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O que se sabe sobre o mega data center de R$ 50 bilhões no Ceará

Ainda pairam dúvidas sobre o megaprojeto tecnológico de R$ 50 bilhões para a instalação de um gigantesco data center no Complexo do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, no Ceará. Mas é fato que o ambicioso empreendimento vem fisgando a atenção do mercado, não só localmente, mas, diante de sua magnitude, também em âmbito nacional.

Projeto do bilionário Mário Araripe, da Casa dos Ventos, é um dos empreendimentos mais ambiciosos do País

Escrito por
Victor Ximenesproducaodiario@svm.com.br
08 de Junho de 2025 – 07:00

Legenda: Novo data center da Casa dos Ventos ficará instalado na área II da ZPE do Pecém
Foto: Cipp/Divulgação

Ainda pairam dúvidas sobre o megaprojeto tecnológico de R$ 50 bilhões para a instalação de um gigantesco data center no Complexo do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, no Ceará. Mas é fato que o ambicioso empreendimento vem fisgando a atenção do mercado, não só localmente, mas, diante de sua magnitude, também em âmbito nacional.

O projeto ganhou a atenção da mídia brasileira principalmente com o enfoque dado ao TikTok, controlado pela ByteDance, que, conforme rumores de mercado, seria potencial parceiro do negócio. Mas a participação da companhia estrangeira ainda não está confirmada e tampouco descartada.

Quem assina o empreendimento é a Casa dos Ventos, do visionário cearense Mário Araripe, detentor de uma das maiores fortunas do Nordeste. O nome dá peso, credibilidade e lastro financeiro à iniciativa.

 

Mário Araripe
Legenda: Mário Araripe, presidente da Casa dos Ventos
Foto: Ismael Soares

 

Sem oba-oba (por enquanto)

Mas convém adotar um tom cauteloso em relação ao projeto. Este colunista já cobriu, desde a década passada, lançamentos e anúncios de megaempreendimentos no Ceará que jamais se concretizaram. Para citar apenas os que saltam de imediato à memória: a famigerada Refinaria Premium II, da Petrobras, que nunca passou de um fantasma; e a colossal Portocém, uma térmica bilionária que chegou a ter evento com lançamento de placa e acabou ficando apenas na promessa.

Por óbvio, vários outros tornaram-se realidade, portanto, o ultra data center merece, no mínimo, o benefício da dúvida, mas, por enquanto, contenhamos o oba-oba.

Dinheiro muito

A cifra bilionária, anunciada pelo próprio Araripe no ano passado, merece atenção. Nunca o Ceará recebeu um investimento de tamanha envergadura. Nem mesmo os memorandos de usinas de hidrogênio verde, que estão apenas no papel, alcançam individualmente o valor. O projeto da australiana Fortescue, para comparação, prevê de R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões, ainda muito distante dos R$ 50 bi do complexo de armazenamento de dados da Casa dos Ventos.

Estamos diante, portanto, de um “game-changer”, para usar um termo da turma da Faria Lima. Um negócio com potencial de transformar a economia estadual, como escreveu o colega e amigo Egídio Serpa.

Status do projeto

Oficialmente, vale frisar, o projeto ainda é considerado “em fase de desenvolvimento”, o que significa que é preciso superar as etapas que poderão torná-lo economicamente viável.

Nos últimos dias, foi dado um passo importante. A Casa dos Ventos obteve parecer favorável do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para o acesso de 300 MW para a primeira fase.

Também foi aprovada a habilitação nas Normas Brasileiras de Serviços (NBSs) pelo Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação (CZPE), vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Esses sinais verdes são fundamentais para a sequência do empreendimento. O plano da Casa dos Ventos é iniciar as obras ainda neste ano, com projeção de conclusão em 2027. A considerar a dimensão da planta e a complexidade da iniciativa, atrasos são esperados.

Local estratégico

A escolha pela Região Metropolitana de Fortaleza não é aleatória. A capital cearense recebe hoje 17 cabos submarinos de fibra óptica que conectam o Brasil à América do Norte, Europa e África. Essa infraestrutura fez da cidade um ponto estratégico para empresas de tecnologia interessadas em baixa latência e alta conectividade. Data centers de empresas nacionais e estrangeiras já operam na cidade, que é a maior economia do Nordeste.

O grande desafio de um empreendimento desse porte é a demanda energética. O fato de a Casa dos Ventos ser uma prestigiada produtora de energia, certamente, será um diferencial estratégico e estrutural para o negócio.

Há perspectiva de expansão futura que poderá elevar a capacidade do data center para até 900 MW. Para se ter ideia do porte, essa capacidade é comparável à de alguns dos maiores centros de processamento de dados em operação no mundo.

A escala do investimento, além de sua complexidade tecnológica, deverá desencadear efeitos relevantes para a economia cearense, especialmente na geração de empregos diretos e indiretos. A expectativa é que mais de 20 mil postos de trabalho sejam criados ao longo da construção e operação da estrutura.

A estrutura também será habilitada para operar dentro da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, o que permite à Casa dos Ventos oferecer serviços de tráfego e processamento de dados com incentivos fiscais voltados à exportação digital. A medida amplia a competitividade do projeto e pode atrair outras multinacionais que buscam expandir operações na América do Sul.

O timing do projeto não poderia ser melhor. As líderes globais do setor de tecnologia estão em uma corrida acirrada com a disparada da demanda, gerada pelo boom da inteligência artificial no planeta.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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