Mais do que uma celebração tradicional marcada por fogueiras, danças e comidas típicas, as festas juninas se consolidaram como um motor de geração de renda e movimentação econômica no Nordeste. Pesquisa divulgada pela Serasa, em parceria com o Instituto Opinion Box, revela que 79% dos moradores da região esperam obter renda extra com os festejos de junho, o maior índice do país. Para mais da metade dos entrevistados (53%), esse dinheiro será utilizado para pagar dívidas, demonstrando o peso financeiro e social da festividade.
O levantamento, que ouviu mais de duas mil pessoas em todo o Brasil, mostra como o ciclo junino se transforma em oportunidade concreta para pequenos negócios. Entre os setores mais aquecidos estão alimentação (69%), shows e eventos culturais (61%) e vestuário típico (57%). O turismo e a agricultura também se destacam, com 45% e 44% das menções, respectivamente.
A percepção de dinamismo é nítida: 76% dos entrevistados da região afirmam perceber aumento nas vendas durante o mês de junho, enquanto 61% notam crescimento no fluxo turístico. Além disso, 57% mencionam a geração de empregos temporários, e quase metade (49%) vê valorização dos produtos artesanais, sinalizando uma cadeia econômica que beneficia produtores locais e reforça o vínculo entre tradição e desenvolvimento.
“Junho é, cada vez mais, um mês de fortalecimento das economias regionais. Os pequenos empreendimentos e os trabalhadores autônomos são os mais favorecidos pela geração de renda extra proporcionada pelas festas juninas, cujas celebrações só crescem”, diz Thiago Ramos, especialista em educação financeira da Serasa.
Tradição
Segundo a pesquisa, 71% dos nordestinos participam das festas juninas, 53% em suas próprias cidades e 16% viajando para municípios vizinhos. Os gastos acompanham o entusiasmo: 46% dos entrevistados estimam despesas de até R$ 300; 23% afirmam gastar entre R$ 301 e R$ 500; e 12% ultrapassam a faixa de R$ 500, chegando a até R$ 800 em despesas ligadas às comemorações. O cenário contrasta com o restante do país, onde a participação nas festas é menor (65%) e os gastos tendem a ser mais comedidos. Além do impacto econômico direto, os dados reforçam o papel simbólico das festas juninas na construção da identidade regional. Para 59% dos entrevistados no Nordeste, os festejos contribuem para a preservação das tradições; 53% os associam ao desenvolvimento econômico; e 52% veem neles um instrumento de fortalecimento cultural.
No cenário nacional, 62% das pessoas esperam renda extra e 61% percebem aumento na atividade econômica, o Nordeste se destaca como epicentro dessa movimentação. Anderson Passos Bezerra, economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), lembra que as festas juninas do Nordeste já são um marco histórico. “Existe toda uma indústria, uma cadeia econômica envolvida historicamente, por isso é um momento de geração de renda, de cultura, incentivo turismo. De fato, as festas juninas têm esse impacto de gerar renda e cadeia produtiva envolvida, especializada e também há chance para pequenos empreendedores, até mesmo informais, de garantir uma renda extra nesse momento”.
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