União Progressista nasce como maior força partidária do país, mas novo rearranjo interno ainda carece de definição
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Formalizada na última terça-feira (19), a Federação União Progressista (UPb) foi lançada como a maior força partidária do Brasil, com a maior bancada de deputados federais na Câmara e o maior número de prefeitos filiados no país. No Ceará, a aliança também altera o patamar político das legendas, colocando o grupo entre as principais agremiações em números.
Na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), a federação passará a contar com seis deputados estaduais, um índice que credencia a união das siglas como a 3ª maior bancada da Casa, perdendo apenas para os blocos PT/PCdoB/PSD/Avante e PSB/PSDB/Cidadania. Por meio da aliança, a UPb contará com os seguintes parlamentares:
- Felipe Mota (União)
- Heitor Ferrer (União)
- João Jaime (PP)
- Leonardo Pinheiro (PP)
- Sargento Reginauro (União)
- Almir Bié (PP)
Na Câmara dos Deputados, a União Progressista passa a ter cinco parlamentares federais pela bancada cearense:
- AJ Albuquerque (PP);
- Danilo Forte (União);
- Dayany Bittencourt (União);
- Fernanda Pessoa (União);
- Moses Rodrigues (União).
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Os dois grupos também passarão a governar o maior número de municípios brasileiros, com mais de mil prefeituras – 18 delas no Ceará, incluindo importantes colégios eleitorais, como Maracanaú e Sobral. Já nas câmaras municipais pelo Estado, foram eleitos 109 vereadores do União Brasil e 149 do PP.
Além da quantidade de políticos, o fator financeiro também evidencia o peso da aliança: a Federação contará com mais de R$ 1 bilhão em recursos para o pleito de 2026 a nível nacional, sendo R$ 953,8 milhões do fundo eleitoral e R$ 197,6 milhões do fundo partidário. Naturalmente, essas cifras entram no centro da disputa pelo comando do arranjo partidário e aquecem o debate entre as lideranças.
CONFIRA DADOS DA FEDERAÇÃO UNIÃO PROGRESSISTA
de 513 deputados federais
de 81 senadores
de 27 governadores
PREFEITOS DO UNIÃO BRASIL NO CEARÁ
- Maracanaú – Roberto Pessoa
- Sobral – Oscar Rodrigues
- Pacatuba – Larissa Camurça
- Pacajus – Edilson das Casas
- Tururu – Elinaldo Monteiro
PREFEITOS DO PP NO CEARÁ
- Cascavel – Ana Afif Queiroz
- Trairi – Gustavo Moreira
- Beberibe – Michele Queiroz
- Tabuleiro do Norte – Renata Vasconcelos
- Jijoca de Jericoacoara – Leandro Cezar
- Aracoiaba – Edim
- Itatira – Zé Dival
- Miraíma – Ozana Teixeira
- Alto Santo – Joeni
- Graça – Iraldice Mão Cheirosa
- Martinópole – Betão do James Bel
- Senador Sá – Bel Junior
- Potiretama – Luan Dantas
VEREADORES DO UNIÃO BRASIL E DO PP NO CEARÁ
- 110 vereadores do União Brasil
- 149 do PP
FEDERAÇÃO NA CÂMARA DOS VEREADORES DE FORTALEZA
- Márcio Martins (União)
- Soldado Noelio (União)
- Irmão Léo (PP)
- Marcos Paulo (PP)
DIVISÃO INTERNA
Mesmo com os números robustos, os novos rearranjos internos da Federação ainda carecem de definição, tendo em vista que os dois partidos aglutinam lideranças em campos distintos na relação com o Governo Elmano de Freitas (PT), com nomes ligados na base do Executivo e outros na oposição.
Ainda será preciso aguardar as deliberações nacionais acerca dessa postura, comentam políticos de ambas as siglas. Há a possibilidade de rompimento com o Executivo estadual, o que poderia causar o desembarque de quadros dos partidos, mas também há chance de liberação dos correligionários para decidirem seus posicionamentos, o que é ventilado por nomes do PP.
Ao mesmo tempo, quadros do União Brasil indicam que a federação ficará na oposição, como é o caso do atual presidente da sigla no Ceará, o ex-deputado federal Capitão Wagner (União). O político, inclusive, deve comandar a Federação no estado, o que já estaria definido internamente e seria mais um indicativo dos rumos da aliança partidária.
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Em contato com o PontoPoder, Capitão Wagner explicou que ainda aguarda as definições da executiva nacional para cravar os rumos da federação no Ceará. Questionado sobre como o novo arranjo partidário muda as forças políticas no Estado, em relação às negociações com as bases eleitorais, ele acredita que não haverá mudança.
“O deputado Danilo Forte tem relações pessoais com prefeitos, com vereadores, com lideranças de diversos municípios e logicamente por ter ocorrido o processo de Federação com o PP, isso não vai mudar”, exemplificou. Assim como os integrantes do PP que tem suas relações em estar presente nos municípios, de dar assistência a essas lideranças, vão continuar tendo a mesma relação independente da federação”, complementou Wagner.
Já sobre os prefeitos, o dirigente defende que a relação com o governo tem que ser “institucional”, independente da federação ser oposição ou estar na base. “O governador tem obrigação de atender aos municípios, de destinar recursos e realizar obras porque ele é governador de todo o Estado e o prefeito tem obrigação de bater na porta do governo para pedir ajuda”, enfatizou.
Atual 1ª vice-presidente do União no Ceará, a deputada federal Fernanda Pessoa (União) disse que as negociações estão em andamento e “ainda tem muito caminho pela frente”, em contato com a reportagem ao longo da semana. Ao lado do deputado federal Moses Rodrigues (União), a parlamentar integra a ala da sigla que é mais sensível ao diálogo com o grupo governista.
Ao mesmo tempo, a parlamentar afirma que o diálogo passa também pelo cálculo da relação com as prefeituras que são suas respectivas bases eleitorais, como é o caso de Maracanaú, comandada por Roberto Pessoa (União) — pai dela —, e Sobral, governado por Oscar Rodrigues (União), pai de Moses.
“Nós temos o diálogo, temos que conversar, através do diálogo mesmo, alguém tem que ceder alguma coisa, não vai dar para agradar a todos (…) A gente tem que construir pontes, progresso, eu penso muito no desenvolvimento, os municípios precisam dessas pautas. As pessoas vivem nos municípios, como eu sou uma deputada municipalista, eu não quero que nenhum município nosso seja penalizado”
AS FORÇAS DO PP
Já lideranças do Partido Progressistas evidenciam o desejo de permanecer na base do Governo do Estado. Atualmente, a legenda é aliado de Elmano e o vice-presidente da sigla no Ceará, o deputado licenciado Zezinho Albuquerque (PP), é o titular da Secretaria de Cidades.
Em contato com o PontoPoder na última segunda-feira (18), Zezinho Albuquerque afirmou que ainda não foi comunicado de nenhuma definição e que aguarda as deliberações que serão alinhadas a partir do encontro em Brasília, por meio do presidente nacional da sigla, Ciro Nogueira (PP).
Sobre a ideia de seguir junto ao governador, o político foi taxativo. “Tranquilamente. Não tenho nenhum problema de ficar na base do governo. Eu sou secretário de governo, eu votei no Elmano para ser governador. Não tenho como deixar de votar no governador Elmano, isso não passa nem pela cabeça”, enfatizou Zezinho. Após a federação, a reportagem não conseguiu mais retorno do secretário.
No mesmo sentido, os deputados estaduais do PP manifestaram o desejo de seguir na base, como é o caso de João Jaime. O parlamentar defendeu que a ala de mandatários do União Progressistas mais próxima a Elmano seja “liberada” para se manter como governista, ainda que a federação seja liderada por um nome da oposição.
“Nossa intenção é continuar na base do governo. Agora, que isso seja discutido com a gente, o ruim é quando você vê uma decisão de cima para baixo, que você aqui tem que cumprir”, concluiu João Jaime.
O PontoPoder também acionou o presidente da sigla no Ceará, o deputado federal AJ Albuquerque (PP), que é filho de Zezinho. No entanto, não houve retorno às tentativas de contato durante toda semana.
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