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Acredite! O Ibama e o agro do Ceará reuniram-se. E abraçaram-se.

Ontem, no meio do dia e durante um par de horas, 26 empresários cearenses dos diferentes ramos da atividade agropecuária reuniram-se com o superintendente do Ibama no Ceará, Deodato Ramalho, e o que antes parecia um evento de alto risco transcorreu em clima de clara amistosidade, terminando com todos aplaudindo o homem que comanda a representação local do principal organismo ambiental do país. Foi a primeira vez que estiveram frente a frente, aqui, os líderes do agro e a liderança do Ibama.  

O superintendente do Ibama, Deodato Ramalho, sugeriu que a Pecnordeste tenha uma pauta ambiental. E terá. A reunião terminou com aplausos.

Escrito por

Egídio Serpaegidio.serpa@svm.com.br

26 de Agosto de 2025 – 06:19

(Atualizado às 07:04)

Egídio Serpa

Legenda: Ladeado por Rita Grangeiro, produtora de coco verde, e por Jorge Parente, da Alvoar, Deodato Ramalho fala para empresários do agro

Foto: Egídio Serpa

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Ontem, no meio do dia e durante um par de horas, 26 empresários cearenses dos diferentes ramos da atividade agropecuária reuniram-se com o superintendente do Ibama no Ceará, Deodato Ramalho, e o que antes parecia um evento de alto risco transcorreu em clima de clara amistosidade, terminando com todos aplaudindo o homem que comanda a representação local do principal organismo ambiental do país. Foi a primeira vez que estiveram frente a frente, aqui, os líderes do agro e a liderança do Ibama.

Ramalho não teve papas na língua e, fluente na terminologia técnica, começou sua fala reclamando que a Pecnordeste, maior evento “indoor” da agropecuária brasileira, que anualmente, na primeira semana de junho, se realiza em Fortaleza, “não tem uma só referência, uma ponte sequer de ligação com o Ibama, com o meio ambiente”, e ele mesmo pediu aos que o ouviam que intercedam junto ao presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Faec), promotora do evento, “para reparar essa falha”.

A um só tempo, várias vozes concordaram e disseram, simultaneamente:

“Pode deixar, que vamos resolver isso.”

Ouvido em silêncio e com muita atenção pelos empresários, Ramalho confessou que enfrenta o que chamou de “dificuldades operacionais”, citando entre elas o pequeno quadro de servidores do Ibama no Ceará. Mas logo foi direto ao ponto, ao afirmar que, nos dias de hoje, “nos tempos atuais, em pleno Século 21, não é concebível que os empresários do agro não tenham preocupação com a pauta ambiental”. E revelou, pausadamente:

“Já conversei com o Amilcar (Silveira, presidente da Faec) sobre o assunto (a falta de ponte de ligação da Pecnordeste com o Ibama), e ele foi muito receptivo ao que eu expus”.

Depois de, didaticamente, abordar diferentes aspectos da atuação do Ibama nos vários setores do agro cearense, Deodato passou a responder questionamentos dos empresários, iniciando pela área da pesca, empregadora intensiva de mão de obra, “e eu sei disto”. E revelou que a atenção da fiscalização do Ibama está focada na captura do pargo, que é uma espécie ameaçada de extinção, razão pela qual, “nesta área, especificamente, há um ‘plus’ de exigências, sem revelá-las.

Disse que ri quando lê na mídia algo como “o Ibama só quer multar, só pensa em multa”. E assegurou que o Ibama tem suficientes recursos orçamentários para cumprir suas tarefas, “não precisando de multas para cumprir o que lhe manda a lei”, mas deixou claro que a mesma lei determina rigor na fiscalização.

Em seguida, informou que foi criado um Grupo de Trabalho integrado por técnicos da Semace e da Superintendência Regional do Ibama, que se reunirá periodicamente para tratar de ações conjuntas, mas também para esclarecer dúvidas sobre o trabalho das duas partes.

Deodato foi questionado sobre algo fora da lei, que é o seguinte: algumas prefeituras municipais estão emitindo, sem qualquer base legal, licença ambiental para pequenos e grandes produtores rurais, incluindo pessoas jurídicas.

“Isto é proibido”, disseram, de novo a uma só voz, os empresários. Essa permissão só pode ser conferida por prefeituras autorizadas pela Semace, e sob condições.

Depois, ele foi indagado sobre a posição do Ibama em relação às flores e plantas ornamentais produzidas e exportadas por cearenses para os EUA e a Europa.

O próprio Deodato Ramalho contou que, muito recentemente, uma pequena empresa exportadora foi impedida de embarcar um de vários contêineres carregados dessas plantas.

“Tivemos de cumprir a lei, e infelizmente isto causou o prejuízo ao exportador”, disse ele, explicando que o Ibama está permanentemente aberto ao diálogo com o setor produtivo do agro. E sugeriu que os exportadores de flores e plantas ornamentais elaborem e encaminhem ao Ibama uma exposição técnica sobre os seus problemas ligados à fiscalização e à legislação do Ibama. Mas logo acrescentou: “Temos de cumprir a Lei”.

Mas o superintendente do Ibama também ouviu as queixas dos empresários, que reclamaram contra o excesso de burocracia do órgão, máxime quando a questão se relaciona ao licenciamento ambiental. Eles reafirmaram que defendem e preservam a natureza, como o faz o agro em todo o país, mantendo as áreas de preservação ambiental. E asseguraram que também respeitam a legislação, mas constantemente estão a sofrer o que consideram exageros da fiscalização.

No fim da reunião, os empresários aplaudiram Deodato Ramalho, que, com um largo sorriso nos lábios, reagiu abraçando a maioria dos presentes.

Para esta coluna, que testemunhou o inédito evento, a reunião de ontem serviu para abrir o diálogo do agro com a liderança do Ibama no Ceará. Caíram por terra alguns mútuos preconceitos, ao mesmo tempo em que se construiu uma ponte de entendimento entre as partes. Foi uma franca manifestação de civilidade e de maturidade política.

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Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

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