Notícias

Empreendedor vs empregados: um diálogo necessário

Nos últimos dias, o vídeo do empreendedor Tallis Gomes em debate com 30 ex-funcionários ganhou grande repercussão. Não apenas pela intensidade das falas, mas porque expõe, de forma crua, um dilema presente em qualquer organização: a distância entre quem lidera e quem executa.

Escrito por
Delania Santosds@delaniasantos.com
03 de Setembro de 2025 – 07:03

(Atualizado às 07:04)
Legenda: Empresas e profissionais olham para o mesmo cenário com lentes diferentes, muitas vezes se posicionando em lados opostos
Foto: Shutterstock

Nos últimos dias, o vídeo do empreendedor Tallis Gomes em debate com 30 ex-funcionários ganhou grande repercussão. Não apenas pela intensidade das falas, mas porque expõe, de forma crua, um dilema presente em qualquer organização: a distância entre quem lidera e quem executa.

Este texto não busca apontar “quem tem razão”, mas provocar uma reflexão sobre alinhamento, empatia, respeito e, sobretudo, compromisso.

O conflito entre resultados e pessoas

De um lado, a lógica empresarialresultados, sustentabilidade, viabilidade. A liderança muitas vezes precisa tomar decisões difíceis para manter o negócio de pé, carregando o peso de escolhas impopulares.

Do outro, a voz dos colaboradores: frustração, emoções, busca por justiça e reconhecimento. Para quem é desligado, a experiência não se resume a números, mas a pertencimento perdido, expectativas quebradas e trajetórias interrompidas.

Esse embate revela uma verdade desconfortável: empresas e profissionais olham para o mesmo cenário com lentes diferentes, muitas vezes se posicionando em lados opostos.

É justamente nesse choque que mora a oportunidade de evolução. Para prosperar, empresas e pessoas precisam reconhecer a interdependência entre seus papéis e buscar uma linguagem comum, mesmo partindo de perspectivas distintas.

O início de tudo! Seleção, integração e desafios do RH

É comum ouvir de gestores de Recursos Humanos relatos sobre a batalha diária para atrair e reter talentos. Muitas vezes, o processo está bem desenhado, mas não é executado corretamente. Isso acontece principalmente por dois motivos:

  1. O gestor se coloca à margem do processo, acreditando que “isso é coisa do RH” e que sua única função é receber o profissional pronto para atuar; ou
  2. Pela urgência operacional, ele burla etapas, na ilusão de que alguns detalhes podem ser deixados de lado.

O resultado? Processos de seleção frágeis, integração superficial e profissionais rapidamente insatisfeitos. E há mais: a diversidade geracional exige desaprender hábitos, adaptar linguagens e dialogar com sensibilidade.

Além disso, formar líderes capazes de lidar com essas novas demandas é um desafio constante para os gestores de RH.

Enfim, há muito a fazer. Mas algumas ações simples podem prevenir ressentimentos e rupturas.

 

Veja também

 

O que as empresas podem fazer?

O empreendedor tem um papel importante nesse processo e o principal é reconhecer que as relações de trabalho mudaram. As novas necessidades, ambições e modelos de trabalho exigem um pensamento mais estratégico para atrair profissionais qualificados e alinhados à cultura da empresa. Além disso, é importante:

  • Realizar processos de atração, seleção e integração transparentes e bem estruturados.
  • Preparar líderes para oferecer feedbacks contínuos e conduzir conversas difíceis.
  • Criar planos de desenvolvimento que deixem claros o futuro e as possibilidades de crescimento.
  • Manter canais de comunicação abertos, reforçando a confiança e o ambiente seguro psicologicamente.
  • Cuidar da jornada do funcionário! Se ele já recebeu vários feedbacks e, mesmo com o suporte, não está performando, é importante pensar no momento da transição. Como apoiar esse funcionário a reingressar no mercado de trabalho?
  • Oferecer feedback transparente e respeitoso no momento do desligamento, pois o silêncio é o principal vilão para quem deixa a empresa. Essa incógnita prejudica o profissional nos próximos passos. Fica sempre o questionamento: por que isso aconteceu comigo?

Segundo Tallis Gomes, “demitir é te fazer um favor”, já que daria ao colaborador a chance de se reinventar. Mas será que é mesmo assim? Imagine um profissional que passou mais de dez anos na mesma empresa e, de repente, é desligado.

O impacto dessa saída pode ser devastador: estará ele preparado para reagir? Como chamar de “favor” quando esse profissional nunca recebeu feedback, não foi capacitado e tampouco teve tempo para construir um plano B?

A demissão envolve variáveis complexas demais para ser reduzida a uma frase de efeito. Cada indivíduo sente de forma diferente e cabe ao empresário e ao líder conduzir os processos organizacionais com responsabilidade, medindo o impacto de cada decisão.

O que os profissionais podem fazer?

Lembro-me de uma palestra durante a qual eu disse que “não precisamos amar o que fazemos para fazer bem-feito!”, basta que tenhamos um objetivo claro. A plateia demonstrou incômodo, mas continuei: “precisamos, muitas vezes, fazer bem-feito o que não gostamos para construir o caminho para os nossos sonhos!”.

Acredito que o grande desafio de alguns profissionais de hoje é a falta de perspectiva e de coragem para assumir o protagonismo para conquistar.

Para quem já vive esse protagonismo, um reforço; para quem precisa de ânimo, um ponto de partida. Eis atitudes essenciais:

  • Assumir responsabilidade pela própria carreira, resultados e desenvolvimento.
  • Comunicar expectativas de forma clara desde o início.
  • Buscar alinhamento constante com a liderança.
  • Estar aberto a aprender, desafiar-se e construir relações de confiança.
  • Entregar resultados consistentes e se posicionar com transparência.
  • Se foi demitido e não recebeu feedback, peça! Procure o gestor ou o RH para entender os motivos.

Se você foi demitido…

…e está se sentindo frustrado, saiba que esse sentimento é legítimo! Dependendo de como essa transição foi feita, a recuperação pode demorar. Embora acredite que esse momento pode ser um ponto de virada, cabe ao indivíduo respeitar o seu momento e procurar ajuda. A demissão não é o fim, mas o início de uma etapa de maior consciência, desenvolvimento e direcionamento de carreira.

Pergunte-se a si: se você pudesse voltar no tempo, faria algo diferente? Se sim, por quê? Refletir sobre isso o ajudará a evoluir profissionalmente, a entender os verdadeiros motivos do término da relação de trabalho e, o mais importante, a definir o que você realmente deseja daqui para frente. Mas, cuidado! Reflita para avançar e não para se culpar!

Por fim…

Negócios sustentáveis não se constroem sobre silêncios ou frustrações. Eles florescem quando há transparência, espaço para desenvolvimento, resultados, dignidade e escuta. Todos esses elementos podem caminhar juntos e o mais importante: empresários não são inimigos de empregados, isso não existe!

A sinergia entre ambos permite construir, lado a lado, um futuro melhor.

Nesta coluna, trarei reflexões sobre carreira, liderança, coaching e tendências que impactam o mundo do trabalho. Sua participação é muito bem-vinda! Comente, envie sua pergunta ou fale comigo pelo Instagram: @delaniasantosds. Aproveite para se inscrever no canal do YouTube: @delaniasantosds. Será um prazer ter você comigo nessa jornada. Até a próxima!

Avatar

Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

Adcionar comentário

Clique aqui para postar um comentário