouvir um pouco mais as religiosas, os leigos e as leigas”, afirmou Robert.

 

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Veja o que pensa o novo papa sobre assuntos polêmicos

Mulheres nos dicastérios: ‘Há participação verdadeira, real e significativa’

Durante a sua gestão, papa Francisco quebrou diversas barreiras na Igreja Católica, especialmente para mulheres. O pontífice foi o responsável, por exemplo, por nomear a irmã Simona Brambilla como a primeira mulher chefe de um Dicastério do Vaticano, após a aprovação, em 2022, da Constituição Apostólica “Praedicate Evangelium”.

Sobre esse assunto, o novo papa, Leão XIV, disse ver, em diversas ocasiões, que o ponto de vista feminino é um “enriquecimento”. “Penso que a nomeação delas seja muito mais do que um simples gesto do papa para dizer que, agora, também há mulheres aqui. Há uma participação verdadeira, real e significativa que elas oferecem em nossas reuniões quando discutimos os dossiês dos candidatos”, opinou, tratando especificamente das representantes que integravam o Dicastério para os Bispos.

Denúncias de abusos na Igreja: ‘O silêncio não é uma resposta, não é a solução’

Sobre a responsabilidade dos bispos diante de denúncias de abusos praticados por integrantes da Igreja, o norte-americano pontua que ainda “há muito o que aprender”.

“Falo da urgência e responsabilidade de acompanhar as vítimas. Uma das dificuldades que surgem é que o bispo deve estar próximo dos seus sacerdotes e deve estar próximo das vítimas. […] Não podemos fechar o coração, a porta da Igreja, às pessoas que sofreram abusos”, acredita. “Acho que ainda temos que fazer esforços consideráveis ​​para responder a esta situação que causa tanta dor na Igreja. […] É urgente e necessário que sejamos mais responsáveis ​​e ainda mais sensíveis a este respeito”, defende.

Em todo o caso, para o novo papa, “o silêncio não é uma resposta”. “O silêncio não é a solução. Devemos ser transparentes e sinceros, acompanhar e ajudar as vítimas, senão suas feridas nunca cicatrizarão. Há uma grande responsabilidade nisso, para todos nós”, disse.

 

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Uso de redes sociais: ‘Oportunidade, mas, também, um risco’

O uso de redes sociais por integrantes da Igreja Católica também é uma preocupação do novo Santo Padre. Na entrevista às mídias do Vaticano, ele disse acreditar que as plataformas possam ser um “instrumento importante para comunicar a mensagem do Evangelho a milhares de pessoas”, contudo, a abordagem deve ser adequada.

“Devemos nos preparar para usá-las bem, mas temo que, às vezes, tenha faltado essa preparação. […] Ao mesmo tempo, o mundo atual, que está em constante mudança, apresenta situações em que realmente temos que pensar várias vezes antes de falar ou de escrever uma mensagem no Twitter. […] Às vezes, há o risco de alimentar divisões e controvérsias”, observou o religioso.

Ele, no entanto, admitiu que o uso correto das redes sociais pode ser oportuno. “É uma oportunidade, mas, também, um risco. Pode prejudicar a comunhão da Igreja. Por isso, é preciso ter muita cautela no uso destes meios”, resumiu.

 

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Escolha do novo papa

O novo papa foi escolhido nesta quinta-feira (8), segundo dia do conclave, no início da tarde — no horário de Brasília. Leão XIV, como decidiu ser chamado, surgiu na varanda da Basílica de São Pedro após ser anunciado pelo cardeal protodiácono, Dominique Mamberti. Com 69 anos, é o primeiro norte-americano a chegar ao cargo na Igreja Católica.

Em seu primeiro discurso como papa, Leão XIV saudou os presentes e disse desejar que a paz entrasse no coração de todos, alcançasse suas famílias e todas as pessoas ao redor do mundo, onde quer que estivessem. “Todos os povos, toda a terra, que a paz esteja com vocês”, discursou o Santo Padre, com lágrimas nos olhos.

O novo pontífice foi eleito após a morte de papa Francisco, aos 88 anos.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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