O burnout, tem atingido mulheres de forma desproporcional, revelando uma sobrecarga invisível que vai além do ambiente de trabalho

O burnout, síndrome de esgotamento profissional, tem atingido mulheres de forma desproporcional, revelando uma sobrecarga invisível que vai além do ambiente de trabalho. Estudos recentes indicam que fatores como a jornada dupla, a desigualdade na divisão de tarefas domésticas e a falta de apoio no ambiente corporativo contribuem para esse cenário preocupante.
Embora o burnout afete trabalhadores de todos os gêneros, pesquisas mostram que as mulheres são mais vulneráveis devido à acumulação de responsabilidades. Segundo dados do Ministério da Previdência Social, em 2024, 63,8% dos afastamentos por transtornos mentais no Brasil foram de mulheres. A dificuldade em equilibrar carreira e vida pessoal, somada à expectativa social de que elas assumam funções de cuidado, cria um ciclo de exaustão física e emocional.
Além disso, a cultura corporativa muitas vezes reforça essa sobrecarga. Um estudo da consultoria McKinsey revelou que mulheres sentem menos apoio de suas lideranças quando relatam estresse ou sinais de esgotamento. Mesmo quando há políticas de saúde mental nas empresas, elas nem sempre consideram os desafios específicos enfrentados pelas profissionais.
A desigualdade de gênero no mercado de trabalho também contribui para o aumento dos casos de burnout. Mulheres que trabalham as mesmas horas que homens e apresentam desempenho equivalente frequentemente recebem menos reconhecimento e oportunidades de crescimento. A pressão para provar competência e dedicação, aliada à falta de suporte, intensifica o desgaste emocional.
Outro fator relevante é o estigma em torno do burnout. Muitas mulheres evitam falar sobre seus limites por medo de serem vistas como fracas ou pouco comprometidas. Isso alimenta um ciclo de autocobrança e exaustão que pode durar meses antes de receber o cuidado necessário.
Especialistas apontam que a solução passa por uma atuação conjunta entre empresas, sociedade e políticas públicas. Algumas medidas essenciais incluem:
– Revisão das jornadas de trabalho, garantindo equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
– Flexibilidade e escuta ativa, permitindo que mulheres tenham espaço para expressar suas dificuldades sem medo de represálias.
– Políticas que acolham a maternidade, como licenças mais amplas e suporte para mães no ambiente corporativo.
– Divisão equitativa das tarefas domésticas, reduzindo a sobrecarga invisível que impacta diretamente a saúde mental das mulheres.
O burnout não é apenas uma questão de excesso de trabalho, mas de falta de reconhecimento, apoio e equilíbrio.
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