Notícias

Após morte de duas detentas, Defensoria Pública denuncia tortura em penitenciária feminina do Amapá

A Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP) denunciou uma rotina de torturas e negligências que as detentas sofrem na Coordenadoria da Penitenciária Feminina (Copef) do Amapá. A situação foi identificada após a morte de duas mulheres da unidade. 

Relatório revelou diversas violações aos direitos humanos, como práticas de tortura física e psicológica

Escrito por
Redaçãoproducaodiario@svm.com.br
15 de Setembro de 2025 – 17:22

Imagens divulgadas pela Defensoria Pública do Amapá sobre negligências na Coordenadoria da Penitenciária Feminina
Legenda: Defensoria solicitou a dedetização de pragas, higienização das alas e demais áreas
Foto: Divulgação/Defensoria Pública do Amapá

Defensoria Pública do Amapá (DPE-AP) denunciou uma rotina de torturas e negligências que as detentas sofrem na Coordenadoria da Penitenciária Feminina (Copef) do Amapá. A situação foi identificada após a morte de duas mulheres da unidade.

O órgão protocolou uma Ação Civil Pública (ACP) com o objetivo de barrar a violação de direitos na prisão feminina. Foi contatado que uma policial penal teria dito para as detentas que “só vão sair quando morrer, no carro da tumba”.

No dia 5 de setembro, a tutela de urgência foi deferida parcialmente, mas instituição segue aguardando o julgamento do mérito em juízo.

 

Veja também

 

Práticas de tortura física e psicológica

Uma inspeção foi realizada na Copef no dia 25 de agosto, devido ao falecimento de uma detenta no dia 21 do mesmo mês. Na visita, encontraram irregularidades estruturais e indícios de negligências e torturas.

O segundo óbito foi registrado no dia 1º de setembro, quando também teria ocorrido uma falta de assistência médica adequada.

Após a vistoria, o relatório revelou cenário de violações aos direitos humanos, como:

  • Práticas de tortura física e psicológica, como o uso abusivo de spray de pimenta;
  • Castigos humilhantes e revistas íntimas degradantes, inclusive com presença masculina;
  • Restrições arbitrárias de acesso à Defensoria;
  • banho de sol limitado em horários cruéis e punições coletivas como a retirada de televisores e livros.

Além disso, diversas condições estruturais estavam precárias, comprometendo a higiene das detentas, principalmente durante a menstruação. Dentre os problemas, estão:

  • O fornecimento de água é racionado e contaminado;
  • Acesso limitado à saúde, com ausência de médicos e medicamentos;
  • Superlotação, com infestação de pragas;
  • Alimentação precária.

Reestruturação da unidade

Com isso, a Defensoria solicitou a reestruturação da unidade, assim como a regularização da alimentação e do atendimento médico. Para isso, pediu novas inspeções e laudos atualizados.

Dentre outros pedidos, estão:

  • Dedetização de pragas, higienização das alas e demais áreas;
  • Fornecimento de água potável;
  • Atendimento médico adequado;
  • Alimentação suficiente e de qualidade;
  • Coleta regular de lixo;
  • Distribuição contínua e em quantidade adequada de kits de higiene (com destaque para absorventes);
  • Garantia de banho de sol diário em horário apropriado;
  • Inspeção da Vigilância Sanitária com emissão de laudo técnico que aponte as adequações necessárias para assegurar condições mínimas de higiene e saúde;
  • Apresentação do alvará de funcionamento e da licença sanitária da unidade prisional.

Alguns pedidos já foram deferidos, como a realização de exames médicos abrangentes em todas as detentas no prazo de 10 dias, e a disponibilização imediata das filmagens de todos os ambientes do Copef dos últimos dois meses para anexação do processo.

Avatar

Carlos Alberto

Oi, eu sou o Carlos Alberto, radialista de Campos Sales-CE e apaixonado por futebol. Tenho qualidades, tenho defeitos (como todo mundo), mas no fim das contas, só quero viver, trabalhar, amar e o resto a gente inventa!

Adcionar comentário

Clique aqui para postar um comentário