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Quem são os nomes cotados na oposição para disputar o Governo do Ceará em 2026

Diferente de anos anteriores, a oposição cearense está convergindo para lançar chapa única a cargos majoritários nas eleições de 2026. Enquanto se forma certo consenso em torno do deputado estadual Alcides Fernandes (PL) para o Senado, a campanha para o Governo do Estado ainda conta com muitas opções. 

Lista se fortalece com visita de Bolsonaro ao Ceará e com acenos de lideranças da oposição

01 de Junho de 2025 – 07:00

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Legenda: O ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (sem partido); o senador Eduardo Girão (Novo); o ex-deputado Capitão Wagner (União); o deputado federal Moses Rodrigues (União); e o prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), foram os nomes apontados até o momento por lideranças do bloco.
Foto: SVM, Câmara dos Deputados e Senado Federal

Diferente de anos anteriores, a oposição cearense está convergindo para lançar chapa única a cargos majoritários nas eleições de 2026. Enquanto se forma certo consenso em torno do deputado estadual Alcides Fernandes (PL) para o Senado, a campanha para o Governo do Estado ainda conta com muitas opções.

O ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (sem partido); o deputado federal Moses Rodrigues (União); o ex-deputado Capitão Wagner (União); o senador Eduardo Girão (Novo); e o prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), foram os nomes apontados – e reiterados – até o momento por lideranças do bloco.

 

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Roberto Cláudio e Eduardo Girão estiveram com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Fortaleza, nessa quinta-feira (29). A sua passagem pelo Ceará para um seminário partidário, movimentou a oposição e expôs diferentes perspectivas para a disputa do próximo ano.

Por exemplo, mostrou que as rusgas com o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) não ficaram totalmente no passado. Ao ser questionado pelo PontoPoder se autoriza o PL a dialogar com Ciro em âmbito estadual, Bolsonaro foi sucinto: “Conversa com o André (Fernandes) aí”. O deputado federal é presidente do PL Fortaleza e tem feito elogios ao pedetista.

Nas últimas semanas, o ex-ministro cresceu entre a oposição como uma opção ao Executivo Estadual, sendo defendido nos bastidores por outros representantes do PL. Contudo, na última quarta-feira (28), garantiu que não deve ser candidato em 2026. “Não pretendo mais incomodar os eleitores. […] Eu agora sou consultor e influencer”, brincou.

Sendo assim, o quadro de pretensos candidatos é completado por perfis de maior neutralidade, como é o caso de Moses Rodrigues e Glêdson Bezerra, mais proeminentes na região Norte do Estado e no Cariri, respectivamente.

Experiente na oposição, com idas e vindas com o bolsonarismo, Capitão Wagner preside o União Brasil no Ceará e lidera conversas nesse sentido, também se colocando à disposição para a campanha.

Como nenhum partido político é homogêneo, é natural que os nomes postos até o momento tenham diferentes graus de adesão no bloco. Essa é a avaliação de Carmelo Neto, presidente do PL Ceará.

“Temos um campo de oposição fortalecido aqui no Estado. Quando a gente analisa o tempo de TV, somando PL, União Brasil, PP e outro partido que possa vir a compor – PSDB e Podemos, que podem se fundir e compor o campo de oposição –, dá um tempo de TV muito parecido ou superior ao do candidato do governo do PT”, observa.

 

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A definição vai depender da resolução de pendências como o destino de Roberto Cláudio, desfiliado do PDT nesta semana; a posição de Moses Rodrigues entre a base e a oposição; o apoio que Eduardo Girão receberá dos outros partidos da oposição; a vontade e o espaço de Glêdson como candidato pelo Podemos, partido da base do PT; e o peso de Wagner na disputa.

Além de fatores ligados diretamente aos pré-candidatos, há outras equações a serem equilibradas para 2026, estas com dimensão nacionalizada. Exemplo disso é o rumo da federação PP-União Brasil e da fusão PSDB-Podemos no Ceará.

Conheça os nomes cotados na oposição para a disputa pelo Governo do Ceará em 2026

Roberto Cláudio

O ex-prefeito Roberto Cláudio já estava rompido com o grupo petista desde 2022, mas a aproximação efetiva da oposição à direita veio no segundo turno das eleições de 2024. À época, contra Evandro Leitão (PT), ele declarou “voto útil” em André Fernandes na campanha à Prefeitura de Fortaleza de segundo turno.

A posição foi seguida por parte dos deputados e vereadores do PDT na Capital que, agora, reforçam o entorno de Roberto nas definições sobre a chapa. Alguns encontros com Capitão Wagner e Carmelo Neto depois, o ex-prefeito anunciou desfiliação da sigla brizolista na quinta-feira.

O destino ainda é incerto, mas deve ser em um partido da oposição, como o União Brasil, do qual já recebeu convite. Com um cenário mais estruturado nesse sentido, ele passou a receber acenos de figuras como André Fernandes nas últimas semanas.

O deputado federal defendeu a aproximação de Roberto com o PL por ele ter sido o “primeiro a vestir a camisa da campanha” da sigla em 2024. Foi ele, inclusive, que organizou o encontro com Bolsonaro.

Segundo Carmelo Neto, que também acompanhou a conversa, o encontro agradou o líder do PL. “Conversamos por cerca de 1h no hotel do presidente. Além de mim, do Roberto e, claro, do presidente, André [Fernandes] e Rogério [Marinho] participaram. […] O presidente Bolsonaro gostou muito da conversa, ontem, com o Roberto. É importante manter a unidade e o diálogo”, relatou.

Roberto Cláudio governou Fortaleza por oito anos (entre 2013 e 2020), foi candidato ao Abolição em 2022 e não disputou outra eleição desde então. No último pleito geral, ficou em 3º lugar, com 734.976 votos, atrás de Capitão Wagner (1.649.213 votos) e Elmano de Freitas, do PT (2.808.300 votos).

Para 2026, defende chapa única na oposição, “antes de qualquer nome”, para o Governo.

“Mais do que nomes de homens e mulheres fortes, tem que também apresentar um projeto de esperança, de mudança de rumos para o Estado do Ceará. Tem muita coisa no meio, muita conversa no meio, mas é isso que interessa”, afirmou Roberto, ressaltando diferentes “missões e perfis” no bloco.

Eduardo Girão

Entre os cinco nomes cotados para a disputa, Eduardo Girão foi o único que se colocou, de fato, como pré-candidato. Os demais não tomaram a dianteira do anúncio sobre a empreitada, mas foram mencionados por terceiros – assim como Girão também foi.

Nesta semana, ao comentar a crescente de acenos a Roberto Cláudio, Carmelo indicou que o ex-pedetista ainda não é unanimidade na campanha a governador e citou o senador do Novo.

“A gente está ciente disso, que nossa prioridade é derrotar (o PT). Obviamente que o senador Eduardo Girão é um nome muito respeitado, é nosso amigo, tem a nossa consideração, mas é preciso que se dialogue. Da mesma maneira, o Roberto”, declarou o dirigente do PL.

O anúncio da sua pré-candidatura foi feita em março deste ano. Na ocasião, Eduardo Girão defendeu uma frente oposicionista no Estado, integrando nomes do União Brasil, do PL e do PSDB.

 

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“Coloquei meu nome à disposição tendo em vista que sou contra o instrumento da reeleição por princípio, e grande parte de minha vida é de experiência na área de gestão, exatamente o que o Estado do Ceará precisa”, disse.

Segundo ele, já houve conversas com deputados, vereadores e lideranças partidárias nesse sentido. “Vamos continuar buscando a união da oposição junto ao PL, União Brasil, PSDB e Novo. Todos têm excelentes quadros para os mandatos a serem disputados em 2026”, acrescentou.

Se a investidura se confirmar em 2026, será a terceira vez que o senador concorre a cargo eletivo. Além do pleito vitorioso em 2018 – o mandato no Senado de oito anos termina no início de 2027 –, ele também disputou a Prefeitura de Fortaleza no ano passado.

À época, o candidato do Novo ficou em quinto lugar, totalizando 14,8 mil votos, o equivalente a cerca de 1% dos votantes.

Capitão Wagner

Nome já conhecido pelo eleitorado cearense, o ex-deputado e atual presidente estadual do União Brasil, Capitão Wagner, pode disputar novamente uma eleição para cargo majoritário. Ele não descarta participar da composição como candidato a governador, a vice-governador ou até mesmo a senador, mas ressalta que isso depende de uma definição em conjunto.

“Eu já dizia na eleição de prefeito que era importante que as oposições se juntassem, e digo o mesmo, seja quem for o nome, seja o meu, do Roberto Cláudio, do Ciro, de alguém do PL, do Moses Rodrigues – que é o nome também que está colocado –, a gente tem que ter a humildade, tem que colocar qualquer anseio, desejo pessoal de lado pelo bem maior do estado do Ceará”, disse, no último dia 19.

Mesmo não sendo escolhido, ele já afirmou em outras ocasiões que a federação União Progressista, formada pelo PP e pelo União Brasil, tem peso para estar na chapa majoritária. O arranjo já recebeu aval dos dois partidos em Brasília, mas ainda depende de anuência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para se concretizar.

“O que a gente tem escutado tanto do Rueda como do Ciro Nogueira é que a federação vai estar na oposição no projeto nacional contra o PT, e nos estados também isso vai acontecer. Se vai haver alguma liberação por parte do PP em relação aos seus membros, eu não posso falar pelo PP. Posso falar pelo União Brasil, e futuramente falarei pela federação”, afirmou, ainda.

Antônio Rueda é presidente nacional do União e Ciro Nogueira, senador pelo Piauí, comanda o PP nacional. Juntos, até 2026, vão liderar o maior bloco partidário do Congresso Nacional e o maior número de prefeituras do Brasil.

No Ceará, é Wagner que preside o União Brasil desde 2022, ano da sua criação. Foi pelo partido que ele disputou, naquele ano, o Governo do Estado e, em 2024, a Prefeitura de Fortaleza. Em outubro último, ficou em 4º lugar, com 159426 votos.

Apesar do desempenho a cargos de governo, o dirigente sempre mostrou boa performance nas eleições ao Legislativo. Ele foi o candidato mais votado a vereador de Fortaleza em 2012, a deputado estadual em 2014 e a deputado federal em 2018.

Moses Rodrigues

Assim como Roberto Cláudio, o deputado federal Moses Rodrigues foi cogitado para a disputa ao governo por aliados. Ele já concorreu em eleição majoritária no ano de 2016, quando tentou a Prefeitura de Sobral, mas foi derrotado por Ivo Gomes (PSB). Contudo, hoje, está no seu terceiro mandato na Câmara dos Deputados.

Atualmente, ele é coordenador da bancada cearense no Congresso, posição que lhe exige bom diálogo com o Governo Elmano e com a oposição.

Por isso, ainda é difícil projetar como o parlamentar vai se comportar em 2026. Ao mesmo tempo que é citado como opção por nomes como Capitão Wagner e Carmelo Neto, Moses tem sido um canal entre o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e o seu partido.

Foi o que afirmou o petista, em entrevista ao PontoPoder na segunda-feira (26), ao comentar os esforços para se aproximar do União Brasil no Ceará. Vale destacar que a federação a ser aprovada pelo TSE tem firmado entendimento de oposição ao governo do PT no Planalto, com Lula, e nos estados. Mas segundo Camilo, o União “tem sido muito simpático” ao diálogo.

“Tenho disposição para dialogar, inclusive com partidos que hoje não estão na base, como o União Brasil, por exemplo. […] Hoje, a deputada Fernanda (Pessoa) tem interesse em dialogar, o próprio deputado federal Moses tem se colocado à disposição para dialogar, tenho conversado com o presidente nacional do partido, o Rueda”, relatou.

No início da semana, ao PontoPoder, o deputado informou que está se “preservando” sobre as movimentações eleitorais para o ano que vem e que “por ora, é hora de focar na gestão de Sobral e nos desafios do Estado do Ceará”.

O parlamentar afirmou ainda ter “excelente relação com o ministro Camilo, e Sobral, quando precisa, recorre ao governador para tratar de questões como a da Santa Casa”.

“Como coordenador da bancada do Ceará no Congresso Nacional, coloco os interesses do Estado acima de tudo. Tenho boas relações com partidos de esquerda, de direita, e sou de centro”, encerrou.

Nessa sexta-feira (30), a reportagem entrou novamente em contato com Moses para repercutir os novos acenos recebidos pela oposição, mas não obteve retorno.

Contudo, ele comentou o assunto em entrevista à rádio Coqueiros no mesmo dia. O deputado atribui as especulações ao seu perfil político e às bases que tem construído nos municípios, especialmente em Sobral – o prefeito Oscar Rodrigues, do União Brasil, é seu pai.

“Tenho uma representação no meu estilo de trabalho, de ser mais ponderado, equilibrado. Tem a questão de a gente ter ganhado a eleição em Sobral, ter um irmão prefeito em Umirim (Judson Rodrigues), ter um tio prefeito em Campos Sales (Moesio Loiola), fora todos os amigos que são prefeitos ou que perderam a eleição, mas são lideranças”, observou.

Glêdson Bezerra

Titular de uma reeleição inédita na Prefeitura de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos) é outro nome defendido por lideranças da oposição ao Abolição. Em 2024, ele derrotou a candidatura do PT, representada pelo secretário dos Recursos Hídricos, Fernando Santana, ao cargo.

Em entrevista ao portal Miséria, em março deste ano, o gestor afirmou que as expectativas sobre 2026 já foram conversadas com Ciro Gomes, Roberto Cláudio, André Fernandes, Carmelo Neto e Eduardo Girão, além do prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (União), do ex-senador Tasso Jereissati (PSDB) e do deputado federal Danilo Forte (União).

 

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Na ocasião, contudo, ele disse ao Miséria o mesmo que disse ao PontoPoder nessa sexta-feira: que não pretende deixar a Prefeitura para disputar o Governo do Estado no ano que vem, mas pode ser candidato em outras oportunidades.

“Glêdson reconhece que tem dialogado com lideranças políticas e que há um grupo que pode caminhar unido nas eleições de 2026. Nesse contexto, a lembrança do seu nome o deixa feliz e lisonjeado”, informou o prefeito, por meio de nota, salientando que o foco do momento é “entregar um governo à altura das expectativas da população”.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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