Com cenário já praticamente definido a favor de Samir Xaud, parte dos clubes articula protesto silencioso no pleito

Os bastidores da eleição para a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) continuam agitados. Após o fracasso da candidatura de Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), 30 clubes articulam agora votar em branco como forma de protesto nas eleições marcadas para este domingo, 25 de maio.
A decisão foi tomada em bloco, ainda no sábado (18), quando os clubes assinaram um manifesto de apoio a Bastos. O movimento previa que, caso ele não conseguisse o apoio mínimo de oito federações estaduais, o que de fato ocorreu, o grupo não endossaria nenhum outro nome.
Samir Xaud tem maioria
Com 25 federações estaduais já declarando apoio, Samir Xaud, presidente da Federação de Futebol de Roraima, caminha para ser eleito o novo presidente da CBF. Ele conta ainda com o suporte de ao menos dez clubes, o que lhe garante ampla maioria no colégio eleitoral da entidade.

Samir Xaud, candidato à presidência da CBF — Foto: Divulgação
O estatuto da CBF dá maior peso ao voto das federações:
- 27 federações estaduais (peso 3),
- 20 clubes da Série A (peso 2),
- 20 clubes da Série B (peso 1).
Esse modelo favorece candidatos bem articulados entre os presidentes de federação, o que reforça a força de Xaud.
Condição delicada
A única ameaça à candidatura de Samir Xaud seria o surgimento de alguma denúncia grave nos próximos dias. Segundo fontes dos bastidores, se ele passar “ileso” até o dia da votação, a eleição será mera formalidade.
Xaud, de 41 anos, foi escolhido por seus apoiadores como um símbolo de renovação, uma tentativa de dar nova imagem à entidade após sucessivos escândalos. A costura política que garantiu sua ascensão, no entanto, não se deu na CBF ou nos campos de futebol: as articulações ocorreram em Brasília, com forte influência do ministro do STF Gilmar Mendes.
Cenário dividido
Enquanto Xaud se fortalece, 19 federações estaduais divulgaram um manifesto pedindo renovação e descentralização na CBF. A intenção do grupo era lançar um nome alternativo, que fugisse da continuidade de Ednaldo Rodrigues. No entanto, sem consenso e com a candidatura de Bastos inviabilizada, a divisão segue explícita.
Ficaram de fora desse movimento as federações da Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Minas Gerais, Tocantins, Amapá e Mato Grosso, o que evidencia as fissuras internas no sistema eleitoral da entidade.
Votação e próximos passos
A eleição deste domingo definirá o novo presidente da CBF, oito vice-presidentes e seis membros do Conselho Fiscal (três titulares e três suplentes) para o mandato de 2025 a 2029. O edital foi publicado no sábado (18), e o prazo para registro de chapas se encerra nesta terça-feira (20).
O pleito acontece um dia antes da apresentação oficial do técnico Carlo Ancelotti à frente da Seleção Brasileira, em mais uma coincidência que promete esquentar ainda mais os holofotes sobre a confederação.
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