O funcionamento dos algoritmos estão ligados ao nosso sistema de recompensa cerebral

Você já percebeu como nossa atenção pode ser facilmente perdida quando chega uma notificação no celular? Ou já se pegou tentando estudar ou trabalhar e sendo atrapalhado por aquela vontade de dar uma olhada no Instagram? Pois é! As redes sociais mexem com o nosso sistema de recompensa cerebral e na coluna desta semana vamos discutir sobre isso e os seus efeitos na produtividade.
O sistema de recompensa nada mais é do que um conjunto de estruturas cerebrais que nos motiva a desenvolver ações e comportamentos que permitem a nossa sobrevivência e o nosso bem-estar. Sua ação está principalmente relacionada à liberação da dopamina, que é um neurotransmissor que está associado com o prazer, motivação e aprendizado.
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É nesse cenário que as redes sociais entram, pois elas foram criadas para justamente atuarem nesse sistema de recompensa. Por exemplo, quando você recebe uma curtida em uma foto ou em um story do Instagram, o núcleo de accumbens (uma região específica do cérebro) recebe sinais de recompensa e libera dopamina, que gera uma sensação de prazer.
A amígdala (sistema mesolímbico), por sua vez, associa essa sensação a algo positivo e isso faz com que reforce a necessidade de repetir esse comportamento. O hipocampo, que está associado com a memória, armazena essa experiência e faz com que essa memória afetiva fique guardada como algo que gostaria que fosse repetido.
E por último, mas não menos importante, o córtex pré-frontal tenta regular o comportamento (de ir ver quem curtiu a foto, por exemplo), mas se a recompensa for intensamente positiva esse controle pode ser enfraquecido fazendo com que você pare por alguns minutos seu estudo ou trabalho para conferir sua rede social.
Com essa explicação neurobiológica, é possível compreender como as redes sociais foram construídas estrategicamente para atuar na modulação desse sistema de recompensa para que os usuários as usem cada vez mais.
É também aqui que entra a questão da produtividade, pois quando estamos tentando focar em uma atividade que exige mais concentração isso pode ser um pouco difícil se tivermos o nosso celular por perto, tendo em vista que o estímulo recebido pela notificação de uma mensagem pode fazer com que você perca a atenção. E mesmo que você não olhe a mensagem fica aquela vontade de conferir quem foi e o que foi, mesmo às vezes sabendo que provavelmente não é algo importante.
Compreender como esses mecanismos dos algoritmos das redes atuam para prender nossa atenção é importante para que possamos entender os nossos limites e como o uso constante dessas mídias pode estar impactando na nossa performance acadêmica ou no trabalho (e até mesmo na vida social).
Por isso, algumas estratégias para conter essas distrações podem ser: controlar os estímulos externos desligando o celular na hora que estiver realizando uma atividade que precise de mais atenção ou guardando em um lugar longe do seu local de trabalho ou até mesmo colocando no modo não perturbe (se você tiver o autocontrole para deixar o celular perto e não usar).
Além de ser importante ter autoconhecimento para saber quais são os gatilhos que podem fazer com que você perca sua atenção, realizar recompensas programadas como comer um docinho após terminar uma tarefa importante. E o principal: encontrar o equilíbrio, pois é claro que você não precisa deixar de usar redes sociais e voltar à época das cavernas, o importante é que você entenda o quanto o uso excessivo de redes sociais pode estar impactando na sua saúde mental e na sua produtividade. E que a partir daí você possa desenvolver estratégias para viver uma vida mais saudável e que respeite os seus limites físicos e mentais.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.
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