O segmento está se consolidando no Nordeste

O encarecimento do terreno em Fortaleza e a tendência de apartamentos menores em algumas regiões disputadas ajudam a explicar um movimento crescente ao longo dos últimos anos: o avanço das lavanderias de autosserviço, em que o usuário lava e seca a roupa fora de casa, em poucas horas.
De acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o número de marcas de lavanderias presentes no Ceará passou de sete em 2024 para 12 em 2025, totalizando alta de 71,46%. Em unidades franqueadas, houve um salto de 45 lavanderias no ano passado para 111 neste ano, um crescimento de 146%.
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Para Fernando Ribeiro, diretor da ABF nas regiões Norte e Nordeste, há uma tendência de crescimento desse modelo em função das transformações na dinâmica imobiliária.
“O mercado imobiliário é a válvula propulsora disso e estão sendo construídos muitos apartamentos no formato estúdio, que atraem investidores”, avalia.
“São pessoas com uma vida muito corrida e que precisam muito de operações de autosserviço. Lavanderias, produtos de última hora, praticidade. Essa praticidade é buscada em todos os lugares do mundo, no Brasil não seria diferente”, lista Ribeiro.
Na região Nordeste, ele avalia que surgimento das lavanderias autosserviço chegou um pouco depois de outras regiões e vem se consolidando.
Frequentemente encontradas em pátios comerciais, próximas a supermercados, academias e outras opções de serviços, as lavanderias se posicionam como uma possibilidade de otimizar o tempo, deixando a roupa na lavagem ou secagem enquanto o consumidor pode ir ao supermercado ou fazer atividade física.
Custo-benefício e mudança cultural
A servidora pública Julia Linhares usou o serviço durante a organização da sua mudança de residência, enquanto sua máquina de lavar não havia sido instalada. O período durou cerca de três meses.
“No começo, eu ia e ficava lá esperando, até que comecei a procurar lavanderias em que eu pudesse utilizar melhor o tempo, como as de supermercados. Isso facilitava e me favorecia a otimizar melhor outras tarefas do dia”, relata.
Para ela, o serviço oferece um ótimo custo-benefício. No entanto, preocupa-se com a higiene, pois muitas pessoas utilizam as máquinas.
“Eu sempre prezei pela higiene, e, nas primeiras vezes, eu ia a uma próxima à minha casa que sempre tinha pessoas utilizando. Isso me causava um certo questionamento em relação ao acúmulo de sujeira ou resíduos de outras lavagens”, observa.
Leandro Silva, CEO da Lavateria, também acredita que uma mudança de cultura vem impulsionando o avanço desse tipo de serviço em todo o Brasil. No caso do Nordeste, ele avalia que o perfil turístico das cidades representa um potencial interessante para as lavanderias.
Perguntado se os malls e pátios comerciais são lugares ideais para abrigarem esse tipo de operação na região Nordeste, Leandro explica que o crescimento das lavanderias juntamente com esses espaços vem sendo observado e que é uma tendência, assim como também há uma tendência de esses serviços passarem a ocupar áreas de conveniência em postos de gasolina.
“Isso nos postos de gasolina é um potencial para o Ceará, acredito que ainda vai chegar. Em São Paulo, no Sudeste, em geral, já observamos. Hoje, quase 30% das operações da Lavateria estão dentro dos postos de gasolina”.
A Lavateria possui cerca de 600 unidades no Brasil, sendo 15 unidades em Fortaleza.
Nordeste tem condições favoráveis para expansão, avalia o setor
O grupo Froth é detentor das marcas 5àsec e LavPop, ambas de lavanderia e com presença no Ceará. A 5àsec funciona no modelo mais tradicional, enquanto a LavPop foca no autosserviço.
Para Jucimar Silva, diretor de Marketing do grupo, a região Nordeste reúne condições muito favoráveis para a expansão das lavanderias de autosserviço, tanto do ponto de vista de demanda quanto de viabilidade econômica.
“A combinação de mudança cultural, infraestrutura urbana, clima e comportamento do consumidor aponta para um cenário muito promissor para o setor”, diz Silva.
Ele corrobora que a franca verticalização e crescimento de edifícios residenciais em determinadas áreas “cria uma demanda natural por soluções de lavanderia rápida, prática e acessível.
“Do ponto de vista do investidor, o custo de implantação reduzido e desempenho positivo das unidades de autosserviço no Nordeste são atrativos para o crescimento desse formato”.
*As entrevistas foram feitas durante a ABF Expo, em São Paulo. A colunista viajou a convite da Associação Brasileira de Franchising
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