Índice foi publicado pela Fiec em parceria com a CNI

O Índice de Inovação dos Estados mostra o Ceará entre as 10 melhores notas do Brasil (7ª colocação), mas algumas áreas estratégicas consideradas no estudo ainda deixam a desejar. É o caso da infraestrutura, aspecto em que o Ceará teve a sua pior colocação e uma queda de três posições em quatro anos, passando da 14ª posição em 2021 para a 17ª em 2025.
Elaborado pelo Observatório da Indústria e publicado pela Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o índice estrutura-se em duas dimensões: capacidades e resultados.
“A dimensão de capacidades propõe mensurar os fatores que possibilitam a ocorrência de inovação”, diz o estudo. É dentro dessa dimensão que está a infraestrutura.
O desempenho negativo do Ceará nesse indicador está relacionado a fatores como a má conservação das estradas e à baixa velocidade da internet no Estado, o que contrasta com o fato de o Ceará ser um hub mundial de fibra óptica.
Das 13 variáveis avaliadas no componente de infraestrutura, o Estado registra lacunas especialmente nas áreas de conectividade digital e logística, segundo o gerente do Observatório da Indústria do Ceará, Guilherme Muchale.
Para entender sobre o panorama desse componente que impede o Ceará de ser um estado mais inovador, a coluna se debruçou sobre algumas dessas variáveis, com análises de especialistas e órgãos competentes.
Veja o ranking de infraestrutura
- Rio de Janeiro
- São Paulo
- Rio Grande do Sul
- Paraná
- Distrito Federal
- Santa Catarina
- Espírito Santo
- Minas Gerais
- Alagoas
- Maranhão
- Mato Grosso do Sul
- Pernambuco
- Pará
- Goiás
- Rio Grande do Norte
- Rondônia
- Ceará
- Sergipe
- Piauí
- Paraíba
- Mato Grosso
- Bahia
- Acre
- Amapá
- Tocantins
- Roraima
- Amazonas
Veja as 13 variáveis consideradas para avaliar a infraestrutura:
- Acesso à internet banda larga;
- Velocidade média da conexão banda larga;
- Cobertura de municípios com fibra ótica;
- Número de parques tecnológicos;
- Número de incubadoras;
- Número de aceleradoras;
- Área territorial;
- População;
- Participação das rodovias classificadas como boas ou ótimas no total de quilômetros de rodovias;
- Volume de carga paga por transporte ferroviário de origem e destino;
- Volume de carga paga por aeroporto de origem e destino;
- Número de assentos disponíveis por aeroporto de origem e destino;
- Peso líquido da carga de transporte por portos.
Ceará precisa avançar em conectividade e logística
Guilherme Muchale afirma que o indicador de infraestrutura ainda é um desafio para o Estado. “Nesse caso, o avanço passa por melhorar a conectividade digital (maior acesso em domicílios, escolas, etc.) e logística, que são quesitos básicos para atrair negócios de maior intensidade tecnológica”, explica.
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Ele reforça que o poder público tem o papel de criar as condições estruturais e regulatórias, enquanto o setor privado é quem de fato transforma essas condições em negócios e empregos.
“No Ceará, iniciativas como parques tecnológicos, editais de fomento e programas de aceleração já mostram esse esforço de integração, mas é essencial ampliar a escala e a cooperação entre governo, universidades e empresas”, avalia.
A coluna também solicitou à Fiec as notas de cada uma das variáveis, mas não houve retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.
Ceará está entre os 10 primeiros em acessos de Banda Larga Fixa, mas a velocidade da rede deixa a desejar
De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o Ceará teve cerca de 1,9 milhão de acessos de Banda Larga Fixa em junho de 2025.
O dado coloca o Estado como oitavo maior número de acessos do País e segundo maior do Nordeste, atrás apenas da Bahia, com 2 milhões de acessos no período. No Brasil, foram 52,9 milhões de acessos via Banda Larga Fixa.
Quando se trata de velocidade da internet, entretanto, o Ceará tem a oitava pior média do País, com 389,18 Mbps (megabits por segundo). Nessa categoria, também conforme a Anatel, o Maranhão é o líder da região Nordeste, com 479,7 Mbps. Em seguida está o Piauí, com 441,2 Mbps e o Ceará aparece em terceiro lugar na região.
Além disso, a Anatel também disponibiliza o Índice Brasileiro de Conectividade (IBC), que considera, entre outros indicadores, a cobertura populacional de 4G e 5G (com notas de 0 a 100). Nesse indicador, o Ceará alcançou 90,39. Os dados mais recentes são de 2024.
Além da cobertura populacional com 4G e 5G, o IBC também considera componentes como densidade de teelfonia móvel, de banda larga fixa, presença de fibra e cobertura de área agricultável, por exemplo. O Estado teve o melhor IBC do Nordeste e ocupa a 9ª posição no ranking brasileiro, com nota 64,34.
Infraestrutura rodoviária
De 3.772 quilômetros de rodovias em solo cearense analisados na mais recente Pesquisa CNT de Rodovias, da Confederação Nacional do Transporte (CNT), apenas 48km (ou 1,3%) estão em ótimo estado. Além disso, 20% está em situação ruim ou péssima.
O coordenador do Núcleo de Infraestrutura da Fiec, Heitor Studart, avalia que os principais gargalos da infraestrutura no Estado e que afetam a produtividade do setor na economia são a falta de integração entre os modais e a situação de conservação das rodovias.
“Hoje, as rodovias respondem por 65% do transporte de carga pesada no País e no Ceará também, na região Nordeste. Essas rodovias, há tempos, vêm sendo classificadas como irregulares, ruins ou péssimas. Isso é um problema sério”, destaca Heitor Studart.
Além disso, ele enfatiza a problemática da falta de integração nacional da malha viária. “Não há no Brasil um programa contínuo de integração nacional, de conservação das rodovias, integração logística, um planejamento que perpasse os governos e que seja contínuo”.

Ele lembra que atualmente o Governo Federal está elaborando um plano nacional de logística. “Inclusive deve ter um evento da Fiec conjuntamente com o Ministério dos Transportes, aprofundando a coleta de dados, com origem e destino de cargas, para darmos nossa contribuição a esse plano nacional”.
Apesar de não estar diretamente nos aspectos considerados para a composição do item de infraestrutura no estudo do Observatório, Heitor lembra que a infraestrutura hídrica também é um ponto relevante. ”
É muito importante termos ações permanentes de segurança hídrica, desde o término do projeto de integração do São Francisco, ramal do Salgado, Malha D’Água e outros projetos que afetam profundamente a infraestrutura do Ceará”.

Obras rodoviárias em andamento
A coluna procurou a Superintendência de Obras Públicas (SOP) sobre a situação das estradas. Em nota, a SOP informou que, de janeiro de 2023 até o momento, “foram entregues 487 km de rodovias que passaram por alguma melhoria, entre trechos pavimentados, duplicados, restaurados, ou integrados com a implantação de novas estruturas, como ciclovias, abrigos de parada de ônibus, retornos, alças de acesso, passagens molhadas etc”.
Há, no momento, 653,5 km de obras rodoviárias no Ceará em andamento.
“Isso representa o aporte de R$ 1,91 bilhão para modernizar a malha viária do estado, proporcionando aos usuários das estradas uma trafegabilidade que promove mais segurança viária e torna mais eficientes o transporte de passageiros e o escoamento de produtos”, pontua ainda a SOP. Veja a nota completa no fim deste texto.
A Secretaria da Infraestrutura do Ceará gerencia, atualmente, 65 obras que estão em andamento em 30 municípios, com investimento de R$ 248,7 milhões.
Essas obras envolvem “internalização de redes elétricas e de telecomunicação; expansão e reforço de redes; construção de novas redes de alta tensão para atender os setores do agronegócio, do turismo e da indústria, além de ampliar o acesso em cidades do Ceará, com ligação de escolas, hospitais, rodoviárias, dentre outros equipamentos para benefício da população”. Veja a nota completa no final deste texto.
Modal aéreo: movimentação de passageiros e de cargas
De acordo com dados disponibilizados pela Fraport no site da companhia, houve um crescimento de 15 mil passageiros domésticos no Aeroporto de Fortaleza entre maio e junho deste ano. Já o número de passageiros internacionais teve um acréscimo de 402 passageiros no período.
A movimentação de cargas pelo moral aéreo, por sua vez, teve queda de 6% entre maio e junho, passando de 3,8 mil toneladas para 3,6 mil toneladas.

Segundo o titular da Secretaria do Turismo do Ceará, Eduardo Bismarck, a Pasta tem trabalhado na ampliação tanto de voos domésticos quanto internacionais.
“Aeroporto de Fortaleza, Jericoacoara e Juazeiro do Norte, todos esses recebem voos de carreira e estão registrando crescimentos. Este ano, já foram anunciados pelo governador Elmano quatro novos voos internacionais partindo ou chegando na nossa Capital”.
“Tivemos uma ampliação de pelo menos 15% na disponibilidade de assentos na Latam nos meses de abril, maio e junho, o que é muito significativo porque é uma época de baixa estação”, exemplifica Bismarck. Além disso, ele afirma que a Gol pode ultrapassar em 30% a disponibilidade de assentos disponíveis para Fortaleza.
Leia nota completa da SOP
“A Superintendência de Obras Públicas (SOP) informa que, de janeiro de 2023 até o momento, foram entregues 487 km de rodovias que passaram por alguma melhoria, entre trechos pavimentados, duplicados, restaurados, ou integrados com a implantação de novas estruturas, como ciclovias, abrigos de parada de ônibus, retornos, alças de acesso, passagens molhadas etc. Já com relação a obras rodoviárias em andamento, são 653,5 km.
Isso representa o aporte de R$ 1,91 bilhão para modernizar a malha viária do estado, proporcionando aos usuários das estradas uma trafegabilidade que promove mais segurança viária e torna mais eficientes o transporte de passageiros e o escoamento de produtos
Além desses investimentos, entre 2023 e 2024, aproximadamente R$ 220 milhões foram aplicados exclusivamente para a manutenção e correção de 625,6 km de segmentos rodoviários, por meio do Programa de Recuperação Funcional das Estradas, coordenado pela SOP.
Dos 13,9 mil km das rodovias estaduais cearenses, 9,24 mil km são asfaltados e 94,68% das CEs apresentam qualidade boa ou regular, de acordo com o Levantamento Visual Contínuo (LVC) que a SOP realiza anualmente”.
Leia nota completa da Seinfra
“A Secretaria da Infraestrutura do Ceará (Seinfra) tem trabalhado para o desenvolvimento da infraestrutura de redes elétricas por meio do Programa de Investimentos Especiais (PIE), que é o único programa de investimentos com participação do governo estadual dentre os estados brasileiros. De janeiro de 2023 a julho de 2025, as obras realizadas através desse programa somam R$ 35,03 milhões.
Atualmente, a Seinfra gerencia 65 obras em andamento, com investimento de R$ 248,7 milhões em mais de 30 municípios cearenses, que envolvem internalização de redes elétricas e de telecomunicação; expansão e reforço de redes; construção de novas redes de alta tensão para atender os setores do agronegócio, do turismo e da indústria, além de ampliar o acesso em cidades do Ceará, com ligação de escolas, hospitais, rodoviárias, dentre outros equipamentos para benefício da população.
A Seinfra também presta suporte à Superintendência de Obras Públicas (SOP) na adequação de redes elétricas nas rodovias reformadas e na ligação de unidades de grande porte, como o Hospital Universitário do Ceará (HUC), inaugurado em março deste ano. Outras grandes obras incluem a construção de subestações de grande porte para o HUC; para a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, que abrigará o HUB de Hidrogênio Verde e os grandiosos projetos de Data Centers; e para o Projeto Malha D’água, em Banabuiú, além de outras ainda em planejamento.
A Seinfra reafirma seu compromisso em planejar, coordenar e executar ações que fortaleçam a infraestrutura do Estado, promovendo avanços que beneficiem diretamente a população e criem condições favoráveis ao desenvolvimento econômico e social. O trabalho constante da secretaria busca garantir mais eficiência, qualidade e sustentabilidade aos serviços e estruturas, contribuindo para um Ceará cada vez mais preparado para receber investimentos e gerar oportunidades”.
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