Decisões são por práticas consideradas ilegais durante a campanha eleitoral; quatro cidades terão novas eleições
Escrito por
Inácio Aguiarinacio.aguiar@svm.com.br
14 de Julho de 2025 – 11:10
(Atualizado às 11:29)
Legenda: Ceará poderá ter, em breve, pelo menos quatro eleições suplementares em diferentes cidades
Foto: Divulgação
Até este mês de julho, dez prefeitos de municípios cearenses eleitos no ano passado já tiveram seus mandatos cassados por suspeitas de irregularidades durante a campanha. As decisões, em primeira e segunda instâncias, acendem um alerta sobre o rigor do Judiciário com condutas ilícitas no processo eleitoral, mas também submetem cidades a incertezas políticas que demandam celeridade nos julgamentos.
Seis dos gestores cassados enfrentam condenações em primeira instância. Outros já foram condenados em segunda instância, o que obriga a realização de eleições suplementares em seus municípios.
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Em seis meses, Ceará tem dois prefeitos presos, um foragido e seis condenados na Justiça Eleitoral
Prefeitos com cassação em 1ª instância
- Ângelo Furtado, o Angim (Abaiara)
- Marcone Luna (Aurora)
- Bebeto Queiroz (Choró)
- Guilherme Saraiva (Barbalha)
- Glêdson Bezerra (Juazeiro do Norte)
- Roberto Costa (Iguatu)
Esses prefeitos foram condenados por supostas infrações como abuso de poder político e econômico, uso indevido da máquina pública, compra de votos ou irregularidades em propaganda institucional. O caso mais emblemático é o do prefeito de Choró, Bebeto Queiroz, que nem chegou a assumir o mandato. Ele está foragido da Justiça desde dezembro passado.
Apesar da permanência nos cargos enquanto aguardam o julgamento dos recursos, a condição de “cassado em 1ª instância” fragiliza a governabilidade e aumenta a tensão política nos municípios.
Prefeitos com cassação confirmada em 2ª instância
- Bel Júnior (Senador Sá) – cassado pelo TRE-CE, retornou ao cargo por decisão liminar do TSE
- Luan Dantas (Potiretama)
- Braguinha (Santa Quitéria)
- Jaime Veras (Barroquinha)
Nos três últimos casos, a Justiça Eleitoral do Ceará já prepara a realização de novas eleições. Em Senador Sá, a eleição suplementar chegou a ser marcada, mas foi suspensa após o prefeito cassado recorrer à instância superior e obter liminar.
Potiretama, em especial, vive uma situação jurídica peculiar. Lá, o prefeito Luan Dantas está preso, embora não esteja “oficialmente” afastado do mandato pela Justiça. Como está preso, fica impedido de exercer a função.
O que está por trás das cassações
As ações judiciais são movidas por adversários políticos do gestor eleito ou pelo Ministério Público Eleitoral.
Nos bastidores, há uma preocupação crescente com problemas como o uso indevido da máquina pública e a possível interferência de facções criminosas no pleito de 2024. Esta última é, sem dúvida, a maior problemática com a qual o TRE-CE está se deparando.
Foi por envolvimento por facção criminosa que o prefeito de Santa Quitéria, Braguinha, foi cassado em primeira e segunda instância. A denúncia, considera substanciosa pelos julgadores, levou a uma decisão unânime contra o gestor.
A cassação de Glêdson Bezerra, por exemplo, movimenta o cenário em Juazeiro do Norte, a maior cidade do interior cearense. Lá, o prefeito trava uma batalha política contra o grupo governista estadual, liderado pelo ministro da Educação Camilo Santana.
Em Iguatu e Barbalha, os julgamentos ganham contornos políticos relevantes, considerando a importância regional destas cidades, especialmente no caso do Município do Centro-Sul, que viveu muitas incertezas administrativas no ciclo eleitoral anterior.
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