
Um grupo de pesquisadores intensificou os estudos para verificar como os bebês reagem quando ouvem música e escutam os pais e as mães cantando para eles. Os resultados, segundo os cientistas, são extraordinários na melhora da qualidade de saúde e de vida dos nenéns. Eles apresentam melhores níveis de saturação de oxigênio, sono mais tranquilo, menos estresse e fácil interação com os adultos e bom humor. A exposição à música fortalece o corpo caloso, que conecta os dois hemisférios do cérebro, ajudando na regulação emocional e no comportamento. No Brasil, os resultados foram elogiados por profissionais de saúde que já aplicam a música e o canto nas terapias.
Pesquisadora do tema, a neologista pediatra Marta Rocha, do Hospital Santa Lúcia e do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), e Diretora da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPECS), ressaltou que a música influência os humanos desde a gestação. “A exposição à música, mesmo antes do nascimento, exerce uma influencia significativa e diversificada no cérebro do bebê. Longe de ser apenas um entretenimento passivo. Atua como um poderoso estímulo para o cérebro em formação”, disse. “(A música) ativa o hemisfério direito do cérebro, associado às emoções, ajudando o bebê a desenvolver a sensibilidade e a expressar sentimentos mesmo antes de falar.”
Para o estudo, foram selecionados aleatoriamente 110 adultos e o mesmo número de bebês com média de quatro meses de idade. A maioria dos Estados Unidos e da Nova Zelândia, predominantemente brancos e, no caso dos pais, mães e cuidadores instruídos e socioeconomicamente favorecidos. A pesquisa foi conduzida por Samuel A. Mehr, da Universidade de Auckland em parceria com Eun Cho, da Universidade de Yale, e Lidya Yurdum, da Universidade de Amsterdã, que publicaram os resultados na Child Development com os demais cientistas
Inicialmente, os participantes tanto adultos quanto bebês foram acompanhados por quatro semanas quando os nenéns ouviram música por três vezes ao dia. Em seguida, houve um período de mais seis semanas de pós-teste. Os resultados mostram que intervenções simples e praticamente sem custos surtem efeitos extraordinários na melhora da qualidade de vida das crianças.
Para o médico pediatra Osni Amaro Junior, do Hospital Anchieta Ceilândia, com vasta experiência clínica, incentivar a musicalidade, desde muito cedo na vida dos bebês, só traz benefícios para a vida futura. “O fato de crescer em um ambiente de harmonia e com musicalidade ajuda no desenvolvimento da criança a enfrentar com mais serenidade os percalços do seu futuro. Quanto ao estilo musical o importante é sempre a harmonia e a ênfase em trazer ao bebê um ambiente que o ajude a desenvolver em harmonia …não se apegando necessariamente a um seleto estilo musical”, disse.
A pediatra Martha Rocha acrescentou ainda que não existe um estilo que agrada mais os bebês, mas há uma harmonia que é melhor captada. Não existe um único estilo musical universalmente “melhor” ou “mais adequado”: “Eles respondem mais diretamente às qualidades do som — ritmo, melodia, harmonia, timbre — e ao contexto emocional em que a música é apresentada Portanto, a música que os pais gostam e de que compartilham com alegria pode ser muito benéfica. A voz humana cantada é particularmente apreciada. Eu gosto de sugerir: canções infantis, incluindo cantigas de roda e músicas criadas especificamente para crianças por artistas”. “O efeito do forró do Fala Mansa tem um ritmo musical reverbera a batida do coração e acalma os bebês que tendem a parar o choro quando escutam, é como um milagre.”
Médico e músico
Como pediatra e músico, estimulo desde cedo, a introdução da música no cotidiano familiar. Muitos pais têm “vergonha” de conversar com os filhos durante a gestação. Música para dormir, música para acordar, tomar banho…Não se sintam constrangidos! Não precisamos ser extremamente afinados para semear esses novos vínculos. Geralmente estimulo a família a replicar os hábitos da sua cultura no cotidiano. Por mais que existam estudos que relacionem música clássica com estímulos cerebrais relacionados a áreas das ciências exatas, não faz sentido eu orientar esse tipo de música para uma família que não costuma escutar. Eu adoro recomendar que procure uma “playlist “que seja a cara da família, além disso estimular um tempo de qualidade pra todos os integrantes , vai trazer inúmeras memórias afetivas desse momento.
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