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Musculação para idosos: o segredo para evitar sarcopenia e demências

Envelhecer com qualidade tem se tornado uma preocupação cada vez mais frequente entre os brasileiros. Para alcançar a longevidade com autonomia e bem-estar físico e mental, é preciso estar em movimento. Mas como fazer uma “poupança” de músculos ao longo da vida? 

Estudo revelou que houve um aumento de quase 60% de pessoas com mais de 65 anos nas academias

Escrito por
Raísa Azevedoraisa.azevedo@svm.com.br
19 de Maio de 2025 – 14:15

foto de dois idosos praticando musculação em uma academia
Legenda: A musculação é a aliada número um contra a sarcopenia — condição que compromete a massa e a força muscular e afeta especialmente os idosos
Foto: Shutterstock

Envelhecer com qualidade tem se tornado uma preocupação cada vez mais frequente entre os brasileiros. Para alcançar a longevidade com autonomia e bem-estar físico e mental, é preciso estar em movimento. Mas como fazer uma “poupança” de músculos ao longo da vida?

Conforme o Censo 2022 do IBGE, o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4% em 12 anos, somando mais de 22 milhões de brasileiros. Acompanhando o ritmo desse crescimento, um levantamento da plataforma de gestão fitness Tecnofit revelou que houve um aumento de quase 60% de pessoas com mais de 65 anos nas academias.

A convergência entre os dados não é coincidência. O Brasil está envelhecendo — e se movimentando mais. Muito além da busca pela estética, especialistas afirmam que a prática de exercícios físicos é fundamental para prevenir doenças, manter a independência funcional, prevenir acidentes domésticos, garantir qualidade de vida e o equilíbrio do corpo e da mente.

 

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De acordo com César Lobão, educador físico parceiro da Life Fitness, a partir dos 30 anos, o corpo começa a perder massa magra naturalmente. “A cada década de vida, há uma perda muscular que pode variar de 3% a 10%. Dessa forma, é preciso começar uma ‘poupança de músculos’ o quanto antes, pensando na longevidade”, afirma o profissional.

“Apesar de a musculação ser uma atividade benéfica para qualquer faixa etária, nos últimos anos, há uma tendência dos idosos em praticar musculação em busca do resgate da qualidade de vida”, completa.

Desta forma, a musculação é a aliada número um contra a sarcopenia — condição que compromete a massa e a força muscular e afeta especialmente os idosos.

Dicas para um treino seguro

Ter ciência das limitações e especificidades desse público para a musculação e fazer a adaptação dos treinos é chave para se exercitar com segurança e eficácia. (Veja detalhes abaixo)

 

foto de idoso praticando musculação levantando dois alteres em academia
Legenda: É preciso estar atento ao uso correto de cargas para um treino seguro e eficaz
Foto: Shutterstock

 

Avaliação física

O especialista orienta que o primeiro cuidado básico é fazer uma avaliação física completa, que vai ser diferente se a pessoa for sedentária ou se já tiver algum hábito de atividade física.

“Na avaliação, conseguimos um diagnóstico para fazer a aplicação da atividade com assertividade. O segundo passo é iniciar um processo de adaptação. Saber que existe uma progressão e buscar um bom profissional que possa orientar [o idoso] de maneira adequada, com os cuidados básicos de utilização dos equipamentos, fazendo os devidos ajustes para um treino seguro e eficaz”, explica.

Cuidado com cargas

O professor César Lobão alerta para não exceder a frequência de treinamento indicada para a faixa-etária. Outro ponto que merece atenção é uso correto de cargas.

“Situações de risco podem ocorrer, principalmente com esse público. Por isso, é sempre indicado buscar orientação para que haja uma progressão de carga adequada, saber que irá aumentar o peso de acordo com a sua resistência, força e frequência de treinos, dentro do objetivo de cada pessoa”, diz.

Além disso, manter uma postura adequada e respeitar a amplitude dos movimentos é crucial para obter bons resultados.

 

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Monitoramento da frequência cardíaca

Para evitar sobrecargas e garantir a segurança cardiovascular, o ideal é fazer o controle da intensidade do treino por meio da frequência cardíaca. Equipamentos com monitor cardíaco ou relógios inteligentes podem auxiliar nesse processo.

Outras dicas:

  • Evitar academias lotadas para que o idoso tenha um atendimento especializado (se possível com treinador pessoal);
  • Checar se os maquinários estão conservados;
  • Reparar se o piso é emborrachado para evitar quedas;
  • Contar com uma boa estrutura de banheiros.

Prevenção de doenças

Estudos recentes apontam a importância de preservar a musculatura de membros inferiores. Isso porque os músculos das pernas garantem boa qualidade de circulação sanguínea e, consequentemente, boa nutrição e oxigenação de sistemas neurais, protegendo contra doenças neurodegenerativas.

“Diversas pesquisas indicam que a musculação atua para a prevenção de doenças desse público, como a demência, a sarcopenia e problemas como falta de equilíbrio. Ela traz o benefício da recuperação cardiovascular, tanto do coração, como pulmão e vias respiratórias, trazendo um benefício de resgate da capacidade física geral do idoso”, detalhou o profissional.

O exercício físico também traz benefícios para a saúde cognitiva. Um estudo da revista The Lancet identificou o sedentarismo como um dos fatores de risco para o surgimento de demências. A pesquisa enfatizou que a atividade física regular é uma das formas de evitar ou retardar o aparecimento de até 40% das demências.

“A musculação proporciona um equilíbrio e o resgate da musculatura para o idoso se manter saudável e ter um certo grau de longevidade. Estudos também já comprovam que atividades que estimulam a área neuromuscular têm uma correlação com a parte cognitiva, prevenindo doenças que acometem geralmente os idosos, como demência e Alzheimer”, assinalou o professor.

Socialização e saúde mental

 

foto de dois idosos praticando atividade física sob a grama em parque cheio de árvores
Legenda: As atividades coletivas são fundamentais para promover a socialização e bem-estar físico e mental
Foto: Shutterstock

 

A atividade física também pode proporcionar o bem-estar mental por meio do aumento do convívio social. Na terceira idade, é comum o sentimento de solidão e improdutividade. Criar uma rotina com objetivos, incluindo os exercícios coletivos, é uma forma de prevenir o declínio cognitivo, destaca o professor Welton Godinho, presidente da Câmara de Educação Física e Saúde do Conselho Regional de Educação Física da 5ª Região (CREF 5).

“O adulto, quando ativo, estimula o processo de neurogênese, que é a criação de novos neurônios por conta da atividade física”, diz. “Além do melhor convívio social, temos benefícios estruturais no cérebro. Não só o cérebro controla o músculo, como o músculo também envia muitas mensagens para o cérebro, diminuindo processos de inflamação crônica, melhorando os processos oxidativos de degradação celular”, ressalta o professor.

A recomendação é a prática da musculação pelo menos 3 vezes na semana e, nos outros dias, as atividades coletivas como treinamento funcional, dança, ginástica, caminhadas, aulas de alongamento, pilates ou yoga.

“A saúde muscular não é só o ganho de massa muscular. O mais importante é manter essa massa muscular e manter a força. Quando você tem força, você tem mais equilíbrio, consegue realizar tarefas do dia a dia de forma mais fácil e evita o risco de lesões e quedas”, conclui Welton Godinho.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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