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Brasil amplia dependência de fertilizantes russos e pode enfrentar tarifas dos EUA

A decisão da Petrobras, em 2016, de encerrar a produção de fertilizantes e, nos anos seguintes, fechar ou arrendar suas fábricas, mudou o cenário da agricultura brasileira. Sem produção própria suficiente, o país passou a depender cada vez mais da importação — especialmente da Rússia —, o que já representa risco de retaliações comerciais por parte dos Estados Unidos.

Sem produção própria suficiente, o país passou a depender cada vez mais da importação — especialmente da Rússia.

Fábrica de fertilizantes em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul  | Divulgação Petrobras
Fábrica de fertilizantes em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul | Foto: Divulgação Petrobras

A decisão da Petrobras, em 2016, de encerrar a produção de fertilizantes e, nos anos seguintes, fechar ou arrendar suas fábricas, mudou o cenário da agricultura brasileira. Sem produção própria suficiente, o país passou a depender cada vez mais da importação — especialmente da Rússia —, o que já representa risco de retaliações comerciais por parte dos Estados Unidos.

 

Histórico

A ordem para saída da estatal do setor foi dada no governo Michel Temer (MDB), com o arrendamento de duas fábricas iniciado em 2018. Alegando prejuízos de R$ 600 milhões, a Petrobras anunciou o fechamento das unidades, mas só concretizou o processo no governo Jair Bolsonaro (PL). Em 2019, a empresa arrendou as fábricas da Bahia (Camaçari) e de Sergipe (Laranjeiras) para a Proquigel Química S.A. No ano seguinte, fechou a unidade do Paraná, em Araucária, resultando em mil demissões.

Venda

Em 2022, a Petrobras vendeu ao grupo russo Acron a fábrica de Três Lagoas (MS), na qual já havia investido pelo menos R$ 3,2 bilhões. O negócio, no entanto, foi desfeito após o início das sanções contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia. Desde então, a unidade segue parada, contribuindo para a queda na produção nacional de fertilizantes.

Produção

Os números mostram o impacto da desindustrialização do setor. Em 2013, o Brasil produzia 9,3 milhões de toneladas de fertilizantes para um consumo de 30 milhões. Hoje, segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos, a produção caiu para 7,7 milhões, enquanto o consumo subiu para 45 milhões. Em 2024, mais de 90% do fertilizante utilizado será importado, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária.

Capacidade da Rússia

A Rússia, maior exportadora mundial de fertilizantes, responde pela maior fatia das compras brasileiras: 12,5 milhões de toneladas no ano passado, quase três vezes mais que em 2016. A dependência se tornou estratégica a ponto de colocar o Brasil no radar do governo Donald Trump, que ameaça impor tarifas de até 100% a países que importam produtos russos, como forma de pressionar economicamente Moscou.

Tarifas americanas

Na semana passada, Trump elevou de 25% para 50% as tarifas contra a Índia, alegando que o país importa petróleo russo. Um projeto de lei que tramita no Congresso norte-americano propõe sobretaxas de até 500% para nações que comercializam com a Rússia, o que poderia afetar diretamente o agronegócio brasileiro — responsável por grande parte do PIB nacional e hoje altamente dependente de fertilizantes importados.

Sindicatos

O custo de produzir fertilizantes no Brasil também desestimula o setor privado. Segundo sindicatos, enquanto insumos fosfatados entram sem taxa de importação, o produtor nacional paga ICMS no estado de origem e no destino. Já no caso do fertilizante nitrogenado, o preço é puxado para cima pelo valor do gás de refinaria vendido pela Petrobras, que, segundo o sindicato, custa o dobro do preço internacional. Esse cenário levou, por exemplo, ao fechamento da unidade da Yara, em Cubatão, neste ano, com a demissão de cerca de 600 trabalhadores.

Volta

Diante do quadro, o governo tenta reverter os arrendamentos e retomar a produção nacional. Petrobras já assinou acordo para reassumir as fábricas da Bahia e de Sergipe, com previsão de retomada das operações até o fim de 2025. A unidade do Paraná deve voltar a operar em carga plena até o fim de agosto. O plano prevê investimentos de US$ 900 milhões até 2029 para que, até 2028, as três unidades reativadas possam atender cerca de 35% da demanda nacional de ureia, reduzindo a vulnerabilidade às oscilações do mercado global. (Fonte: G1)

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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