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O desafio da educação sexual e a adultização infantil

A infância, etapa de descobertas graduais, vem sendo comprimida pela velocidade das redes sociais, pela erotização precoce e pela exposição massiva a conteúdos adultos. Esse fenômeno, conhecido como adultização infantil, não é apenas cultural: é uma questão de saúde pública. A psicologia alerta que, quando a criança é levada a papéis e comportamentos adultos antes do tempo, ocorrem riscos de ansiedade, depressão, baixa autoestima e dificuldades de construção da identidade. 

Escrito por
Antonio Lourenço Netoproducaodiario@svm.com.br
22 de Agosto de 2025 – 06:00

Professor Universitário
Legenda: Professor Universitário

A infância, etapa de descobertas graduais, vem sendo comprimida pela velocidade das redes sociais, pela erotização precoce e pela exposição massiva a conteúdos adultos. Esse fenômeno, conhecido como adultização infantil, não é apenas cultural: é uma questão de saúde pública. A psicologia alerta que, quando a criança é levada a papéis e comportamentos adultos antes do tempo, ocorrem riscos de ansiedade, depressão, baixa autoestima e dificuldades de construção da identidade.

A infância é período crucial para o desenvolvimento do senso de confiança e da identidade; forçar etapas pode gerar lacunas emocionais difíceis de reparar.
Os números são alarmantes. No mundo, a UNICEF aponta que 120 milhões de meninas sofreram algum tipo de violência sexual antes dos 18 anos.

No Brasil, o Fórum de Segurança Pública registrou em 2022 mais de 70 mil casos de violência sexual contra crianças e adolescentes, sendo 60% das vítimas menores de 13 anos. No Ceará, a SSPDS notificou 1.876 ocorrências em 2023, com aumento de quase 20% em relação ao ano anterior. Esses dados mostram que a adultização não é apenas simbólica: ela abre brechas concretas para a violência e a pedofilia.

O enfrentamento passa pela educação sexual crítica e responsável, ainda tabu em muitas escolas brasileiras. Países que adotam educação sexual sistemática, como Suécia e Holanda, registram índices mais baixos de gravidez precoce e violência sexual. Neste sentido, família e escola precisam se unir. Cabe às famílias o diálogo aberto, sem moralismos ou silêncios que deixam espaço para desinformação. Às escolas, cabe trabalhar o tema com cientificidade, ética e sensibilidade. E ao Estado, garantir políticas públicas, formação docente e responsabilização das plataformas digitais que lucram com a exposição infantil.

A adultização não é destino inevitável: é consequência de omissões. A resposta está em reconhecer que proteger a infância exige falar de sexualidade com responsabilidade — e quanto mais cedo encararmos esse desafio, mais chances teremos de preservar o direito de crianças serem, simplesmente, crianças.

Antonio Lourenço Neto é advogado

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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