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Infância à venda: o preço da adultização infantil

Basta entrar em qualquer loja infantil para perceber: a moda para crianças tem se aproximado perigosamente de um guarda-roupa mais adulto. Shorts minúsculos, blusas justas, saltos, maquiagens completas, e tudo isso embalado como “fofo”. Mas por trás dessa estética aparentemente inofensiva, esconde-se um fenômeno grave: a adultização da infância.

A adultização de crianças começa pela roupa. É mais do que “brincar de se vestir” e usar alguma maquiagem, mas normalizar estéticas que tiram da criança a sua espontaneidade.

Escrito por
Redaçãoproducaodiario@svm.com.br
17 de Agosto de 2025 – 07:00

Legenda: Modelo em matéria publicada na Vogue França em 2011 e que gerou polêmica sobre a caracterização sexualidade da criança
Foto: Reprodução Vougue França

Basta entrar em qualquer loja infantil para perceber: a moda para crianças tem se aproximado perigosamente de um guarda-roupa mais adulto. Shorts minúsculos, blusas justas, saltos, maquiagens completas, e tudo isso embalado como “fofo”. Mas por trás dessa estética aparentemente inofensiva, esconde-se um fenômeno grave: a adultização da infância.

Essa pressão por parecer adulto não é nova. Desde a década de 1960, concursos de beleza infantil nos Estados Unidos, depois popularizados por programas como Toddlers & Tiaras, colocam meninas de 4, 5 ou 6 anos em vestidos de gala, com cabelos armados, maquiagem pesada e coreografias ensaiadas.

O espetáculo transformou crianças em objetos de julgamento estético, normalizando a ideia de que devem corresponder a padrões de sensualidade antes mesmo de compreenderem seu significado. Décadas depois, o palco mudou, mas o show continua.

 

Imagem de uma menina vestida com mini saia e maquiagem carregada no Toddlers and Tiaras
Legenda: Reality Show dos Estados Unidos, ‘Toddlers and Tiaras’ acompanhava as vidas pessoais das famílias dos concorrentes em um concurso de beleza infantil
Foto: Divulgação

 

 

Agora, a passarela é virtual: redes sociais, vídeos curtos e conteúdo para engajamento se tornaram vitrines onde crianças performam para um público global.

 

Um exemplo recente acendeu esse alerta: o vídeo do youtuber Felca denunciou o influenciador Hytalo Santos por expor e sexualizar meninas, especialmente a influenciadora mirim Kamylinha, desde os 12 anos. Felca apresentou um dossiê sobre o chamado “algoritmo P”, que potencializa conteúdo sexualizado de menores, e classificou a produção de Hytalo como um “circo macabro”.

A repercussão escancarou algo que muitos preferem ignorar: a adultização não é apenas uma questão estética ou de “moda precoce”, mas também um risco real que expõe crianças à exploração, violência e abuso.

A adultização nas roupas cobra um preço muito caro, pois impõe uma imagem que carrega uma carga sensual e madura que não pertence às crianças. Quando uma sociedade transforma a inocência em espetáculo, ela não está antecipando maturidade, está roubando a infância.

Vestir uma criança de criança não é moralismo, é respeitar as etapas da vida.

Moda é comunicação, roupa não é só um pedaço de tecido, e é muito fácil comunicar abertura e acessibilidade. Se essas mensagens não condizem com a idade, a gente abre o precedente para atitudes muito perigosas daqueles que menos são punidos.

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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