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Dengue e chikungunya: apesar da queda, Ceará ainda registra 3 mil casos de arboviroses em 2025

Os casos das arboviroses dengue e chikungunya apresentaram uma redução significativa, mas o cenário ainda exige atenção. Entre janeiro e o início de agosto deste ano, foram registrados 3.194 ocorrências. Não houve ocorrência de óbitos. Os dados são do monitoramento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa)

Entenda quais são os sintomas e como se prevenir das arboviroses

Escrito por
Clarice Nascimentoclarice.nascimento@svm.com.br
17 de Agosto de 2025 – 10:00

Mão de uma pessoa segurando um pequeno tubo de ensaio de vidro com um líquido claro e pequenos insetos. A pessoa está usando um anel largo de metal no dedo. O fundo está desfocado com tons de verde e um pouco de marrom, sugerindo folhagem.
Legenda: Os casos de dengue reduziram de 9.017 ocorrências, em 2024, para 2.777 neste ano
Foto: Fabiane de Paula

Os casos das arboviroses dengue e chikungunya apresentaram uma redução significativa, mas o cenário ainda exige atenção. Entre janeiro e o início de agosto deste ano, foram registrados 3.194 ocorrências. Não houve ocorrência de óbitos. Os dados são do monitoramento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa)

Em entrevista ao Diário do Nordeste, Ana Cabral, coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), afirma que uma junção de aspectos que levam a essa redução do número de casos. “É a reunião de vários fatores que faz com que estejamos nesse cenário atual de baixa transmissão”, diz. Um dos fatores que explica a redução de casos é a imunidade coletiva.

 

Esses números representam uma queda de 66,8% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram 9.649 casos.

 

A dengue apresentou uma expressiva redução de 69,2%, passando de 9.017 ocorrências, em 2024, para 2.777 neste ano. Os casos de Chikungunya também tiveram uma queda de 33,9%, com a redução de 631 para 417 diagnósticos na comparação do mesmo período.

 

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Por que os casos de dengue e chikungunya caíram

Presente no Brasil há quatro décadas, foram registradas sete epidemias da doença no país e outros dois surtos de chikungunya de grande magnitude.

“Pelo fato de ter dengue há muito tempo, isso pode possibilitar a ter menos casos. No entanto, isso não quer dizer que o Ceará está tranquilo em relação ao cenário epidemiológico e que não precisa mais monitorar”, explica Ana Cabral. Ao contrário, o monitoramento é uma das ações que auxilia a rede de saúde a se preparar para eventuais aumentos de casos.

 

 

Outras razões que influenciam esse cenário são as ações de saúde implementadas ao longo desses anos. Para Ana Cabral, é uma junção de fatores como o trabalho dos agentes de endemias e as tecnologias implantadas. “Não tem um fator isolado que a gente pode dizer que é por isso que está reduzindo”, reitera.

O médico sanitarista e gestor em Saúde Pública, Álvaro Madeira Neto, reforça que o cenário ‘tranquilo’ do Ceará não deve ser um indicativo para deixar de lado as medidas de prevenção.

 

“A queda é real, mas não é um sinal verde para que todos relaxem. Ela é uma janela para consolidar as ações preventivas e evitar que um próximo sorotipo encontre um terreno fértil para uma nova onda”

 

Mesmo com o cenário de baixa incidência, os cuidados ainda devem ser mantidos. O profissional da saúde corrobora a necessidade de adotar medidas que eliminem os focos do mosquito Aedes aegypti, como fazer uma varredura semanal das casas e não deixar pneus expostos.

“Permitir o tratamento focal pelos agentes de endemia quando indicado também é muito importante. Outra ferramenta é vacinar crianças e adolescentes conforme o programa. Internacional de imunização. Fundamental a gente lembrar que existe hoje, disponível pelo SUS, uma vacina e ela deve ser usada”, diz.

É possível pegar dengue mais de uma vez?

A doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti pode ser contraída até quatro vezes, pois o vírus apresenta quatro sorotipos diferentes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Cada um deles apresenta distintos materiais genéticos e linhagens, o que dá “imunidade vitalícia” ao paciente.

Conforme a nota informativa divulgada pela Sesa, no dia 28 de julho, a dengue concentra o maior percentual de confirmações dos casos (40%) quando comparado às demais arboviroses no Ceará. Em relação aos sorotipos, o DENV-1 e o DENV-2 são os que mais predominam.

Em junho deste ano, a Pasta confirmou a reintrodução do DENV-3 no Estado. Ele não era detectado no Ceará desde 2015. O primeiro caso confirmado foi em uma criança do sexo feminino residente do município de Barbalha, com início dos sintomas em 2 de junho. Nas semanas seguintes, outras duas infecções foram confirmadas na mesma localidade.

No mês seguinte, seis detecções do DENV-3 foram confirmadas em pacientes residentes no município de Limoeiro do Norte. Segundo a Sesa, a reintrodução do sorotipo 3 deve ser tratada com precaução e cautela, com monitoração e cuidados conforme as notas técnicas.

 

“Nós trabalhamos em estado de alerta. O que nós fazemos hoje é fortalecer a vigilância laboratorial, o monitoramento das equipes nos municípios, incentivar os municípios a se prepararem e atualizarem seus planos de contingência”
Ana Cabral

coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Sesa

 

Isso acontece porque poucas pessoas contraíram essa forma do vírus, gerando uma baixa imunidade da população, explica o médico Álvaro Madeira. Outro risco é que pode haver mais casos graves da doença, porque quem já teve a doença pode ser infectada novamente por outro sorotipo.

Quais os sintomas e como se prevenir

 

Planta pequena em um vaso de plástico claro sobre um prato preto, que está cheio de água parada. O fundo mostra um solo marrom e uma parede alaranjada texturizada. Há galhos secos e folhas mortas ao redor, indicando um ambiente externo.
Legenda: Uma das medidas para eliminar os focos de mosquitos é eliminar a água acumulada nos pratos de vasos de plantas
Foto: Shutterstock

 

Dengue e chikungunya, assim como a zika, são causadas pelo mosquito Aedes aegypti. Doméstico, ele vive nos arredores de domicílios ou locais frequentados por pessoas e possui hábitos diurnos. Esse vetor se alimenta de sangue humano, principalmente ao amanhecer e ao entardecer.

A infestação do mosquito acontece por água acumulada e altas temperaturas, fatores que levam a eclosão dos ovos. Por isso, a prevenção ao vetor é a principal forma de evitar o avanço dos casos. Confira algumas medidas eficazes para combater focos do mosquito, segundo o Ministério da Saúde:

  • Esvazie garrafas, potes e vasos, guardando-os de cabeça para baixo;
  • Coloque areia nos pratos de vasos de plantas;
  • Guarde pneus em locais cobertos ou descarte em borracharias;
  • Mantenha a caixa d’água, os tonéis e outros reservatórios de água limpos e bem vedados;
  • Não acumule sucata e entulho;
  • Limpe bem as calhas de casa e as lajes;
  • Instale telas nos ralos e mantenha-os sempre limpos;
  • Elimine a água acumulada nos reservatórios dos purificadores de água e das geladeiras;
  • Mantenha em dia a manutenção das piscinas.

Desde 2024, a vacina contra dengue foi incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS). O esquema vacinal é composto por duas doses com intervalo de três meses entre elas. Inicialmente, o público-alvo apto a receber o imunizante era o de crianças de 10 a 14 anos. No entanto, com a proximidade de vencimento das vacinas, o Ministério da Saúde permitiu a ampliação da faixa etária para 59 anos, 11 meses e 29 dias.

Principais sintomas das doenças

Dengue:

  • Febre alta (superior a 38 °C);
  • Dor no corpo e articulações;
  • Dor atrás dos olhos;
  • Mal-estar;
  • Falta de apetite;
  • Dor de cabeça;
  • Manchas vermelhas no corpo.

Chikungunya:

  • Febre;
  • Dores intensas nas articulações;
  • Dor nas costas;
  • Dores pelo corpo;
  • Erupção avermelhada na pele;
  • Dor de cabeça;
  • Náuseas e vômitos;
  • Dor atrás dos olhos;
  • Dor de garganta;
  • Calafrios;
  • Diarreia e/ou dor abdominal (mais presentes em crianças).

Zika: 

  • Febre baixa (menor ou igual que 38,5 °C) ou ausente;
  • Exantema (irritação na pele) de início precoce;
  • Conjuntivite não purulenta;
  • Dor de cabeça;
  • Aumento dos linfonodos (chamados de ínguas).

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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