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Agro do Ceará quer implantar um frigorífico industrial

Empresários cearenses ligados à atividade pecuária voltaram a falar sobre a necessidade de implantação de um frigorífico industrial no Ceará para o abate e comercialização de carne de bovinos, ovinos e caprinos. Dois grandes empresários, um dos quais é agroindustrial, estão incentivando seus colegas do agro a que se engajem nessa ideia. Ambos viajarão, no próximo mês de agosto, até um estado do Norte do país, onde conhecerão uma fazenda de engorda de bois, com 12 mil cabeças de várias raças premiadas.  

Mas pecuária cearense ainda não tem boi suficiente para atender à demanda de uma indústria

Escrito por

Egídio Serpaegidio.serpa@asvm.com.br

05 de Julho de 2025 – 06:15

(Atualizado às 06:29)

Egídio Serpa

Legenda: O rebanho bovino de corte ainda é pequeno e não atende à demanda de um frigorífico industrial

Foto: Nelson Almeida / AFP

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Empresários cearenses ligados à atividade pecuária voltaram a falar sobre a necessidade de implantação de um frigorífico industrial no Ceará para o abate e comercialização de carne de bovinos, ovinos e caprinos. Dois grandes empresários, um dos quais é agroindustrial, estão incentivando seus colegas do agro a que se engajem nessa ideia. Ambos viajarão, no próximo mês de agosto, até um estado do Norte do país, onde conhecerão uma fazenda de engorda de bois, com 12 mil cabeças de várias raças premiadas.

Pelo que apurou esta coluna, a ideia do frigorífico começa a mexer a cabeça de criadores cearenses, que veem o empreendimento como essencial para a pecuária de corte do Ceará. Hoje, os cearenses comem duas espécies de carne bovina: ou a procedente das “moitas” (abatedouros clandestinos, que existem no interior do estado e que funcionam sem a mínima condição sanitária, distante da fiscalização da Adagri, que se ressente de um quadro maior de fiscais) ou a muito boa, mas caríssima, carne que vem do Sul e do Centro Oeste, onde se localizam os gigantescos e modernos frigoríficos de marcas mundialmente famosas.

Carne cearense de alta qualidade não existe, só a de frango – abatido pelas melhores granjas locais – e de suíno, cujos criadores também instalaram seus abatedouros, que são fiscalizados pelos agentes da saúde animal.

O rebanho bovino do Ceará, estimado entre 2,5 e 2,8 milhões de cabeças, é constituído, em sua maioria, de gado leiteiro. O rebanho de corte é, ainda, muito pequeno para sonhos industriais e carece de boa genética, segundo comenta o agropecuarista Luiz Girão, na opinião de quem é viável o projeto de construção de um frigorífico aqui, desde que seja garantida a oferta de boi que atenda à demanda, Por sua vez, Décio Júnior — maior fabricante brasileiro de óleo e de farelo de algodão – tomou a iniciativa de assegurar aos interessados o fornecimento de seus produtos aos rebanhos cearenses (ele tem fábricas aqui, na Bahia e em Mato Grosso, onde está a maior delas).

Há pouco mais de um ano, o empresário Beto Studart – também criador de boi da raça Nelore em sua fazenda Chica Doce, no município de Pindoretama, Região Metropolitana de Fortaleza, tentou estimular alguns criadores – como Candice Rangel, que tem mais de duas mil cabeças da mesma raça Nelore em suas fazendas na região do Cariri – a mergulharem com ele em um projeto de implantação de um frigorífico industrial no Ceará. A ideia não prosperou por um motivo básico: não há, por enquanto, na geografia cearense, boi suficiente para dar retorno ao investimento em um frigorífico.

Agora, todavia, a ideia retorna com novos atores, que terão de confrontar o mesmo problema – a falta de matéria prima, isto é, de rebanho bovino de corte. Eles aguardam uma visita do presidente do Grupo Vicunha, Ricardo Steinbruch, que já revelou seu desejo de instalar no Nordeste, preferencialmente no Ceará, um frigorífico industrial para o abate de ovinos e caprinos.

Um dos empresários cearenses envolvidos na ideia do frigorífico para o abate de bovinos no Ceará disse ontem à coluna que é possível o casamento das duas ideias. Acontece que o Ceará também não tem rebanho ovino e caprino suficiente para abastecer um frigorífico do tamanho do que planeja Steinbruch.

“Mas isso poderá ser superado se as necessidades do frigorífico forem atendidas pelos criadores não só do Ceará, mas de todo o Nordeste”, disse uma fonte da Embrapa Caprinos, que, desde sua sede em Sobral, acompanha, por meio desta coluna, as informações e especulações sobre o projeto de construção do frigorífico cearense. A mesma fonte deixou escapar o comentário de que, “mais cedo ou mais tarde”, o Ceará terá de possuir, como Pernambuco, um frigorífico industrial. E quanto custa a implantação de um frigorífico de grande porte? – a coluna perguntou. E a resposta da fonte da Embrapa Caprinos foi curta e rápida:

“Algumas dezenas de milhões de reais, mas para isso há financiamento do BNB, via Fundo Constitucional do Nordeste, o FNE”.

Para os empresários cearenses e para o Grupo Vicunha, o problema financeiro “não será problema”. O problema que existe é a baixa oferta de matéria prima bovina e caprina no Ceará e ao seu redor.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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